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Livros de Alice Bailey

Miragem: Um Problema Mundial


Acabando com a Miragem
1. A Técnica da Presença
2. A Técnica da Luz
3. A Técnica da Indiferença


SEÇÃO III
ACABANDO COM A MIRAGEM

Chegamos agora à consideração da terceira secção relacionada à miragem mundial. É difícil escrever claramente sobre este assunto porque estamos no âmago de sua expressão mais concentrada - a pior que o mundo jamais viu, porque a miragem, ocorrendo após séculos de ganância e egoísmo, de agressão e materialismo, foi enfocada em uma triplicidade de nações. Portanto, é fácil de ser vista, e muita efetiva na manifestação. Três nações expressam os três aspectos da miragem mundial (ilusão, miragem e maya) de uma forma incrível, e seu poderoso assalto sobre a consciência da humanidade depende, não só da resposta da Alemanha, Japão e Itália, a este antigo miasma, mas também do fato de que todas as nações - Nações Unidas e Nações Totalitárias - estão manchadas com esta condição universal (essa análise refere-se às condições da Humanidade na década de 19401950 - N. do t.) A liberdade do mundo depende, consequentemente em larga escala daquelas pessoas, em cada nação, que (internamente) conseguiram sair de uma ou outra destas condições "de ilusões fascinantes e impressões mayávicas" da alma humana, fazendo progresso até chegarem a um estado de plenitude de consciência em que eles possam ver o conflito em seus termos mais amplos, isto é, como aquele que existe para elas entre o Morador do Umbral e o Anjo da PRESENÇA.

Estas pessoas são os aspirantes, discípulos e iniciados do mundo. Eles estão conscientes do dualismo, o dualismo essencial, do conflito, e não são tão predominantemente conscientes da natureza tríplice e da condição diferenciada da situação por trás do dualismo conscientizado. Sua abordagem ao problema é, portanto, mais simples, e por causa disto, o destino do mundo está em grande parte em suas mãos, atualmente.

É neste particular que a religião, como um todo, perdeu o seu rumo. Refiro-me à religião ortodoxa. Ela está preocupada com o Morador do Umbral, e os olhos dos teólogos se conservaram no aspecto material e fenomenal da vida, pelo medo e sua proximidade, sendo que o fato do Anjo é uma teoria e um anseio. O equilíbrio está sendo ajustado pelas atitudes humanitárias que estão assumindo o controle em larga escala, a despeito de qualquer tendência teológica. Estas atitudes assumem suas posições baseadas na crença da correção inata do espírito humano, da divindade do homem, e da natureza indestrutível da alma da humanidade. Isto evidentemente introduz o conceito da PRESENÇA, ou de Deus Imanente e é o resultado da revolta necessária contra a crença em Deus Transcendente. Esta revolução espiritual foi inteiramente um processo de reequilíbrio e não precisa causar nenhuma preocupação básica, porque Deus Transcendente existe eternamente, mas só pode ser visto e conhecido, e corretamente abordado por Deus Imanente - imanente no homem individual, em grupos e nações, em formas organizadas, na religião, na humanidade como um todo, e na Própria Vida planetária. A humanidade está atualmente (e tem estado há eras) combatendo a ilusão, a miragem e maya. Os pensadores avançados, aqueles no Caminho Probatório, no Caminho do Discipulado, e no Caminho da Iniciação, alcançaram um ponto em que o materialismo e a espiritualidade, o Morador do Umbral e o Anjo da PRESENÇA, e o dualismo básico da manifestação podem ser vistos claramente definidos. Por causa desta clareza de demarcação, as questões subjacentes aos acontecimentos mundiais do presente, os objetivos da atual disputa mundial, os modos e métodos de restabelecer o contato espiritual tão prevalente nos tempos dos atlantes e há muito perdidos, e o reconhecimento das técnicas que podem instaurar a nova era mundial e sua ordem cultural, podem ser claramente notadas e avaliadas.

Todas as generalizações admitem a possibilidade de erro. Poderia ser dito, no entanto, que a Alemanha focalizou em si mesma a miragem mundial - o mais poderoso e expressivo dos três aspectos da miragem. O Japão manifestou as forças de maya - a mais bruta forma de força material. A Itália, individualista e mentalmente polarizada, a expressão da ilusão mundial. As Nações Unidas, com todas as suas falhas, limitações, fraquezas e nacionalismos, estão focalizando o conflito entre O Morador e o Anjo, e portanto as três formas de miragem e a forma final do conflito entre o ideal espiritual e seu oponente material, estão aparecendo simultaneamente. As Nações Unidas estão, no entanto, gradualmente e de forma decisiva, colocando o peso de seu esforço e aspiração, no lado do Anjo, assim restabelecendo o equilíbrio perdido, e lentamente produzindo numa escala planetária, aqueles atributos e condições que vão eventualmente dispersar a ilusão, dissipar a miragem e desvitalizar a maya prevalente. Isto eles estão fazendo pelo pensamento cada vez mais claro do público em geral de todas as nações, unidos para conquistar as Três Potências do Eixo, pela sua crescente habilidade de conceber ideias em termos do todo, em termos de uma ordem mundial ou federação desejável, e por sua capacidade de discriminar entre as Forças da Luz e o poder do mal ou do materialismo.

O trabalho sendo feito por aqueles que veem o palco mundial como a arena do conflito entre o Morador do Umbral e o Anjo da PRESENÇA, poderia ser descrito como:

1. A produção daquelas condições mundiais em que as Forças da Luz podem superar as Forças do Mal. Isto eles fazem pelo peso de suas forças armadas, mais a sua clara percepção interior.

2. A educação da humanidade na distinção entre:

a. A espiritualidade e o materialismo, apontando para os diferentes objetivos das forças combatentes.

b. Participação e ganância, delineando um mundo futuro em que as Quatro Liberdades dominarão, e em que todos terão o necessário para os processos de vida corretos.

c. Luz e escuridão, demonstrando a diferença entre um futuro iluminado de liberdade e oportunidade, e o futuro sombrio da escravidão.

d. Solidariedade e separação, indicando uma ordem mundial em que ódios raciais, distinções de casta, e diferenças religiosas, não formarão nenhuma barreira para a compreensão internacional, e a ordem do Eixo de raças superiores, atitudes religiosas determinadas, e povos escravizados.

e. O todo e a parte, indicando a era que está chegando (sob o impulso evolucionário do espírito), na qual a parte, ou o ponto de vida assume sua responsabilidade pelo todo, e o todo existe para o bem da parte.

O aspecto sombrio foi suscitado por eras de miragem. A luz está sendo enfatizada e tornada clara pelos aspirantes e discípulos mundiais que, por suas atitudes, suas ações, seus escritos e seus posicionamentos, estão trazendo luz aos lugares escuros.

3. Preparando o caminho para as três energias espirituais que vão levar a humanidade a uma era de compreensão, resultando num esclarecimento mental localizado das mentes dos homens em todo o mundo. Estas três energias iminentes são:

a. A energia da intuição, que vai gradualmente dispersar a ilusão mundial, e produzir automaticamente um grande aumento nas fileiras dos iniciados.

b. A atividade da luz, que vai dissipar, pela energia da iluminação, a miragem mundial e trazer muitos milhares ao Caminho do Discipulado.

c. A energia da inspiração, que vai propiciar, através do seu poder avassalador, a desvitalização ou a remoção, como pelo vento, do poder atrativo de maya ou da substância. Isto vai liberar muitos e muitos milhares para o Caminho Probatório.

4. Liberando nova vida no planeta, por meio de todo e qualquer instrumento possível. O primeiro passo para esta liberação é a prova que o poder do materialismo será derrubado pela derrota completa das Forças do Eixo e, segundo, pela habilidade das Nações Unidas em demonstrar (quando isto tiver sido feito), o poder dos valores espirituais, por suas realizações construtivas para restaurar a ordem mundial e para estabelecer as fundações que vão garantir um modo de vida melhor e mais espiritual. Estas atitudes e realizações construtivas devem ser assumidas individualmente por cada pessoa e pelas nações como totalidades coletivas. O primeiro está sendo feito atualmente. O segundo ainda está para ser feito.

5. Familiarizar as nações do mundo com as verdades ensinadas pelo Buda, o Senhor da Luz, e pelo Cristo, o Senhor do Amor. Neste particular podemos salientar que:

a. As nações do Eixo precisam apreender os ensinamentos do Buda, como Ele enunciou nas Quatro Nobres Verdades; elas precisam entender que a causa de todo o sofrimento e problema é o desejo - desejo por aquilo que é material.

b. As Nações Unidas precisam aprender a aplicar a Lei do Amor, como enunciado na vida do Cristo, e a expressar a verdade que "nenhum homem vive sozinho" e o mesmo se aplica às nações, e que o objetivo de todo o esforço humano é a compreensão amorosa movida por um programa de amor pelo todo.

Se as vidas e ensinamentos destes dois grandes Avatares puderem ser entendidas e forjadas novamente na vida dos homens atualmente, no mundo das preocupações humanas, no campo do pensamento e na arena da vida diária, a ordem do mundo presente (que é, atualmente, principalmente desordem) poderá ser modificada e mudada de tal forma que um novo mundo e uma nova raça humana poderão gradualmente surgir. A renúncia e o uso da vontade sacrificial deverão ser a tônica para o período intermediário após a guerra, antes da inauguração da Nova Era.

Os estudantes devem se lembrar que toda manifestação e todo ponto de crise são simbolizados pelo antigo símbolo do ponto dentro do círculo, o foco de poder dentro de uma esfera de influência ou aura. Assim é atualmente com o problema de terminar com a miragem e ilusão mundial que jazem fundamentalmente por trás da séria situação atual e da catástrofe mundial. A possibilidade de tal dispersão e dissipação é definitivamente centrada nos dois Avatares, o Buda e o Cristo. No mundo da miragem - o mundo do plano astral e das emoções - apareceu um ponto de luz. O Senhor da Luz, o Buda, comprometeu-se a focalizar em Si mesmo a iluminação que eventualmente tornaria possível a dissipação da miragem. Dentro do mundo da ilusão - o mundo do plano mental - apareceu o Cristo, o Próprio Senhor do Amor, Que encarnava em Si o poder da vontade atrativa de Deus. Ele incumbiu-se de dispersar a ilusão atraindo para Si (pelo poder do amor) os corações de todos os homens, afirmando esta determinação nas palavras, "Eu, se for elevado, atrairei todos os homens a mim"'. (João 12:3 2). Do ponto que eles terão atingido, será revelado o mundo da percepção espiritual, da verdade e das ideias divinas. O resultado será o desaparecimento da ilusão.

