Navegação

Página Inicial
Livros de Alice Bailey

Telepatia e o Veículo Etérico


III. OS TRÊS TIPOS DE TELEPATIA

Vamos discutir agora, mais ou menos detalhadamente, os três tipos de telepatia mencionados anteriormente: telepatia instintiva, telepatia mental e telepatia intuitiva. Esses três produzem diversas formas de atividades e utilizam diferentes áreas de comunicação.

1. A telepatia instintiva baseia-se naqueles impactos de energia que vêm de um corpo etérico e provocam uma impressão sobre outro. O meio de comunicação empregado é, conforme se observou, a substância etérica de todos os corpos, que é necessariamente uma com a substância etérica do planeta. A área em torno do plexo solar (embora não em direta relação com esse centro, já que ele existe com um instrumento distinto de todos os outros instrumentos ou centros) é sensível ao impacto da energia etérica, pois essa área do corpo etérico está em "contato" direto com o corpo astral, o corpo do sentimento. Além disso, bem perto do plexo solar encontra-se aquele centro perto do baço que é o instrumento direto de introdução do prana no mecanismo humano. Essa resposta instintiva ao contato etérico foi o processo de comunicação predominante nos tempos lemurianos e foi usado em grande parte no lugar do pensamento e da fala. Envolvia principalmente dois tipos de impressão: o instinto da autopreservação e o da autorreprodução. Uma forma mais elevada dessa telepatia instintiva foi preservada na expressão que usamos tão frequentemente: "Eu tenho a sensação de que..." e construções semelhantes. Têm elas implicações definitivamente astrais e atuam através da substância astral, utilizando a área do plexo solar como placa sensível ao impacto e à impressão.

Convém esclarecer, aqui, um ponto a respeito do qual vocês elevem refletir. Essa sensibilidade astral (não etérica), ou "telepatia que se sente" foi basicamente um tipo de comunicação dos atlantes e consistia em empregar, em última análise, o próprio centro do plexo solar como agente receptor, o agente emissor (se é que posso usar tal expressão) atuava através de toda a área do diafragma. Era como se emergisse dessa parte do veículo humano um conjunto de forças ou de ondas centrífugas de energia. A área relativamente ampla, a partir da qual a informação era enviada, atuava como um amplo distribuidor geral; entretanto, a área que recebia a impressão estava mais delimitada, já que envolvia apenas o plexo solar. A razão disso explica-se pelo fato de que, na época atlante, o ser humano ainda era incapaz de pensar, nos moldes segundo os quais entendemos o pensamento. É difícil para nós entender que toda a parte inferior do corpo estava entregue às sensações. A única contribuição mental do comunicador era o nome do receptor, além do nome ou forma substantiva da ideia a ser transmitida. Esse pensamento embrionário dirigia-se à sua meta e o poderoso mecanismo "sensorial" do plexo solar recebia-o (atuando como um imã) e atraía fortemente tal “impressão sensorial”, extraindo-a do comunicador. Esse é o processo que se produz quando, por exemplo, uma mãe "pressente" que algum perigo ameaça seu filho, ou que algo está-lhe acontecendo. Desse modo, ela se torna assim, muitas vezes, capaz de enviar, por meio do amor instintivo, um aviso mais definido. O plexo solar está envolvido no que se refere ao receptor, já a área ao redor do diafragma acha-se envolvida no que concerne ao comunicador.

2. Em nossa raça ariana, o trabalho com a telepatia instintiva constitui ainda a principal expressão dessa possibilidade espiritual, mas, ao mesmo tempo, a telepatia mentalestá prevalecendo cada vez mais e se tornará cada vez mais evidente, à medida que o tempo passar. Nesse período de transição, é mais difícil definir ou diferenciar as áreas particularmente envolvidas, porque o plexo solar ainda está excessivamente ativo. O que se tem hoje em dia é uma mescla de telepatia instintiva e o começo de uma telepatia mental. Todavia, essa se manifesta muito raramente, e mesmo assim apenas nas classes cultas. Entre as massas, a telepatia instintiva é ainda a forma de contato. No que se refere á telepatia mental, o centro laríngeo é o que está essencialmente envolvido; às vezes, há também pequena atividade do centro cardíaco e sempre certa reação do plexo solar. Daí o nosso problema. Frequentemente o comunicador enviará uma mensagem via centro da garganta, e o receptor ainda usará o plexo solar. Esse é o método mais comum, e eu lhes pediria que se lembrassem disso. O envio de uma mensagem pode efetuar-se mediante o centro laríngeo (o que ocorre frequentemente, entre os discípulos), mas o receptor provavelmente usará o centro do plexo solar. O centro da garganta é, por excelência, o centro ou o meio de todo trabalho criativo. Os centros cardíaco e laríngeo, porém, deverão, afinal, ser usados em conjunto. Apresentei já, anteriormente, a razão disso nas seguintes palavras:

