VISÃO CÓSMICA DA EDUCAÇÃO
AÇÃO NO PRESENTE
"A busca de novos caminhos é o problema mais imperativo. Devido
às condições extraordinárias do futuro, será impossível prosseguir pelos
velhos caminhos. Todos os novos devem ter isto presente. É terrível quando as
pessoas não sabem sair do caminho velho. E o mais terrível é quando as
pessoas se aproximam de novas condições com seus velhos hábitos. Da mesma
maneira como é impossível abrir uma fechadura moderna com uma chave medieval,
também é impossível aos homens com velhos hábitos, abrir a porta para o
futuro." ( Agni Ioga, Infinito)
"Entre os assuntos escolares, que sejam ensinados os fundamentos da astronomia,
mas que ela seja apresentada como o limiar dos mundos distantes. Assim, as
escolas semearão os primeiros pensamentos sobre a vida nos mundos distantes. O
espaço se tornará vivo, a astroquímica e os raios completarão a noção da
magnitude do Universo. Os corações jovens se sentirão não como formigas
sobre a crosta terrestre, mas como portadores do espírito responsável pelo
planeta." (Idem, Comunidade)
A "Declaração de Chicago sobre a Educação", de 1991, assinada por oitenta educadores do mundo inteiro, entre eles os representantes dos métodos Montessori e Waldorf, declara que:
"Ao aproximarmos do Século XXI, muitas de nossas instituições
e profissões estão entrando num período de profundas mudanças. Nós, os
educadores, estamos começando a reconhecer que a estrutura, propósito e
métodos de nossa profissão foram desenhadas para um período histórico que
agora se aproxima do seu fim. Chegou o momento de transformar a educação para
tratar os desafios humanos e do meio ambiente aos quais nos defrontamos.
Cremos que a educação para esta nova era será e deverá ser holística. A
perspectiva holística é o reconhecimento de que toda a vida sobre este
planeta se encontra interconectada de inumeráveis formas profundas e sutis. A
visão da Terra solta na solidão do vazio negro do espaço realça a
importância de uma perspectiva global para nos ocuparmos das realidades
sociais e educativas. A educação deve alimentar o respeito para com a
comunidade global da humanidade.
O holismo acentua o desafio de criar uma sociedade sustentável, justa e
pacífica em harmonia com a terra e sua vida. Implica uma sensibilidade
ecológica, um profundo respeito pelas culturas tanto indígenas como modernas,
assim como pela diversidade de formas de vida no planeta. O holismo busca
expandir a forma que temos de olhar nós mesmos e nossa relação com o mundo,
celebrando nossos potenciais humanos inatos – o intuitivo, emocional,
físico, imaginativo e criativo, assim como o racional, o lógico e o
verbal.
A educação holística reconhece que o ser humano busca significado, não
somente dados ou conhecimentos, como um aspecto intrínseco de seu pleno e são
desenvolvimento. Cremos que somente os seres humanos sãos e plenos podem criar
uma sociedade sã. A educação holística nutre as aspirações mais elevadas
do espírito humano.
A educação holística não consiste num programa e metodologia específicos;
é um conjunto de hipóteses de trabalho que inclui o seguinte:
1. A educação é uma relação humana dinâmica e aberta.
2. A educação cultiva uma consciência crítica dos numerosos contextos das
vidas dos alunos – morais, culturais, ecológicos, econômicos,
tecnológicos, políticos.
3. Todas as pessoas têm um enorme potencial multifacetado que somente estamos
começando a compreender. A inteligência humana se expressa através de
diversos estilos e capacidades, os quais é necessário respeitar.
4. O pensamento holístico implica formas de conhecimentos contextuais,
intuitivas, criativas e físicas.
5. O aprendizado é um processo que dura a vida toda. Todas as situações
vitais podem facilitar este aprendizado.
6. O aprendizado é por sua vez um processo de autodescobrimento e uma
atividade cooperativa.
7. O aprendizado é ativo, automotivado, sustentador e alentador para o
espírito humano.
8. Um programa holístico é interdisciplinar, integrando por sua vez
perspectivas comunitárias e globais. (Global Alliance for Transforming
Education)
Dos métodos educacionais mundialmente utilizados, o Montessori, o Waldorf e o Robert Muller são os que mais se aproximam do nosso escopo. Com base neles, daremos os primeiros passos para o estabelecimento da Visão Cósmica da Educação – A Educação na Nova Era, um conjunto de ferramentas aptas a permitir que o estudante abra o portal de acesso ao reino subjetivo da vida e entre nele, tornando-se um cidadão consciente deste reino, podendo viver e trabalhar nele com total desenvoltura, ancorando firmemente no seu meio ambiente novas e corretas relações humanas.
Docemente, a Dra. Maria Montessori observa na sua "Carta aos Governos":
"Minha vida foi dedicada à busca da verdade. Através do estudo
das crianças escrutei a natureza humana na sua origem, tanto no Oriente como
no Ocidente, e embora já se passaram quarenta anos desde que comecei meu
trabalho, a infância continua me parecendo uma fonte inesgotável de
revelações e, permitam-me dizer, de esperança.
A infância mostrou-me que toda a humanidade é uma. Todas as crianças falam
mais ou menos na mesma idade, sem contar sua raça, ou suas circunstâncias, ou
sua família; caminham, trocam os dentes, etc, em certos períodos fixos de
suas vidas. Também noutros aspectos, especialmente no campo físico, são
semelhantes e susceptíveis.
As crianças são os construtores de homens, e os constroem tomando a
linguagem, a religião, os costumes e peculiaridades de seu ambiente, não
somente da raça, não somente da nação, mas também do distrito específico
no qual se desenvolveram.
A infância constrói com aquilo que encontra. Se o material é pobre, a
construção também é pobre. No que concerne à civilização, a criança
está no nível dos que recolhem alimento.
Para construir-se a si mesma tem de colher, ao acaso, qualquer coisa que
encontre no seu ambiente.
A criança é o cidadão esquecido e, entretanto, se os homens de Estado e os
educadores chegassem a compreender a terrível força que reside na infância,
para o bem ou para o mal, creio que dariam a ela prioridade acima de qualquer
coisa.
Todos os problemas da humanidade dependem do próprio homem; se o homem não é
considerado na sua construção, na sua formação, os problemas nunca serão
resolvidos.
Nenhuma criança é um "bolchevique" ou um fascista ou um democrata; todas se
convertem no que as circunstâncias ou o entorno as transformam.
Nos nossos dias quando, apesar das terríveis lições de duas guerras
mundiais, os tempos futuros se avizinham tão obscuros como sempre, tenho a
firme crença de que deve ser explorado outro campo, além dos da economia e da
ideologia. Trata-se do estudo do homem – não de um homem adulto sobre o qual
qualquer chamamento esteja desaproveitado. Este, economicamente inseguro,
mantêm-se confuso na voragem de ideias conflitantes e se lança agora de um
lado a outro. O homem deve ser cultivado desde o começo da vida, quando os
grandes poderes da natureza estão ativos. É então quando alguém pode ter
esperança de planejar para um melhor entendimento internacional" (Hollistic
Education Review, Vol. 4)