O trabalho combinado destes dois grandes Filhos de Deus, concentrado através dos discípulos do mundo e de Seus iniciados, deve destruir a ilusão, e inevitavelmente o fará, e dispersar a miragem, uma pelo reconhecimento intuitivo da realidade pelas mentes aí sintonizadas, e a outra pelo fluxo da luz da razão. O Buda realizou o primeiro esforço planetário para dissipar a miragem mundial, o Cristo fez o primeiro esforço planetário para dispersar a ilusão. O trabalho Deles deve ser agora levado adiante inteligentemente por uma humanidade suficientemente sábia para reconhecer o seu dharma. Os homens estão sendo rapidamente desiludidos, e consequentemente verão mais claramente. A miragem mundial está sendo firmemente removida do caminho dos homens. Estes dois acontecimentos foram engendrados pelo aparecimento de novas ideias, focalizadas pelos intuitivos do mundo e disseminadas para o público em geral pelos pensadores do mundo. Isto foi também muito ajudado pelo inconsciente (mas nem por isto menos real) reconhecimento do verdadeiro significado destas Quatro Nobre Verdades pelas massas. Desiludida e desmistificada (se posso usar tal termo), a humanidade espera a próxima revelação. Esta revelação será realizada pelos esforços combinados do Buda e do Cristo. Tudo o que podemos prever ou predizer a respeito desta revelação, é que resultados poderosos e de grande alcance serão conseguidos pela fusão da luz e do amor, e pela reação da "substância iluminada pelo poder atrativo do amor". Nesta frase dei àqueles que podem entender, uma profunda e útil indicação sobre o método e propósito do acontecimento que deverá ocorrer na Lua Cheia de Junho de 1942. Dei também um indício sobre a verdadeira realização do trabalho destes dois Avatares - algo até então totalmente não conscientizado. Poderíamos acrescentar que, quando uma apreciação do significado das palavras "transfiguração de um ser humano" for obtida, será compreendido que quando "o corpo está cheio de luz" então "naquela luz veremos a LUZ". Isto quer dizer que quando a personalidade alcança um ponto de purificação, de dedicação e de iluminação, então o poder atrativo da alma (cuja natureza é amor e compreensão) pode funcionar, e a fusão destes dois ocorrerá. Isto foi o que o Cristo provou e demonstrou.

Quando o trabalho do Buda (ou do princípio búdico encarnado) for consumado no discípulo que aspira e na sua personalidade integrada, então a plena expressão do trabalho do Cristo (o princípio encarnado do amor) poderá também ser consumado, e ambas estas potências - luz e amor - encontrarão expressão radiante no discípulo transfigurado. Portanto, o que é verdade para o indivíduo é verdade também para a humanidade como um todo, e atualmente a humanidade (tendo alcançado a maturidade) pode "entrar no entendimento" e conscientemente tomar parte no trabalho de iluminação, e de atividade espiritual, amorosa. Os efeitos práticos deste processo serão a dissipação da miragem e a liberação do espírito humano da confusão da matéria; isto também vai produzir a dispersão da ilusão e o reconhecimento da verdade, como ela existe na consciência daqueles que estão polarizados na "consciência do Cristo".

Isto necessariamente não é um processo rápido, mas é um procedimento ordenado e regulado, certo do seu sucesso final, mas também relativamente lento no seu estabelecimento e processo sequencial. Este processo foi iniciado no plano astral pelo Buda, e no plano mental quando o Cristo se manifestou na Terra. Indicava que a humanidade chegava à maturidade. O processo vem ganhando impulso lentamente, à medida que estes dois grandes Seres reuniram ao Seu redor Seus discípulos e iniciados durante os últimos dois mil anos. Alcançou um ponto de utilidade intensa, à medida que o canal de comunicação entre Shamballa e a Hierarquia foi aberto e alargado, e à medida que o contato entre estes dois grandes Centros e a Humanidade tem sido mais firmemente estabelecido.

Na Lua Cheia de Junho de 1942, foi feito o primeiro teste com relação ao funcionamento direto da comunicação entre o Centro onde a Vontade de Deus impera, o Centro onde o Amor de Deus reina, e o Centro onde há esperança inteligente. A forma do teste foi o esforço unificado do Cristo, do Buda, e daqueles que respondem à Sua influência conjunta. Este teste teve que ser realizado em meio ao terrível ataque das forças do mal, e se estendeu pelas duas semanas começando no dia da Lua Cheia (30 de maio de 1942), e terminando em 15 de junho de 1942. Houve uma grande concentração de Forças Espirituais naquele momento, e o uso de uma Invocação especial (uma que a própria humanidade não pode usar), mas o sucesso ou fracasso da prova foi, em última instância, determinado pela própria humanidade.

Vocês podem achar, ainda que erroneamente, que poucas pessoas conhecem ou compreendem a natureza da oportunidade ou do que está transpirando. Mas o sucesso deste teste não depende do conhecimento esotérico de uns poucos, os relativamente poucos, aos quais os fatos e a informação foram parcialmente transmitidos. Depende também da tendência dos muitos que inconscientemente aspiram às realidades espirituais, que procuram por uma nova e melhor maneira de vida para todos, que desejam o bem de todos, e cuja aspiração e anseio é por uma real experiência de bondade, de relações humanas corretas, e de iniciativa espiritual entre os homens. Seu nome é Legião e são encontrados em todos os países.

Quando a Vontade de Deus, expressa em Shamballa e focalizada no Buda; o Amor de Deus, expresso na Hierarquia e focalizado através do Cristo; e o desejo inteligente da humanidade, focalizado através dos discípulos e aspirantes do mundo e dos homens de boa vontade, forem todos sintonizados seja conscientemente ou inconscientemente - então uma grande reorientação poderá ocorrer. Este evento é algo que pode ocorrer.

O primeiro resultado será a iluminação do plano astral, e o inicio do processo que vai dissipar a miragem; o segundo resultado será a irradiação do plano mental e a dispersão de todas as ilusões do passado, e a revelação gradual das novas verdades, das quais todos os ideais do passado e assim chamadas formulações da verdade foram tão somente indicadores. Pondere sobre esta afirmação. O indicador aponta para o caminho a seguir; ele não revela o objetivo. Ele é indicativo mas não conclusivo. O mesmo é válido para toda a verdade até o presente.

A demanda existente é, portanto, por conhecedores e por aqueles cujas mentes e corações estejam abertos; que estejam livres de ideias preconcebidas defendidas fanaticamente, e de idealismos antigos, que devem ser reconhecidos somente como indicações parciais de grandes verdades não conscientizadas - verdades que podem ser entendidas em larga medida, e pela primeira vez, SE as lições da situação mundial atual e a catástrofe da guerra forem devidamente entendidas, e a vontade sacrificial for chamada a atuar.

Procedi a esta aplicação prática e à ilustração imediata do ensinamento relativo á miragem, ilusão e maya porque a totalidade do problema mundial está em crise atualmente, e porque seu esclarecimento será o tema central de todo o progresso -educacional, religioso e econômico - até o ano de 2025.

Na secção com que nos ocupamos agora, vamos considerar as formas práticas pelas quais a ilusão, a miragem e o poder de maya podem ser trazidos a um fim na vida do indivíduo, também na vida das nações e finalmente do mundo. Devemos começar sempre com a unidade da vida, o Microcosmo; a partir daí, tendo apreendido o processo e o progresso com relação ao indivíduo, a ideia pode então ser estendida ao grupo, à organização, à nação e á humanidade como um todo. Vamos portanto nos aproximar gradualmente da grande Ideia à qual damos o nome de Deus, o Macrocosmo.

Nesta secção vamos tratar de técnicas, e estas podem ser apresentadas sumariamente como:

1. A Técnica da Presença. Por esta técnica, a alma assume o controle da personalidade integrada e de suas relações, horizontais e verticais. Esta técnica envolve o desabrochar da flor da intuição, dispersando a ilusão, revelando o Anjo, indicando a Presença, e abrindo para o discípulo o mundo das ideias e a porta para as iniciações superiores. Através do domínio e aplicação pelo discípulo, destas ideias divinas ou pensamentos-semente, ele se torna um iniciado e a terceira iniciação torna-se possível como um objetivo imediato. A intuição é o poder da transfiguração aplicado. Esta técnica é relacionada à pouco conhecida Ioga chamada Agni Ioga ou Ioga do Fogo.

2. A Técnica da Luz. Por meio desta técnica, a mente iluminada assume controle sobre o corpo astral ou emocional, e dissipa a miragem. Quando a luz jorra, a miragem desaparece. A iluminação domina e a visão da realidade pode ser percebida. Esta técnica é relacionada à Raja Ioga e o seu objetivo é a segunda iniciação; ela produz a habilidade de trilhar o Caminho do Discipulado, e possibilita ao homem "viver a vida, iluminada pela divindade".A iluminação é o poder de transfiguração aplicado.

3. A Técnica da Indiferença. Por meio desta técnica, maya termina; porque o controle do veículo astral purificado é trazido consciente e tecnicamente à atividade, produzindo a liberação das energias do corpo etérico do controle da matéria ou força-substância, trazendo os homens em grandes números para o Caminho Probatório. Onde houver "divina indiferença" ao chamado ou atração da matéria, então a inspiração torna-se possível. Esta técnica é relacionada ao Carma Ioga em sua forma mais prática, e ao uso da matéria com total impessoalidade. O objetivo desta técnica é a primeira iniciação, que possibilita ao homem ''viver a vida, inspirado por Deus". A inspiração é o poder de transmissão aplicado.

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1. A Técnica da Presença

Ao iniciarmos a consideração deste assunto, o estudante deve ter em mente três coisas: a existência da Intuição, o fato da Ilusão, e a Presença dominadora. Esta Presença é revelada pela intuição através do Anjo, e quando revelada e reconhecida, acaba com a ilusão.

A história da ilusão não deve ser confundida com a miragem; a ilusão está relacionada inteiramente com o processo da revelação. A miragem; pode estar, e frequentemente está, relacionada a distorção daquilo que foi revelado, mas devemos ter em mente que a ilusão se refere principalmente à reação da mente ao desenrolar da revelação, à medida que a alma a registra e procura incuti-la no mais alto aspecto do eu inferior pessoal. A ilusão e, portanto, a falha da mente em registrar corretamente, em interpretar ou traduzir aquilo que foi transmitido, e é consequentemente um pecado (se você gosta desta palavra) das pessoas inteligentes e altamente desenvolvidas, daquelas que estão no Caminho e estão no processo de se tornarem corretamente orientadas; ela e também um pecado dos discípulos aceitos, a medida que eles procuram expandir sua consciência em resposta ao contato da alma. Quando eles conseguirem "enxergar através da ilusão" (uso esta frase no seu sentido esotérico), então eles estarão prontos para a terceira iniciação.

Nosso tema é, portanto, o tema da revelação, e gostaria de tecer algumas considerações gerais sobre o assunto, porque desta forma o problema da ilusão mundial pode ser esclarecido, e incidentalmente a ilusão individual também.