"Apenas do centro cardíaco podem fluir, na realidade, as linhas de energia vinculadoras e unificadoras. Foi por esse motivo que eu prescrevi certas meditações que estimulam o centro cardíaco à ação, ligando tal centro (que se encontra entre as omoplatas) ao coronário (localizado no centro da cabeça), mediante a correspondência superior com o centro cardíaco (o lótus de mil pétalas). Esse centro cardíaco, quando devidamente magnético e irradiante, une os discípulos uns com os outros e a todo o mundo. Isso acarretará também aquela interação telepática que deve ser ardentemente desejada e que é tão construtivamente útil à Hierarquia espiritual - contanto que ela se estabeleça 19 dentro de um grupo de discípulos empenhados e dedicados ao serviço da humanidade. Então pode-ser-á confiar neles".

3. A telepatia intuitiva é um dos desenvolvimentos que se obtêm no Caminho do Discipulado - um dos frutos da verdadeira meditação. As áreas envolvidas são a do centro coronário e a do centro laríngeo, e os três centros que se tornarão ativos no processo são o centro da cabeça, que é receptivo às impressões das fontes mais elevadas, e o centro ajna, que é o receptor das impressões intuitivas idealistas. Esse centro ajna pode então ''irradiai1' aquilo que é recebido e reconhecido, usando o centro da garganta como formulador criativo do pensamento e o fator que corporifica a ideia sentida ou intuída.

Portanto, tornar-se-á cada vez mais evidente a necessidade de se ter um conhecimento mais completo da atividade dos centros, do modo como são considerados na filosofia hindu; e até que haja uma real compreensão do papel que o corpo vital desempenha como transmissor e como receptor de sentimentos, pensamentos e ideias, haverá pouco progresso na compreensão correta dos métodos de comunicação.

Existe um paralelo interessante entre os três tipos de trabalho telepático, suas três técnicas de realização e as três grandes formas de comunicação na Terra:

Telepatia instintiva viagem de trem - estações em toda parte - telegrafo
Telepatia mental - viagem marítima, portos na periferia de todas as regiões - telefone
Telepatia intuitiva - viagem aérea, campo de aterrissagem - rádio

Aquilo que se passa com a consciência humana sempre se exterioriza ou encontra sua analogia no plano físico, e, portanto, está ligado ao desenvolvimento da sensibilidade à impressão.

Ainda há outra maneira de se encarar a questão da resposta entre as áreas transmissoras e receptoras da consciência. Seria interessante enumerar as etapas desse processo. Como ainda é pouco o que se pode colocar em prática, muita coisa deve permanecer no plano teórico. Não obstante, visando à instrução geral de vocês, passo a enumerar as várias formas de trabalho telepático:

1. Trabalho telepático de plexo solar para plexo solar. Esse é um tópico do qual já tratamos. Está intimamente relacionado com o sentimento. Nele, pouco ou nada do pensamento está envolvido; refere-se às emoções (medo, ódio, desgosto, amor, desejo, e muitas outras reações puramente astrais) e realiza- se de forma instintiva na região abaixo do diafragma.

2. Trabalho telepático de mente para mente. Esse já começa a ser possível, e muito mais pessoas do que imaginamos são capazes de realizar tal tipo de comunicação embora não saibam de onde vêm as várias impressões mentais e isso aumenta enormemente a complexidade da vida nessa época e multiplica o problema mental de milhares de indivíduos.

3. O trabalho telepático de coração para coração. Esse tipo de impressão é a sublimação da resposta "sentimento" registrada anteriormente na escala da evolução do plexo solar. Abarca apenas as impressões grupais e constitui a base da condição exposta na Bíblia quando faz menção do maior Sensitivo que a humanidade jamais produziu, o Cristo. Lá, refere-se a Ele como "um Homem de dores e que conheceu o padecimento", mas isso não implica nenhuma dor ou sofrimentopessoal. É simplesmente a consciência da dor do mundo e o peso do sofrimento com o qual se debate a humanidade. "Sentir-se irmanado com o sofrimento do Cristo" é a reação do discípulo ante as mesmas condições do mundo. Esse é o verdadeiro "coração dilacerado" e ainda é algo muito raro de se encontrar. O que se conhece normalmente como coração dilacerado é literalmente um plexo solar rompido, acarretando, consequentemente, o desequilíbrio do sistema nervoso. Na verdade, isso se deve a uma falha em não se saber trabalhar no nível da alma.

4. Trabalho telepático dealma para alma. Para a humanidade, esse é o tipo mais elevado de trabalho possível. Quando o homem, como alma, começa a responder a outras almas e a seus impactos e impressões, então rapidamente torna-se pronto para o processo que a conduz á iniciação.

Há outros tipos de possibilidades telepáticas que eu gostaria de mencionar para vocês. Eles só são possíveis quando os quatro grupos de impressão telepática mencionados acima começam a constituir parte consciente da experiência do discípulo.

5. Trabalho telepático entre alma e mente. Essa é a técnica por meio da qual a mente "é mantida firme na luz". Com isso, esta toma conhecimento do conteúdo inato da consciência da alma, inerente àquilo que é parte da vida grupal da alma em seu próprio nível, e quando se acha em comunicação telepática com outras almas (conforme se mencionou no quarto subtítulo). Esse é o verdadeiro significado da telepatia intuitiva. Através desse sistema de comunicação, a mente do discípulo é fertilizada com ideias novas e espirituais; ele se torna consciente do grande plano e sua intuição é despertada. Deve-se, aqui, ter em mente um ponto que é muitas vezes esquecido: o influxo das novas ideias a partir dos níveis búdicos, despertando a intuição do discípulo, indica que sua alma está começando a se integrar, consciente, e identificar-se menos e menos com os reflexos inferiores, ou seja, com a personalidade. Essa sensibilidade mental e essa relação entre a alma e a mente permanecem em estado rudimentar no plano mental por um longo tempo. Aquilo que se pressente permanece muito tempo vago e muito abstrato para ser formulado. Esse é o estágio da visão e da revelação místicas.

6. Trabalho telepático entre alma, mente e cérebro. Nesse estágio, a mente ainda continua sendo o receptor da impressão da alma, mas, por sua vez, ela se torna um "agente transmissor' ou comunicador. As impressões recebidas da alma, e as intuições registradas através dela, procedentes da Tríade Espiritual, são agora formuladas em pensamentos; as idéias vagas e as visões até então não expressas podem agora ser revestidas com uma forma e enviadas ao cérebro do discípulo como formas de pensamento corporificadas. No tempo oportuno, e como resultado de treinamento técnico, o discípulo pode, por esse meio, atingir a mente e o cérebro de outros discípulos. Esse é um estágio sumamente interessante. Constitui ele uma das maiores recompensas da correta meditação e implica uma grande e real responsabilidade. Vocês encontrarão maiores informações sobre este estágio da telepatia em meus outros livros, particularmente em Um Tratado de Magia Branca .

O que mencionei até aqui é praticamente tudo o que diz respeito ao homem em seu próprio trabalho, treinamento e contatos individuais internos. Entretanto, há toda uma gama de contatos telepáticos que deveria ser considerada porque eles constituem a meta para a humanidade.