O desenvolvimento da consciência humana vem ocorrendo progressivamente ao longo do tempo, sendo dependente de dois fatores importantes e relacionados:

1. O fator do desenvolvimento gradual da mente humana através do processo da evolução. Isto poderia ser considerado como a capacidade inata daquilo a que chamamos de mente, de chitta, ou material mental, para tornar-se mais e mais sensível ao impacto do mundo fenomênico, e às impressões dos mundos superiores do ser. A mente é o instrumento que registra o processo de "tornar-se", mas ela também é - durante os estágios posteriores do desenvolvimento humano - capaz de registrar a natureza ou função de ser. O tornar-se é revelado através do intelecto; o Ser, através da intuição. Em todo estudo sobre a ilusão, a natureza instrumental da mente deve ser lembrada, e seu poder de registrar precisamente, de interpretar e transmitir o conhecimento vindo do mundo dos fenômenos e a sabedoria do reino da alma.

2. O fator do método, pelo qual a humanidade torna-se ciente daquilo que não é aparente de imediato. Este é o método ou processo daquilo que é chamado "revelação imposta" ou a impressão transmitida às mentes capazes de receber aquelas ideias, seres, planos e propósitos que existem por trás das cenas e que são (em última instância) os fatores que determinam e condicionam o processo mundial. Estas revelações ou impressões vitais subjetivas, são revelações pela intuição, e não têm nada a ver com os conhecimentos, impressões ou impactos que são relacionados com os três mundos da evolução humana, exceto pelo fato de que (quando apreendidas e compreendidas) elas terão transformado firmemente o modo de viver do homem, revelarão a ele seus objetivos e indicado sua verdadeira natureza. As revelações feitas ao longo dos tempos , e impressas nas mentes daqueles treinados para recebê-las, têm a ver com as grandes verdades universais, estão relacionadas com o todo, e levam a uma apreciação desenvolvida da unidade da vida e com uma expressão hilozoística.

Dois processos paralelos produziram a humanidade e sua civilização: um foi o próprio processo evolutivo pelo qual a mente do indivíduo vem sendo gradualmente desenvolvida, até tornar-se o aspecto dominante na personalidade; e ao mesmo tempo uma série de revelações graduadas, sabiamente produzidas, que tornaram a humanidade, como um todo, mais próxima da inevitável apreensão do ser; elas o afastaram firmemente da identificação com a forma conduzindo-o para aqueles estados de consciência que são supra-normais do ângulo humano ordinário, mas inteiramente normais do espiritual.

Pondo este conceito especificamente em terminologia ocultista: a Individualidade levou ao firme aperfeiçoamento da mente com sua percepção, apreensão, análise e interpretação, enquanto a iniciação, pelo crescimento da intuição, ocasiona (quando o processo de aperfeiçoamento mental alcança um grau relativamente alto de desenvolvimento) a apreensão do mundo de valores espirituais, do ser unificado e da compreensão intuitiva. Isto envolve uma consequente mudança do ponto de enfoque individual, removendo-o do mundo dos fenômenos para o mundo da realidade. O uso inferior da mente e de seus processos de desenvolvimento produziu a ilusão, enquanto o desenvolvimento da mente superior e, mais tarde, seu uso como transmissor da intuição e da revelação superior, produzirá a transfiguração dos três mundos dos fenômenos em termos do mundo do ser.

A ilusão é frequentemente a percepção mental da verdade mal interpretada e mal aplicada. Ela nada tem a ver com a fase mental da miragem, ainda que a ilusão possa ser rebaixada ao mundo do sentimento, tornando-se miragem. Quando isto acontece, sua potência é enorme, porque um pensamento-forma tornou-se uma entidade, com poder vital, e o poder do sentimento é acrescentado à forma fria do pensamento. Pensem nisto. Mas no estágio com que estamos lidando agora, que é o da pura ilusão, uma revelação precipitou-se no plano mental e - devido ao fracasso em apreendê-la e interpretá-la corretamente, ou de usá-la utilmente - tornou-se uma ilusão entrando numa carreira de enganos, de cristalização e desinformação.

O tema desta técnica é, portanto, voltado principalmente para:

1. O processo da revelação. Este processo foi, e atualmente é, a principal testemunha e garantia da existência, por trás das cenas da vida fenomênica, de um Grupo ou Agência reveladora, cuja tarefa é de uma natureza tríplice:

a. Avaliar o desenvolvimento da consciência humana e atender ao seu constante apelo e demanda por mais luz e conhecimento.

b. Julgar qual é a próxima revelação necessária, e que forma ela deve tomar, através de que instrumento ela deve emergir, e onde e quando ela deve aparecer.

c. Avaliar que obstruções, impedimentos e ideias preconcebidas, a nova revelação terá que enfrentar.

2. O fato da Presença. Esta Presença é a força impulsionadora por trás de toda a revelação, e é na realidade Deus Imanente, esforçando-se sempre por reconhecimento, e Ele próprio impelido nesta direção pelo fato de Deus Transcendente.

3. A influência do Anjo, que é a semente individualizada da consciência através de quem, após o crescimento devido e a resposta do eu inferior, virá a revelação da Presença. Toda a revelação verdadeira está relacionada com o desabrochar da glória da divindade em algum campo de expressão, testemunhando assim a oculta Presença latente.

4. A reação dos intuitivos por todo o mundo àquela revelação, e a forma como eles a apresentam aos pensadores do mundo. Estes últimos são sempre os primeiros a apreciarem e apropriarem-se da nova verdade. Os intuitivos apresentam a fase seguinte da verdade, numa forma relativamente pura, mesmo que no momento da apresentação ela possa estar simbolicamente velada.

5. A resposta do mundo pensante à verdade apresentada. É neste ponto que a ilusão aparece, e a má interpretação e a má representação ocorrem. Estas falsas interpretações da verdade revelada, quando duram por muito tempo e adquirem importância, somam-se à ilusão geral, tornando-se, portanto, parte dela, alimentando e sendo alimentadas pela ilusão mundial. Esta é a forma ilusória de pensamento criada, desenvolvida ao longo das idades, que controla uma parte tão importante da crença das massas. Quando a revelação alcança este estágio, as multidões tornam-se envolvidas; elas reconhecem a ilusão como verdade; elas encaram esta ilusão como realidade; não conseguem entender o significado da revelação velada, apresentada simbolicamente, mas confundem-na com a apresentação ilusória, e assim a revelação percebida intuitivamente torna-se uma doutrina distorcida.

As interpretações e dogmas teológicos entram nesta categoria, e neste particular surge a reencenação do antigo drama do cego guiando outro cego, ao qual o Cristo se referiu quando Ele enfrentou os teólogos do Seu tempo.

As indicações acima são válidas para toda revelação, já que ela provém do centro de emanação de luz, quer tratem das assim chamadas verdades religiosas, ou descobertas científicas, ou do alto padrão de valores espirituais pelos quais a humanidade avançada de ambos os hemisférios procura viver e que, de tempos em tempos, avança um passo em significação e em importância.

a. A intuição dispersa a ilusão individual.

Atualmente alcançamos uma crise no campo da compreensão humana e podemos agora entrar numa nova era, na qual a ilusão pode ser dispersada e os pensadores podem começar a registrar com precisão e sem temor, aquilo que os intuitivos lhes transmitirem. Esta condição ainda não se aplica ao público em geral. Vai decorrer muito tempo até que ele possa responder sem ilusão, porque a ilusão está baseada na atividade da construção de pensamentos-forma da mente inferior. As massas estão apenas começando a usar a mente inferior, e portanto, a ilusão é para elas um estágio necessário de teste e treinamento pelo qual elas devem passar, ou perderão muita experiência valiosa, deixando sem desenvolvimento seus poderes de discriminação. Este é um ponto que todos os instrutores de ocultismo deveriam ter em mente. Consequentemente, é essencial que as massas aprendam a significação da ilusão, e sejam treinadas para ver e escolher a semente de verdade pura na apresentação de qualquer verdade com que elas possam se confrontar. Da mesma forma, é essencial que os intuitivos do mundo aprendam a usar, controlar, e compreender a faculdade da percepção espiritual, de isolamento divino, e de resposta apropriada que caracteriza a intuição. Eles podem fazer isto pela prática da Técnica da Presença, mas não como ela é geralmente ensinada e apresentada.

Talvez me torne mais claro se disser que esta técnica se insere em determinadas linhas científicas ou modos de trabalho, para os quais boa parte do treinamento dado nas escolas de verdadeira meditação e nos sistemas de Haja Ioga preparam os aspirantes. Estes estágios começam onde as fórmulas usuais terminam, e pressupõem facilidade no contato com o Anjo ou a alma, e uma habilidade para elevar a consciência a um ponto de fusão com a alma. Apresento os processos ou estágios a seguir:

1. A evocação do estágio de tensão. Isto é básico e essencial. É a tensão ocasionada pelo completo controle do eu inferior, afim de que ele seja "preparado para o contato com o real".

2. A conquista de um estado de fusão com a alma ou com o Anjo que guarda a entrada para o Caminho da Evolução Superior.

3. A manutenção da mente firme na luz da alma - o que permanece a atitude do eu inferior por todo o período restante do trabalho, mantida no ponto de tensão pela alma e não por um esforço da personalidade. A alma cuida desta tarefa quando o eu pessoal fez o máximo possível para alcançar a tensão desejada.

Estes são os três passos preliminares para os quais a prática de alinhamento deveria ter preparado o estudante dos mistérios maiores. Estes passos devem preceder todo o esforço para desenvolver a intuição, e isto pode levar muitos meses (ou mesmo anos) de preparação cuidadosa. O fogo é o símbolo da mente e estes são os três estágios da disciplina de Agni Ioga, ou ioga do fogo, para a qual a Raja Ioga preparou o estudante.

A seguir vêm outros seis estágios da Técnica, e estes devem ser completamente compreendidos, e formam a base de uma consideração prolongada e de reflexão inteligente levada a cabo enquanto as tarefas e deveres diários estão sendo executados, e não levada a cabo somente durante horários preestabelecidos. O intuitivo ou discípulo treinado vive sempre a vida dual da atividade mundana e de intensa e simultânea reflexão, espiritual. Esta será a principal característica do discípulo ocidental, em contraste com o discípulo oriental que escapa da vida nos lugares silenciosos e distantes das pressões da vida diária e do constante contato com os outros. A tarefa do discípulo ocidental é muito mais difícil, mas aquilo que ele provará para si mesmo e para o mundo como um todo, será ainda maior. Isto é de se esperar se o processo evolutivo significa alguma coisa. As raças ocidentais devem avançar rumo á supremacia espiritual, sem obliterar a contribuição oriental, e o funcionamento da Lei do renascimento é um indício disto demonstrando esta necessidade. A maré da vida move-se do Oriente, para o Ocidente como se move o sol, e aqueles que em séculos passados soaram a nota do misticismo oriental devem soar, e estão soando agora, a nota do ocultismo ocidental. Portanto, os estágios seguintes devem vir após os três anteriores. Vamos continuar com a numeração dada, porque o que sugiro aqui é uma fórmula para uma atitude meditativa mais avançada. Eu não disse forma.

4. Um esforço definido e sustentado para sentir a Presença por todo o Universo e em todas as formas e apresentações da verdade. Isto poderia ser expresso nas palavras: "o esforço para isolar o germe ou semente de divindade que trouxe todas as formas à vida". Gostaria de indicar que isto não significa a adoção de uma atitude amorosa e um enfoque sentimental para com todas as pessoas e circunstâncias. Este é o caminho do místico e ainda que a intenção não seja de negá-lo na vida do discípulo, ele não é usado atualmente no processo de contato efetivo. E, na verdade, o esforço principalmente para ver na luz que o Anjo irradia o ponto por trás de todas as aparências fenomênicas. Isto é, portanto, a transferência da visão mística para os níveis superiores de consciência. Não é a visão da alma, mas a visão ou o sentido espiritual daquilo que a luz da alma pode ajudar a revelar. A trêmula luz da alma no eu pessoal permitiu ao discípulo ver a visão da alma, e nesta luz alcançar a união com a alma, mesmo que só temporariamente. Agora a luz maior da alma é focalizada como um sol radiante e ela revela por sua vez, uma visão ainda mais estupenda -a da Presença, da qual o Anjo é a garantia e a promessa. Assim como a luz da Lua é a garantia que a luz do Sol existe, também a luz do Sol é a garantia, se ao menos você soubesse disto, de uma luz ainda maior.

5. Então, tendo sentido a Presença - não teoricamente, mas em vibrante resposta à sua Existência - vem a seguir o estágio da afirmação do Propósito. A esperança de identificação com o propósito está muito distante, mesmo para o iniciado comum, no "status" de Mestre. Não estamos preocupados com aquele estado inatingível (para nós). Mas estamos preocupados com o esforço de conquistar uma compreensão daquilo que, através da forma, está procurando encarnar o propósito superior em qualquer ponto particular do ciclo evolutivo. Isto é possível, e tem sido conseguido ao longo dos tempos, por aqueles que contataram corretamente e refletiram devidamente sobre o Caminho da Evolução Superior. Este Caminho é revelado ao discípulo, mesmo que ele possa não dizer respeito à mensagem intuitiva que ele possa estar trazendo ao voltar de sua grande aventura.

6. Ele então se entrega a algum problema mundial, a algum desígnio que sua mente desenvolveu, ou que o seu coração desejou para ajudar à humanidade, no que é esotericamente chamado "a luz tríplice da intuição". Esta luz é formada pela mistura da luz do eu pessoal, focalizada na mente, a luz da alma, focalizada no Anjo, e a luz universal que a Presença emite; isto, quando feito com facilidade através da concentração e longa prática, produzirá dois resultados:

a. De repente aflorará na mente paciente do discípulo (que ainda permanece o agente de recepção), a resposta ao seu problema, a indicação do que era necessário para trazer alívio para a humanidade, a informação desejada que, quando aplicada, irá abrir alguma porta no campo da ciência, psicologia ou religião. Esta porta quando aberta, trará alívio ou liberação para muitos. Como já lhes havia dito anteriormente, a intuição nunca está voltada para problemas ou inquirições individuais, como tantos aspirantes autocentralizados pensam. Ela é puramente impessoal, e somente aplicável à humanidade num senso sintético.

b. O "agente intruso da luz" (como o Velho Comentário chama estes intuitivos aventureiros) é reconhecido como alguém a quem pode ser confiada alguma revelação, alguma nova indicação da verdade, alguma expansão importante de uma semente de verdade já revelada à humanidade. Ele então vê uma visão, ouve uma voz, registra uma mensagem, ou - a forma mais alta de todas - se torna um canal de poder e luz para o mundo, uma Encarnação da divindade, ou um Guardião de um princípio divino. Estas formas constituem verdadeira revelação, comunicada ou encarnada; elas ainda são raras, mas vão ser progressivamente desenvolvidas na humanidade.

7. Os próximos estágios são chamados, em preparação para a revelação:

a. A renúncia do Caminho Superior.

b. A volta do Anjo, ou uma refocalização na alma.

c. A pausa ou interlúdio para um pensamento positivo, sob a influência do Anjo.

d. O direcionamento da mente para a formulação daquelas formas de pensamento que devem encarnar a revelação.

e. Depois, outra vez uma pausa que é chamada "a pausa que precede à apresentação".

8. A apresentação da revelação ou da verdade comunicada, e sua precipitação no mundo da ilusão vem a seguir. Naquele mundo de ilusão, ela passa por uma "provação de fogo" em que "parte do fogo dentro do que é revelado volta para a fonte de onde se originou, parte serve para destruir o revelador e parte para queimar aqueles que reconhecem a revelação". Esta é uma fase da Agni Ioga que, como vocês podem ver, é somente para aqueles que podem penetrar além do Anjo, no lugar "onde o fogo mora" e onde Deus, a Presença, funciona como um fogo consumidor e aguarda a hora da revelação completa. Esta é a comunicação simbólica de uma grande verdade. No caso do iniciado individual, a terceira iniciação, a Transfiguração, marca a consumação do processo. Somente a glória é vista então: Somente a Voz da Presença é ouvida, e a união com o passado, o presente e o futuro é alcançada.

9. O sucumbir da revelação à ilusão prevalente, sua descida ao mundo da miragem e seu desaparecimento subsequente como uma revelação, e sua emergência como uma doutrina. Mas, enquanto isto, a humanidade foi ajudada e levada adiante; os intuitivos continuam a trabalhar e o fluxo daquilo que deve ser revelado nunca cessa.

Esta técnica básica está por trás das revelações primárias e secundárias. No caso da primeira, o ciclo temporal é longo, na segunda o tempo do ciclo é curto. Um bom exemplo deste processo é demonstrado por um dos pontos secundários de revelação, em relação com o ensinamento emanando da Hierarquia (Guardiã de revelações secundárias, assim como Shamballa é da primária), há mais de cem anos atrás, que tomou a forma da Doutrina Secreta. H.P.S. foi a "intuitiva penetrante, sensível e apropriadora". A revelação que ela comunicou seguiu a rotina usual de todas as revelações secundárias, da Fonte até o plano exterior. Neste plano, as mentes dos homens, veladas pela ilusão e encobertas pela miragem, formularam-na numa doutrina inelástica, não reconhecendo mais nenhuma revelação e sustentando firmemente - muitos dos grupos teosóficos - que a Doutrina Secreta seria a revelação final, e que nada deveria ser reconhecido além daquele livro, e nada tido como correto exceto suas interpretações daquele livro. Se eles estiverem corretos, então a revelação evolutiva chegou ao fim, e a situação da humanidade seria realmente difícil.

Até mesmo o neófito no caminho da intuição pode começar a desenvolver em si o poder de reconhecer aquilo que a mente inferior não lhe pode dar. Algum pensamento de reveladora potência a ser usado para ajuda de muitos pode entrar na sua mente; alguma luz nova sobre uma verdade muito, muito velha pode penetrar, liberando a verdade das tramelas da ortodoxia, iluminando assim a sua consciência. Isto ele deve usar para todos e não somente para si mesmo. Pouco a pouco, ele aprende o caminho para o mundo da intuição; dia a dia, ano a ano, ele se torna mais sensível às Ideias divinas, e mais apto para se apropriar sabiamente delas, para o uso de seus semelhantes.

A esperança do mundo e a dispersão da ilusão encontram-se no desenvolvimento dos intuitivos e no seu treinamento consciente. Existem muitos intuitivos naturais cujo trabalho é uma mistura de psiquismo superior, com vislumbres de verdadeira intuição. É preciso haver um treinamento do intuitivo exato. Paralelamente à sua resposta intuitiva e ao seu esforço para precipitar sua intuição no mundo do pensamento humano, é preciso haver também o desenvolvimento constante da mente humana, para que ela possa apreender o que for projetado, e nisto também está a esperança da humanidade.

b. A Intuição do Grupo dispersa a Ilusão Mundial

Atualmente o mundo está cheio de ilusões, muitas das quais veladas sob a forma de idealismos; está cheio de esperanças e planos, e mesmo que a maior parte seja corretamente orientada, expressando a determinação fixa dos intelectuais de criar melhores condições de vida para toda a população do mundo, a questão permanece: existe na totalidade destas esperanças, suficiente dinâmica essencial de vida para conduzi-la à demonstração física e expressão fatual, e portanto realmente atender às necessidades humanas? Lembrem-se que os dois maiores Agentes reveladores Que jamais vieram à Terra durante o período da história moderna, fizeram as seguintes simples revelações à humanidade:

1. A causa de todo o sofrimento humano é o desejo e o egoísmo pessoal. Abandone o desejo e você se libertará.

2. Existe um caminho para a libertação, e ele leva à iluminação.

3. Não adianta o homem ganhar tudo no mundo e perder a sua alma.

4. Todo ser humano é um Filho de Deus.

5. Existe um caminho para a libertação, e ele é o caminho do amor e do sacrifício.

A vida destes Reveladores foi uma representação simbólica daquilo que Eles ensinaram, e o restante de Seus ensinamentos nada mais que uma extensão de Seus temas centrais. Sua contribuição foi uma parte integral da revelação geral ao longo do tempo, que levou o homem do estado primitivo da existência humana ao estado complexo da civilização moderna. Esta revelação geral pode ser chamada a Revelação do Caminho que leva para fora da forma, em direção ao Centro de toda a vida; a pureza desta revelação foi preservada ao longo do tempo por um pequeno grupo de discípulos, iniciados e verdadeiros esoteristas que sempre estiveram presentes na terra - defendendo a simplicidade daquele ensinamento, procurando por aqueles que poderiam responder a ele e reconhecer o germe ou semente da verdade, e treinando pessoas para tomarem Seus lugares e trilharem o caminho da percepção intuitiva. Uma das principais tarefas da Hierarquia é a de procurar e encontrar aqueles que são sensitivos à revelação, e aquelas mentes treinadas para que elas possam formular as verdades emergentes, de tal forma que elas alcancem os ouvidos dos pensadores do mundo de forma relativamente inalterada. Toda a revelação, no entanto, quando expressa em palavras e em forma de palavras, perde algo de sua clareza divina. Uma boa parte da revelação do passado veio através das linhas do impulso religioso e, como a ilusão se aprofundou e cresceu ao longo do tempo, a simplicidade original (como foi transmitida por seus reveladores) foi perdida. Todas as revelações básicas são apresentadas nas formas mais simples. Acréscimo após acréscimo foram se infiltrando; as mentes dos homens tornaram o ensinamento complexo por suas dissertações mentais, até que os grandes sistemas teológicos foram construídos, chamados, por exemplo, a Igreja Cristã e o sistema Budista. Seus Fundadores teriam muita dificuldade em reconhecer as duas ou três verdades ou fatos fundamentais e divinos que Eles procuraram revelar e enfatizar, tão grande é o manto de ilusão que foi lançado sobre os simples ensinamentos do Cristo e do Buda. As vastas catedrais e as cerimônias pomposas dos ortodoxos estão muito distantes da maneira simples de vida do Cristo, o Mestre de todos os Mestres, ao mesmo tempo Instrutor de anjos e de homens, e da simplicidade de Sua atual maneira de vida, enquanto Ele observa e aguarda pelo retorno de Seu povo à forma simples da realização espiritual.