7. Trabalho telepático entre um Mestre (ponto focal de um grupo) e o discípulo no mundo. Constitui verdade ocultista o fato de que nenhum homem é realmente admitido no grupo de um Mestre, como discípulo já aceito, até que ele tenha se tornado espiritualmente impressionável e possa funcionar como mente em colaboração com a sua própria alma. Antes disso, ele não pode constituir parte consciente de* um grupo que atua nos planos internos, reunido em torno de uma força personalizada, o Mestre; nem pode trabalhar, de alguma forma, como alma consciente, então o Mestre pode começar a impressioná-lo com as ideias grupais através de sua própria alma. Depois ele se manterá por certo tempo na periferia do grupo. Finalmente, à medida que a sua sensibilidade espiritual aumenta, pode ser definitivamente impressionado pelo Mestre, sendo-lhe ensinada, então, a técnica de contato. Mais tarde, o grupo de discípulos, atuando como um pensamento-forma sintético, poderá atingi-lo, e então ele, automaticamente, torna-se um deles. Para os que possuem o verdadeiro sentido esotérico, o que se disse acima transmitirá uma boa quantidade de informação, até então oculta.

8. Trabalho telepático entre um Mestre e Seu Grupo. Este é o modo de trabalho por meio do qual um Mestre treina seus discípulos e trabalha através deles, impressionando-os simultaneamente com uma ideia ou um aspecto da verdade. Pela observação de suas reações Ele pode avaliar a atividade conjunta do grupo e a simultaneidade de suas respostas.

9. Trabalho telepático entre grupos subjetivos e objetivos. Eu não me refiro aqui ao contato entre um grupo interno de discípulos, atuando conscientemente em níveis subjetivos, nem à forma externa que tal grupo assume. Refiro-me, sim, a um grupo interno e a um grupo ou grupos externos diferentes. Esses grupos, em ambos os níveis, podem ser bons ou maus, de acordo com a qualidade ou a categoria de seus componentes e de seus motivos. Isso abre um largo campo de contatos e é uma das maneiras segundo as quais a Hierarquia de Mestres trabalha, como seres individuais. Entretanto, não é possível para grupos no plano externo responder a esse tipo de contato até que todos os seus membros tenham tido o centro cardíaco despertado. Com relação a isso, um ponto muito interessante deveria ser observado. O despertar do centro cardíaco indica exclusividade, apreciação e contato grupais, assim como pensamento de grupo e vida em atividade grupal. A menos, porém, que o centro da cabeça também esteja desperto e ativo, a alma não é capaz de exercer controle, e essa atividade cardíaca não é necessariamente o que chamamos uma atividade boa ou espiritual. Ela é bastante impessoal, assim como o sol, do qual o coração é, como se sabe, o símbolo. Ele brilha igualmente sobre o bom e o mau; e a atividade grupal, como resultado do despertar do coração pode incluir tanto os maus como os bons grupos. Por conseguinte, vocês podem perceber a necessidade de se despertar o centro da cabeça e de deixar que ele controle o aspecto alma. Daí a ênfase colocada na formação do caráter e a necessidade da meditação.

10. Trabalho telepático entre a Hierarquia de Mestres, como um grupo, ou de uma parte da Hierarquia e grupos de discípulos. Pouca coisa posso dizer-lhes a esse respeito e mesmo assim vocês não iriam ou não poderiam compreender. O experimento que estamos realizando agora, em conexão com o Novo Grupo de Servidores do Mundo, está relacionado com esse método de trabalho telepático.

Algumas dessas formas de trabalho telepático têm, inevitavelmente, seus reflexos distorcidos no plano físico. É preciso que você se disponham a refletir sobre isso e procurem identificar as correspondências entre eles. O que é a "psicologia de massa" com o seu caráter de irracionalidade e a sua cega atividade, senão uma reação da massa às impressões do plexo solar transmitida de grupo para grupo? O que é a chamada "opinião pública" a não ser vagas relações mentais da massa humana que começa a tatear o seu caminho mental, até à atividade e atuação das mentes mais ativas e mais poderosas? As palavras escritas ou faladas não são em si mesmas adequadas para avaliar a manifestação da moderna opinião tal como a temos hoje. O que é essa informação tida como precisa, que circula tão rapidamente entre as raças selvagens, senão uma expressão dessa telepatia instintiva que emprega o corpo vital e os fluidos prânicos como meios de expressão?

Início