A ilusão foi tão grande que no Ocidente atualmente as pessoas falam do "poder temporal da Igreja católica"; as Igrejas Protestantes estão divididas em facções que se guerreiam; a Igreja da Ciência Cristã é conhecida por sua habilidade em angariar dinheiro e por ensinar aos seus seguidores a ganhar dinheiro e a conseguir saúde temporária; a Igreja Ortodoxa Grega foi sempre corrupta e só a fé simples do pobre e sem cultura preservou qualquer semelhança com a verdade na sua forma simples original. Eles não têm capacidade para discussões teológicas elevadas, mas eles acreditam que Deus é amor - pura e simplesmente isto - que existe um caminho que leva à paz e à luz, e que se eles negarem seus próprios desejos materiais, eles estarão agradando a Deus. Sei que estou generalizando, meu irmão, porque bem sei que existem sábios e bons cristãos e clérigos dentro dos sistemas teológicos; estes, no entanto, não perdem o seu tempo com discussões teológicas, mas expressando o amor pelo seus semelhantes, e eles fazem isto porque amam a Cristo, e a tudo o que Ele representa. Eles não estão interessados em construir grandes igrejas de pedra e mármore nem em juntar o dinheiro necessário para mantê-las; eles estão interessados em procurar aqueles que formam a verdadeira Igreja no plano interno espiritual, e em ajudá-los a caminhar na luz.

A ilusão do poder, a ilusão da superioridade, não os mancham. Quando a crise mundial terminar, os clérigos por toda a parte não vão descansar enquanto não descobrirem como penetrar na ilusão da doutrina e do dogma que os estão subjugando, e encontrar o seu caminho de volta ao Cristo e à Sua simples mensagem que tem em si o poder de salvar o mundo, se reconhecida e praticada.

Muito da verdadeira revelação desde o tempo do Cristo, veio ao mundo pela linha da ciência. A apresentação, por exemplo, da substância material (provada cientificamente) como essencialmente uma forma de energia, foi uma revelação tão grande como qualquer uma dada pelo Cristo ou pelo Buda. Ela revolucionou completamente o pensamento do homem e foi - por pouco que você possa achar - um grande golpe desferido contra a Grande Ilusão. Ela relacionou a energia com a força, a forma com a vida, e o homem a Deus, e indicou o segredo da transformação, transmutação e transfiguração. As revelações da ciência, quando básicas e fundamentais, são tão divinas como aquelas da religião, mas ambas foram prostituídas para atender às exigências humanas. Aproxima-se a era em que a ciência fará todos os esforços para curar as feridas da humanidade e construir um mundo melhor e mais feliz.

As revelações da ciência, ainda que geralmente focalizadas em um homem ou mulher, são mais especificamente o resultado do esforço grupal e da atividade do grupo treinado, do que as assim chamadas revelações da religião. A revelação, portanto, é feita de duas maneiras:

1. Pelo esforço, aspiração e conquista de um homem, que está tão próximo da Hierarquia e tão imbuído com a divindade consciente, que ele pode receber a mensagem diretamente da Fonte divina central. Ele junta-se às fileiras dos Grandes Intuitivos e trabalha livremente no mundo das Ideias divinas. Ele sabe claramente a Sua missão; Ele escolhe a Sua esfera de atividade com determinação e isola a verdade ou verdades que Ele acha apropriadas para a necessidade da época. Ele aparece como um mensageiro do Altíssimo, leva uma vida de serviço dramática e impressionante, e simboliza nos eventos de Sua vida certas verdades básicas, que já foram reveladas, mas que Ele reencena pictorialmente. Ele condensa em Si mesmo as revelações do passado e a elas acrescenta Sua Própria contribuição da nova revelação, cuja apresentação ao mundo é Sua função específica.

2. Uma revelação surge pelo esforço de um grupo de buscadores, tais como os investigadores científicos em cada país que, juntos, buscam a luz sobre problemas da manifestação, ou algum meio para aliviar o sofrimento humano. O esforço de tal grupo muitas vezes eleva nas asas de suas aspirações não conscientizadas um homem que pode então penetrar no mundo das Ideias divinas e ali encontrar a cura ou a chave tão procurada e, portanto, ele intuitivamente descobre um segredo procurado desde há muito. A descoberta, quando de primeira grandeza, é uma revelação tal como as verdades apresentadas pelos Instrutores do Mundo. Quem poderá afirmar que a declaração que Deus é Amor é de mais valor que a afirmação que Tudo é Energia?

A rota que a revelação segue então é a mesma em ambos os casos, e a ilusão sobrepuja ambas as formas de revelação, mas - e este é um ponto para o qual peço uma reflexão - existe um pouco menos de ilusão formada ao redor das revelações da ciência do que das revelações do que a humanidade chama de verdades mais definitivamente espirituais. Uma das razões está no fato de que a última grande revelação, dada pelo Cristo, foi dada há dois mil anos atrás, e o desenvolvimento da mente do homem e sua habilidade para responder à verdade cresceu enormemente desde então. Da mesma forma, as revelações da ciência são em grande parte o resultado da tensão do grupo finalmente focalizada em um recipiente intuitivo, e desta forma a revelação está protegida.

Atualmente, enquanto a humanidade espera a revelação que vai incorporar os pensamentos, sonhos e objetivo construtivo da Nova Era, a exigência aparece, pela primeira vez, vinda de um grande número de pessoas intuitivamente inclinadas. Não disse intuitivos, meu velho irmão. Este grupo é atualmente tão grande e seu foco é agora tão real, e sua exigência tão alta que ele está conseguindo focalizar o intento concentrado das pessoas. Portanto, qualquer que seja a revelação que possa emergir no futuro imediato, será melhor "protegida pelo espírito de compreensão" do que as anteriores. Esta é a significação das palavras do Novo Testamento, "todos os olhos O verão"; a humanidade como um todo vai reconhecer o revelador Uno. Em épocas anteriores o Mensageiro do Alto só era reconhecido e conhecido por um mero punhado de pessoas e levava décadas, e às vezes séculos, para Sua mensagem penetrar nos corações da humanidade.

A pressão dos tempos e também o desenvolvimento do senso de proporção, além de uma volta forçada à simplicidade de vida e das necessidades, poderão salvar a próxima revelação de uma rápida submersão no fogo da Grande Ilusão.

Torna-se aparente, do exposto acima, que o modo de lidar com os assuntos mundiais, com os estados de consciência e com as condições nos três mundos, é de tal forma que leva o discípulo e o iniciado a trabalharem de cima para baixo. O método é na realidade a repetição do arco involutivo, no qual - como o Criador, do ponto de vista da direção exterior - energia, força e forças são dirigidas ao mundo fenomênico, produzindo efeitos definidos na substância dos três planos. Este é um ponto que deve ser lembrado cuidadosamente, e é por esta razão que a Técnica da Presença deve ser sempre empregada, antes de qualquer outra técnica. Ela estabelece contato com o Agente espiritual diretor, e possibilita o discípulo a assumir a atitude do Observador desapegado, e de um agente do Plano. Quando esta técnica é empregada corretamente, ela coloca a intuição em operação, e o mundo do significado (que está por trás do mundo dos fenômenos) é revelado, dispersando assim a ilusão. A verdade, como ela é, é vista e conhecida. As formas no mundo exterior dos fenômenos (exterior do ângulo da alma e portanto englobando os três mundos da nossa vida diária familiar) são vistas simplesmente como símbolos de uma realidade espiritual interior.

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2. A Técnica da Luz

Chegamos agora à consideração do próximo desenvolvimento e serviço a ser prestado por meio de outra técnica.

Este tema é tão vasto, e existe uma literatura tão extensa em todas as Escrituras do mundo, comentários e dissertações teológicas sobre o assunto da Luz, que a simples verdade e uns poucos princípios básicos são perdidos de vista num emaranhado de palavras.

Em meus vários livros apresentei muito sobre este assunto, e no livro A Luz da Alma, que escrevi em colaboração com A.A.B., um esforço foi feito para indicar a natureza da luz da alma. A chave para esta técnica deve ser encontrada nas palavras: Nessa Luz veremos a LUZ. Uma simples paráfrase destas palavras aparentemente abstratas e simbólicas, poderia ser dada como segue: Quando o discípulo encontra aquele centro iluminado dentro de si mesmo e pode caminhar na sua luz radiante, ele está então em posição (ou num estado de consciência, se preferirem) de se tornar consciente da luz dentro de todas as formas e átomos. O mundo interior da realidade torna-se visível para ele como substância-luz (algo diferente da Realidade, revelada pela intuição). Ele pode então tornar-se um cooperador eficiente com o Plano, porque o mundo do significado psíquico torna-se real para ele, e ele sabe o que deve ser feito para dispersar a miragem. Poderíamos dizer que este processo de trazer luz à escuridão ocorre naturalmente em três estágios:

1. O estágio em que o principiante e o aspirante se esforçam por erradicar a miragem de sua própria vida pelo uso da luz da mente. A luz do conhecimento é um grande agente dispersor nas fases iniciais da tarefa, e elimina efetivamente as várias miragens que velam a verdade do aspirante.

2. O estágio em que o aspirante e o discípulo trabalham com a luz da alma. Esta é a luz da sabedoria, que é o resultado interpretado de longa experiência, e esta jorra e mistura-se com a luz do conhecimento.

3. O estágio em que o discípulo e o iniciado trabalham com a luz da intuição. É por meio da combinação da luz do conhecimento (luz da personalidade), com a luz da sabedoria (luz da alma), que a Luz é vista, conhecida e apropriada. Esta luz apaga as luzes menores pela irradiação pura do seu poder.

Temos, portanto, a luz do conhecimento, a luz da sabedoria e a luz da intuição, e estes são três estágios definidos, ou aspectos, da Luz Una. Elas correspondem ao Sol físico, ao coração do Sol e ao Sol Central Espiritual. Nesta última frase vocês têm a indicação e a chave da relação do homem com o Logos.

Estes estágios e suas técnicas correspondentes podem ser mal interpretadas, se o estudante não se lembrar que entre elas não existe nenhuma linha real de demarcação, mas somente uma constante superposição, um desenvolvimento cíclico e um processo de fusão, que é muito confuso para os principiantes. Da mesma forma como a reação instintiva ao ambiente produz o aparelho necessário para o contato com aquele ambiente, assim também o desenvolvimento dos poderes a que estas técnicas servem, produz modos de contato com a alma e ambientes espirituais. Cada uma destas técnicas está relacionada a um novo ambiente; cada uma delas finalmente desenvolve poder no iniciado ou discípulo, que pode ser usado no serviço da humanidade, e nas esferas superiores da atividade divina, cada uma está relacionada às outras técnicas, e cada uma libera o discípulo para um relacionamento consciente com um novo ambiente, com novos estados de consciência e com novos campos de serviço. Por exemplo:

1. A Técnica da Presença, quando bem utilizada, possibilita a intuição aparecer, a superpor-se à atividade da mente racionalizadora e a dispersar a ilusão, substituindo essa ilusão por ideias divinas, formuladas em conceitos a que chamamos ideais. Os Mestres, devemos lembrar, só usam a mente para duas atividades:

a. Para alcançar as mentes de Seus discípulos e atrair aspirantes por meio de um instrumento semelhante à mente do discípulo;

b. Para criar pensamentos-forma nos níveis concretos que possam incorporar estas ideias divinas. O Agente diretor, o Anjo da Presença, produz o poder de criar desta maneira, e a este resultado chamamos de intuição - ideia ou verdade, sua percepção e sua reprodução.

2. A Técnica da Luz está mais intimamente relacionada à mente e significa o método pelo qual a iluminação que flui da alma (cuja natureza é luz), pode irradiar não somente ideais, mas também vida circunstâncias e eventos, revelando a causa e o significado da experiência. Quando o poder do discípulo para iluminar é entendido, ele já deu o primeiro passo para dispersar a miragem; e logo que a técnica da Presença se torna efetiva no plano mental, esta técnica produz então poderes que podem tornar-se efetivos no plano astral e finalmente levar a cabo a dissipação e o desaparecimento daquele plano.

3. A Técnica da Indiferença torna sem efeito ou neutraliza o poder da substância ou espírito, funcionando nos três mundos, porque a alma é a evidência da vida.

Com relação, portanto, a esta segunda técnica, gostaria de utilizar algumas palavras da Bíblia, substituindo a palavra "fé" pela palavra "luz", Ofereço-lhes esta definição: A luz é a substância das coisas esperadas, a evidência de coisas não vistas. Esta é talvez uma das definições da luz mais ocultistas do mundo que jamais foi dada, e seu verdadeiro significado tenciona-se revelar dentro de duas gerações. A palavra "fé" é um bom exemplo do método de tornar "cegas" algumas das antigas verdades, a fim de que sua significação não possa ser revelada prematuramente. Luz e substância são ternos sinônimos. Alma e luz o são igualmente, e nesta igualdade de ideia - luz, substância, alma - temos a chave para a fusão e a unificação que Cristo expressou para nós de forma tão completa em Sua vida na Terra.

Portanto, quando os estudantes e aspirantes fizerem progresso no contato com a alma, eles terão dado um dos primeiros passos importantes na compreensão da luz e de seus usos. Eles devem, no entanto, ser cuidadosos para não confundir a luz que eles podem ativar na vida, circunstâncias, eventos, e no ambiente, com a intuição. A luz com a qual estamos lidando se expressa nos três mundos e revela forma e formas, suas reações e efeitos, sua miragem e encanto atrativo, e seu poder para iludir e aprisionar a consciência. A luz a que nos referimos é a luz da alma, iluminando a mente e trazendo a revelação do mundo das formas, no qual aquela vida está imersa.

A intuição não diz respeito a absolutamente nada dos três mundos da experiência humana, mas somente às percepções da Tríade Espiritual, e ao mundo das ideias. A intuição é para o mundo do significado o que a mente e para os três mundos da experiência. Ela produz a compreensão, da mesma forma como a luz da alma produz o conhecimento, por meio daquela experiência. O conhecimento não é uma reação puramente mental, mas e algo que é encontrado em todos os níveis: e é instintivo de alguma forma em todos os reinos. Isto e axiomático. Os cinco sentidos trazem conhecimento do plano físico: a sensibilidade psíquica traz um conhecimento do plano astral; a mente traz percepção intelectual, mas todos os três são aspectos da luz do conhecimento (vindo da alma) da maneira como ela informa seus veículos de expressão no vasto ambiente tríplice no qual ela escolhe se aprisionar para fins de desenvolvimento.

Numa volta mais alta da espiral, a intuição é a expressão da Tríade Espiritual, colocando-a em relação com os níveis mais elevados da expressão divina; ela é o resultado da vida da Mônada - uma energia que conduz à revelação do propósito divino. É no mundo desta revelação divina que o discípulo aprende finalmente a trabalhar, e no qual o iniciado funciona conscientemente. Desta experiência mais elevada, a vida ativa dos três mundos é uma expressão distorcida, mas constitui também o campo de treinamento no qual a capacidade para viver a vida do iniciado de percepção intuitiva e de servir ao Plano, é lentamente desenvolvida. Estas distinções (no tempo e no espaço, porque todas as distinções são parte da grande ilusão, ainda que necessárias e inevitáveis quando a mente controla) devem ser cuidadosamente consideradas. Os discípulos chegarão a um ponto em seu desenvolvimento, em que eles saberão se estão reagindo à luz da alma ou à percepção intuitiva da Tríade. Eles chegarão então ao ponto em que vão entender que a percepção intuitiva - como eles a chamam - é somente a reação da personalidade iluminada à tendência de identificação da Tríade. Mas estes conceitos estão além do alcance do homem comum, porque a fusão e identificação não são em absoluto a mesma coisa.

As regras para a Técnica da Luz foram adequadamente apresentadas no sistema de Raja Ioga de Patânjali, das quais os cinco estágios de Concentração, Meditação, Contemplação, Iluminação, e Inspiração, são ilustrativos. Estes por sua vez, devem ser acompanhados em paralelo pela obediência às Cinco Regras e aos Cinco Mandamentos. Peço-lhes que os estudem. Eles, por sua vez, produzem os diversos resultados de sensibilidade psíquica, da qual o contato hierárquico, iluminação, serviço e disciplina são descritivos, e finalmente, o estágio de "unidade isolada"', que é o termo paradoxal usado por Patânjali para descrever a vida interior do iniciado.

A maior parte do que disse acima é bem conhecida de todos aspirantes, quer estudem os ensinamentos de Raja Ioga da Índia, ou a vida de misticismo prático como indicada por místicos tais como Meister Eckhart e por esoteristas modernos mais polarizados mentalmente. Estes últimos foram além da visão mística, pela realização da fusão. Não é necessário alongar-me sobre isto. Este é o estágio superior de unidade que todos os místicos testemunham.

O que nos interessa aqui é como esta luz é reconhecida, apropriada, e usada para dispersar a miragem, e prestar um serviço profundamente esotérico ao mundo. Poderia ser dito que a luz interior é como uma lanterna, balançando no mundo da miragem e da luta humana, que um Mestre chamou "o pedestal da alma e a torre ou farol espiritual". Estes termos transmitem a ideia de altitude e distância, que são tão características do enfoque místico. O poder de usar esta luz como um agente dissipador só aparece quando estes símbolos são abandonados e o servidor começa a encarar a si mesmo como luz e como o centro de irradiação. Aqui está a razão de alguns aspectos técnicos da ciência ocultista. O esoterista sabe que em cada átomo do seu corpo encontra-se um ponto de luz. Ele sabe que a natureza da alma é luz. Por eons, ele caminha por meio da luz engendrada em seus veículos, pela luz dentro da substância atômica de seu corpo, e é portanto, guiado pela luz da matéria. Mais tarde, ele descobre a luz da alma. Ainda mais tarde, ele aprende a fundir e misturar a luz da alma com a luz da matéria. Então ele brilha como um portador da Luz, a luz purificada da matéria e a luz da alma sendo misturadas e focalizadas. O uso desta luz focalizada, da forma como ela dispersa a miragem individual, ensina ao discípulo os primeiros estágios da técnica que vai dispersar a miragem do grupo, e eventualmente a miragem mundial, e este é o próximo ponto que vamos abordar.

O tema que estamos abordando - a luz da alma como dissipadora da miragem nos três mundos - é o assunto mais prático, útil e necessário para estudo atualmente; está relacionado com o plano astral, e o serviço a ser prestado é vital e oportuno. A libertação do mundo do indivíduo e da humanidade como um todo, da miragem envolvente que mantém a humanidade em escravidão, é uma necessidade essencial para a raça humana. A nova era que desponta ao final da guerra distinguir-se-á pela sua polarização mental e consequente liberdade da miragem; então a ilusão assumirá o controle por algum tempo, até que a intuição esteja bem desenvolvida. Esta ilusão produzirá resultados inteiramente diferentes daqueles que ocorrem quando os homens vivem e trabalham no meio da miragem. A segunda característica da nova era será o enfoque científico à totalidade da problemática da miragem, que será então reconhecida como aquilo que realmente é, e será cientificamente dissipada pelo uso das mentes iluminadas dos grupos, trabalhando em uníssono exatamente para aquele propósito.

Portanto, a proposição que estou apresentando para vocês (que são os aspirantes e discípulos do mundo), é a possibilidade de um serviço mundial definido. Grupos serão finalmente formados com aqueles que estão trabalhando na dissipação da miragem em suas vidas individuais, e que estão fazendo isto não tanto para conseguirem a sua própria libertação, mas com o objetivo especial de livrar o plano astral de suas miragens significativas. Eles trabalharão unidos em alguma fase importante da miragem mundial, através do poder de suas mentes iluminadas individuais - de forma unida eles vão direcionar "o farol da mente, refletindo a luz do sol, mas ao mesmo tempo irradiando sua própria luz interior sobre as brumas e nevoeiros da Terra porque nestas brumas e nevoeiros todos os homens tropeçam. Dentro da esfera iluminada pela luz irradiante focalizada, a realidade vai- se destacar de forma triunfante".

É interessante anotar que a prece mais antiga do mundo refere-se aos três aspectos da miragem, e é para estes que as três técnicas devem ser usadas para tornar possível a libertação e o progresso. Como vocês sabem, esta prece diz o seguinte (Brihadaranyaki Upanishad I, 3, 28):

"Conduze-nos, Ó Senhor, da escuridão para a luz; do irreal para o real; da morte para a imortalidade".

"Conduze-nos da escuridão para a luz" refere-se à mente, à medida que ela se torna finalmente iluminada pela luz da intuição; esta iluminação é alcançada por meio da Técnica da Presença por Quem a luz brilha. Este é o fator mediador produzindo a Transfiguração da personalidade, e uma luz central radiante sobre o plano mental. Esta afirmação é verdadeira quer se trate de um indivíduo, quer daquele ponto focal de luz que é formado pela unidade mental e o pensamento claro da humanidade avançada. Estas, pelo poder de suas mentes unificadas, conseguirão livrar o mundo de alguns aspectos da Grande Ilusão.

"Conduze-nos do irreal para o real" relaciona-se especificamente ao plano astral e suas miragens todo abrangentes. Estas miragens incorporam o irreal apresentando-o aos prisioneiros do plano astral, levando-os a confundirem-no com a Realidade. Este aprisionamento pela miragem pode ser terminado pela atividade da Técnica da Luz, utilizada por aqueles que trabalham - em formação grupal - para a dissipação da miragem, e para o aparecimento na consciência dos homens de uma clara concepção e reconhecimento da natureza da Realidade.

Este trabalho particular de dissipação é o nosso tema imediato. É de importância vital que, aqueles que reconhecem a porta aberta para o futuro, pela qual todos os homens devem passar, deveriam começar a levar adiante este trabalho. Somente assim pode a humanidade ser ajudada a deixar para trás os erros, as miragens, e os fracassos do passado. É esta técnica que proporciona a libertação da miragem e pode transformar a vida humana, e assim promover a nova civilização e cultura. Esta dissipação pode ser efetuada por discípulos em todas as partes do planeta, ajudados pelos aspirantes do mundo; será, no entanto, primordialmente o trabalho daqueles cujo raio torna a vida astral a linha de menor resistência, e que aprenderam, ou estão aprendendo, a dominá-lo pelo poder do pensamento e luz mental. Estes são as pessoas do sexto raio, em primeiro lugar, ajudados pelos aspirantes e discípulos do segundo e quarto raios.

No tempo e no espaço, esta tarefa será primeiramente instituída e controlada, na formação de grupo, somente por aspirantes cujos raios da alma ou da personalidade sejam o sexto, ou por aqueles cujos corpos astrais estejam condicionados pelo sexto raio. Quando eles compreenderem a natureza do trabalho a ser feito, e "fanaticamente adotarem a técnica da luz a serviço da humanidade", seu trabalho será completado pelos discípulos do segundo raio, trabalhando dos Ashrams daqueles Mestres Que aceitam discípulos. O trabalho feito por estes dois grupos será finalmente revelado (bem mais tarde) por aqueles aspirantes e discípulos, que vão entrar em atividade astral quando o quarto raio recomeçar a manifestar-se. Portanto, o trabalho da dissipação da miragem é levado a cabo por aqueles cuja manifestação ocorre pelas linhas de energia que incorporam o segundo, o quarto e o sexto raios. Insisto nisto porque os discípulos frequentemente executam tarefas para as quais eles não estão especialmente aptos, e cujos raios não os ajudam na realização, e às vezes impedem esta realização.

Todo este assunto está relacionado à consciência, ao segundo aspecto, e se relaciona às formas pelas quais a humanidade torna-se progressivamente consciente. A miragem é causada pelo reconhecimento daquilo que o próprio homem criou, e como tem sido dito ocultamente, "O homem só acorda para a realidade quando ele destrói aquilo que ele mesmo Criou". Estas formas enquadram-se em dois grandes grupos:

1. Aquelas formas que são de uma origem muito antiga, e que são o resultado da atividade humana, do pensamento humano e do erro humano. Elas englobam todas as formas que a natureza do desejo do homem criou ao longo dos tempos, e que são a substância nebulosa da miragem - nebulosa do ângulo físico mas densa do ângulo do plano astral. São elas que oferecem o incentivo por trás de toda aspiração e atividade do plano exterior, à medida que o homem procura satisfazer o desejo. Destas formas o aspirante individual sempre terá que se livrar, emergindo em seguida pelo portal que chamamos a segunda iniciação, para uma consciência mais ampla.

2. Aquelas formas que estão sendo constantemente criadas e produzidas sem cessar em resposta a natureza da aspiração da humanidade, e que oferecem os incentivos que levam o homem, inicialmente, à busca da alta realização pessoal e, mais tarde, à realização espiritual. Elas têm em si as indicações do novo e do possível. Estes constituem igualmente (por mais que pareça estranho) uma miragem, porque são temporários e ilusórios, e não se deve permitir que ocultem o Real. Esta Realidade vai se precipitar no momento certo, quando a luz superior jorrar. São indicativas do Real e são frequentemente confundidas com o Real, estão em conflito com os velhos pensamentos e desejos do passado e devem eventualmente abrir espaço para a presença factual do Real. Elas oferecem (em períodos de crise), o grande teste para todos os aspirantes e discípulos, evocando o tipo mais sutil de discriminação, mas uma vez passado o teste triunfalmente, pode então a tarefa de dissipar ambos os tipos de miragem ser dada do discípulo e ao aspirante, com ênfase na necessidade imediata ou em alguma miragem mundial particular e corrente.

Torna-se aparente, portanto, que os grupos trabalhando conscientemente no serviço de dissipação da miragem, terão as seguintes características:

1. Serão compostos de aspirantes e discípulos do sexto raio, ajudados por trabalhadores espirituais do segundo raio.

2. Serão formados daqueles que:

a. Estejam aprendendo, ou já aprenderam, a dissipar suas próprias miragens individuais, e podem trazer compreensão à tarefa.

b. Estejam focalizados no plano mental e tenham, portanto, alguma medida de iluminação mental. Eles dominam a Técnica da Luz.

c. Estejam cientes da natureza das miragens que estão tentando dissipar, e possam usar a mente iluminada como um farol.

3. Entre seus membros eles contarão com aqueles que (falando ocultamente) têm os seguintes poderes em processo de desenvolvimento acelerado:

a. O poder de reconhecer não somente a miragem como ela é, mas de discriminar entre os muitos variados tipos de miragem.

b. O poder de apropriar-se da luz, absorvendo-a em si próprios e então, consciente e cientificamente, projetá-la no mundo da miragem. Os Mestres, os iniciados avançados e os discípulos mundiais fazem isto sozinhos, se necessário, não precisando da proteção do grupo, ou da ajuda da luz dos membros do grupo.

c. O poder de usar a luz, não somente pela absorção e projeção, mas também pelo uso consciente da vontade, levando a energia para o raio da luz projetada. A isto eles acrescentam um foco firme e persistente. Este raio de luz, assim projetado, tem uma dupla utilidade: Ele trabalha expulsiva e dinamicamente, semelhante a um vento forte, que sopra ou dissipa um nevoeiro denso, ou como os raios do sol secam e absorvem a névoa. Ele age também como um raio de luz, pelo qual aquilo que é novo e uma parte da intenção divina pode entrar. As novas ideias e os ideais desejáveis podem entrar "no raio de luz", da mesma forma como o farol direciona e traz os aviões para a pista de aterrissagem desejada.

a. A Dissipação da Miragem Individual

Primeiramente vamos considerar o modo pelo qual o aspirante individual pode ser bem sucedido em dissipar as miragens que por muitas eras condicionaram a sua vida nos três mundos. Ele foi dominado pelo desejo por quatro-quintos de sua experiência encarnada. Ele começou a transmutar seu desejo em aspiração, e a procurar - com toda a devoção, emoção e aspiração de que ele é capaz - a realização. É neste momento que ele se torna consciente da terrível natureza da miragem em que ele caminha automática e normalmente. A miragem apareceu quando o homem reconheceu e registrou o desejo como um incentivo, demonstrando assim sua humanidade e sua distinção do animal, porque é a mente que revela a existência do desejo. O esforço instintivo para satisfazer o desejo - inato e inerente na natureza inferior - deu lugar a esforços planejados para satisfazer o desejo, envolvendo o uso diretor da mente. Assim, a linha de demarcação entre o animal e o humano tornou-se cada vez mais aparente, e a primeira expressão básica do puro egoísmo apareceu eons atrás. Mais tarde, à medida que a evolução prosseguiu e o desejo transferiu-se de uma satisfação planejada para outra, começou a tomar um aspecto menos físico, e os homens procuraram o prazer na experiência emocional e na sua dramatização: isto levou ao estabelecimento do drama como sua primeira expressão artística individual; por meio disso, através dos tempos, o homem suplementou a vida dramática emocional individual com uma submersão representativa dela, exteriorizando assim a si mesmo, e suplementando seus dramas pessoais, desejos e objetivos, com aqueles que foram desenvolvidos por meio da imaginação criativa, assim lançando o fundamento para o reconhecimento - inteligente e real - da parte em relação ao todo. Assim, desde o início dos tempos de Atlântida, foi lançada a base para o desenvolvimento do senso de dualidade mística, através dos vários estágios de um reconhecimento antropomórfico da deidade, até o reconhecimento do real no próprio homem, até que finalmente chegamos á proposição com a qual o discípulo se defronta. Então o Morador do Umbral confronta o Anjo da Presença, e ocorre o último e maior conflito.

Esta consciência dualista culmina no momento da terceira iniciação, na luta final entre os pares de opostos, com a vitória triunfante do Anjo - a encarnação das Forças do Bem no indivíduo, no grupo e na humanidade. É então que o dualismo e o desejo por aquilo que é material e não o próprio Eu (como identificado com o Todo) desaparece. A unidade e a "vida mais abundantemente" são obtidas.

O processo seguido pelo discípulo que está trabalhando conscientemente na dissipação da miragem em sua vida, pode ser dividido em quatro estágios, aos quais podem ser dadas as seguintes definições:

1.O estágio de reconhecimento da miragem ou miragens que escondem o Real. Estas miragens são dependentes, em qualquer crise de vida particular, do raio da personalidade.

2. O estágio de focalização da consciência do discípulo no plano mental, e a concentração da luz sobre aquele ponto focal, para que a iluminação seja clara, o trabalho a ser feito seja visto com precisão, e o farol da mente seja direcionado para a miragem que se tenciona dissipar.

3. O estágio da direção. Este envolve o fluxo firme de luz (sob uma direção inteligente) para os lugares escuros do plano astral, lembrando que a luz permitirá ao discípulo fazer duas coisas:

a. Dissipar a miragem - uma experiência satisfatória,

b. Ver o Real - uma terrível experiência, meu irmão.

4. O estágio de identificação com o Real, à medida que ele for contatado, após a dissipação da miragem. Na luz adicional agora disponível, haverá outro reconhecimento de miragens mais sutis, que por sua vez devem ser dissipadas.

Este processo de reconhecimento, focalização, dissipação, e consequente revelação continua sem parar, do momento em que o discípulo trilha o Caminho do Discípulo Aceito até a terceira iniciação.

A chave para todo o sucesso neste processo, portanto, está relacionada à meditação e à manutenção da mente firme na luz. Somente pela firmeza pode o raio de luz ser formado, intensificado, focalizado e projetado, e então no momento certo - retirado. Não posso abordar aqui a elucidação do processo de meditação, baseado na compreensão correta da natureza da concentração, Escrevi muito sobre o assunto e a disciplina da Raja Ioga é bem conhecida. A concentração e controle mental são, atualmente, o tema básico de todas as instruções dadas por educadores e pais esclarecidos. É difícil para uma pessoa comum, atualmente, entender que houve um tempo quando frases como: "Use a sua mente", ou "Se você ao menos pensar", ou "Um pouco de controle mental de sua parte será útil", eram totalmente desconhecidas porque a mente era muito pouco desenvolvida. Só era reconhecida então como um fator em funcionamento por aqueles com consciência de iniciado. O Caminho da Evolução é na verdade, o caminho dos reconhecimentos, levando à revelação. Todo o processo evolutivo é de caráter iniciático, levando de uma expansão de consciência à outra, até que os mundos da forma e sem forma sejam revelados à luz que o iniciado gera, e na qual ele caminha. Estas luzes são variadas e revelam diferentemente; há:

1. A luz da própria matéria, encontrada em cada átomo de substância.

2. A luz do veículo vital ou etérico - uma luz que é o reflexo da Luz Una, porque ela unifica os três tipos de luzes nos três mundos.

3. A luz do instinto.

4. A luz do intelecto ou a luz do conhecimento.

5. A luz da alma.

6. A luz da intuição.

Passamos de luz a luz, de revelação a revelação, até sairmos do campo da luz para o campo da vida que é ainda, para nós, pura escuridão.

É óbvio que esta luz crescente traz consigo uma série de revelações desenvolvendo-se constantemente, que como tudo o mais no mundo da experiência, abre aos olhos primeiramente o mundo das formas, depois o mundo dos ideais, e depois a natureza da alma, das ideias e da divindade. Estou escolhendo somente umas poucas palavras que incorporam a revelação, e que são de caráter simbólico. Mas todas estas revelações constituem uma grande revelação unificada, que está lentamente desabrochando ante os olhos da humanidade. A luz do eu pessoal inferior revela ao homem o mundo da forma, da matéria, do instinto, do desejo e da mente; a luz da alma revela a natureza da relação destas formas de vida com o mundo sem forma e do conflito entre o real e o irreal. A luz da intuição revela diante da visão da alma dentro da personalidade, a natureza de Deus e a unidade do Todo. A inquietação do desejo material, procurando sua satisfação nos três mundos, finalmente cede lugar à aspiração pelo contato com a alma e a vida da alma. Isto por sua vez é reconhecido como um passo em direção àquelas grandes experiências fundamentais, às quais damos o nome das cinco principais iniciações. Estas revelam ao homem o fato até então não compreendido de sua não - separatividade, e da relação de sua vontade individual com a vontade divina.

Vamos agora estudar o modo pelo qual estas fases do trabalho no plano astral são desenvolvidas: primeiro, o indivíduo aprende a usar a luz da mente, gerada pela alma, à medida que ela se torna intimamente relacionada com a personalidade e impulsionada pela intuição. Por meio desta luz o discípulo aprende a dissipar suas miragens pessoais e privadas. Menciono isto, porque gostaria que vocês apreciassem a extensão da tarefa que um homem executa quando ele conscientemente começa a se livrar da miragem em preparação para um longo serviço. Ele está então em conflito com toda a miragem do plano inteiro, e pode ser sobrepujado pela compreensão daquilo que ele enfrenta.

Esta é uma das causas da profunda depressão, e daqueles profundos complexos de inferioridade que tornam algumas pessoas inteiramente fúteis ou a levam até o suicídio. Suas próprias miragens pessoais as amarram às miragens nacionais ou planetárias, e portanto, condicionam sua expressão de vida e seu pensamento. Peço-lhes para se lembrarem disto, quando lidarem com pessoas que se encontram determinadas em suas ideias, sendo incapazes de verem a verdade como vocês a vêm. Elas são como são, porque sua miragem individual é alimentada pelas grandes miragens, e isto ainda é demasiado para elas.

Não é minha intenção lidar especificamente com miragens particulares, mas dar a vocês uma fórmula que - com pequenas modificações e acréscimos - pode servir ao indivíduo e ao grupo na tarefa de erradicar a miragem. Inicio dizendo que a primeira necessidade é para o homem conscientizar-se de que suas reações, ideias, desejos e experiências de vida, no que concerne à sua natureza emocional, são condicionadas por uma ou várias miragens, e que ele é a vítima de diversas miragens, engendradas ao longo de muitas vidas, profundamente enraizadas em sua história passada e às quais ele reage instintivamente. Chega o momento, no entanto, em que o discípulo probacionário torna-se consciente destas miragens instintivas e as reconhece logo que aparecem, mesmo reagindo a elas; ele procura se livrar, inicialmente trabalhando espasmodicamente, procurando usar a mente para encontrar uma solução racional para elas; e alternando entre o sucesso temporário - quando pode com deliberação agir como se livre da miragem - e longos períodos de derrota, quando ele está vencido, não pode ver nenhuma luz e age como uma pessoa cega e confusa. Isto indica que ele é puxado como que por um imã (a força da antiga miragem acumulada com seus efeitos cármicos) para o meio da própria miragem que estaria procurando evitar. Mais tarde vem o estágio (um resultado deste processo de alternância), quando a pulsão da alma começa a neutralizar a pulsão destas miragens: ele aspira à liberdade de expressão, e à libertação do controle do plano astral. Ocorre então o processo de equilíbrio.

É durante este estágio que a meditação é instituída, para que o homem se torne consciente da luz da alma à medida que ela se mistura com a luz inerente do corpo mental, e esta luz misturada firmemente se intensifica, à medida que ele persiste em seu trabalho de meditação. Chega um ponto em que o aspirante descobre que esta luz interna pode ser usada, e ele começa, por tentativas, com altos e baixos, a direcionar esta luz para os problemas de sua miragem particular. É neste momento também, que utilizamos a Técnica da Luz, empregando-a de tal forma que a vaga técnica não científica do passado chega a um fim. A técnica indicada é útil somente ao homem que sabe algo sobre a luz da mente, sobre a luz na cabeça, e sobre a luz da alma. A luz na cabeça é produzida pela reunião, de forma especificamente planejada, da luz da alma com a luz da personalidade, focalizadas no corpo mental, e produzindo um efeito no cérebro. Este processo de focalização ocorre em três estágios:

1. A tentativa de focalizar a luz da mente e da matéria no veículo mental. Isto significa juntar a luz da matéria e da substância (luz material densa e etérica) e a luz da própria mente. Não existe luz peculiar ou específica no corpo, ou do corpo astral, propriamente dito, porque ele é somente um agregado de formas, criadas pelo homem individual, pelas nações e pelas raças, e estas, em sua totalidade, constituem o plano astral, e não possuem luz inerente como ocorre com outras formas. Elas não são criadas como uma forma de expressão para alguma vida dinâmica pelo Logos planetário, e isto é o verdadeiro significado do que lhes havia dito anteriormente, que o plano astral na realidade não existe. Ele é a criação fantasmagórica do desejo humano ao longo das eras, e sua falsa luz é um reflexo, ou da luz da matéria ou da mente. Este processo de focalização é feito pelo alinhamento e pelo esforço de trazer a um ponto de iluminação a luz positiva da mente e a luz negativa do cérebro, e é levado a cabo pelo controle mental, desenvolvido na meditação. Quando estes dois polos opostos estão em relação, então (por um ato da vontade da personalidade) estes dois aspectos da luz menor podem formar um minúsculo ponto de luz - como uma pequena lamparina - revelando alguma fase da miragem à qual o aspirante responde mais facilmente. A natureza desta primeira luz focalizada não lhe permite fazer mais do que revelar. Ela não tem poder de dissipação, nem pode tornar sem efeito a miragem existente. Ela só pode tornar um homem consciente em sua atividade vigil ou cerebral, que a miragem o retém. Isto está relacionado ao estágio de concentração no processo de meditação.

2. O segundo estágio do processo de focalização é produzido através do esforço para meditar. No estágio anterior, a mistura das duas luzes materiais foi inteiramente um processo de forma, e o aspirante é ativado inteiramente pelas forças e conveniências da sua personalidade. Uma ilustração disto e de sua eficácia, pode ser vista no homem que, por motivos puramente egoístas, através de uma intensa concentração, focaliza sua mente e realiza a gratificação de seus desejos e a consecução de seus objetivos. Ele liquida com todas as reações emocionais e vai muito longe na dissipação da miragem. Ele desenvolve a habilidade de utilizar a luz da matéria (matéria física e substância mental), gerando assim uma falsa luz, da qual a luz da alma é rigorosamente excluída. É este poder que finalmente produz o mago negro. Ele desenvolveu a capacidade para servir-se da energia da luz da matéria, e de localizá-la tão poderosa e efetivamente, que ele se torna uma grande força destrutiva. Foi isto que deu a Hitler, e aos seis homens maus associados a ele, o poder para destruir no plano material. Mas, no caso de um aspirante, o poder de meditar sobre a realidade espiritual e de contatar a alma compensa os perigos inerentes à localização e ao uso da luz da matéria somente; a luz da alma é acrescentada à luz inferior da matéria, e então estas duas luzes combinadas, ou aspectos da Luz Una, são focalizadas no plano mental pelo poder da imaginação criativa. Isto possibilita ao homem, finalmente, dissipar a miragem e libertá-lo do plano astral.

3. O terceiro estágio é aquele em que a luz da matéria, a luz da mente e a luz da alma (como um canal para a intuição), são conscientemente combinadas, fundidas e focalizadas. O homem então direciona esta luz combinada, sob a direção da alma, sobre o mundo da miragem, e sobre a miragem particular com a qual ele está preocupado a qualquer momento. A luz falsa do plano astral desaparece nesta combinação de luz tríplice, como um fogo pode ser praticamente apagado se submetido inteiramente aos raios do sol; ou uma lente, localizando os raios do sol, pode começar um incêndio destruidor. E o uso de uma luz poderosa que pode obliterar uma luz menor, e dissipar um nevoeiro.

Tudo isto tem que ser levado a cabo com compreensão e conscientemente, como preliminar ao uso da própria técnica. Seu trabalho será inicialmente experimental, e finalmente aplicado cientificamente. Será baseado no reconhecimento da verdade - uma verdade que é enfrentada e aceita. Este trabalho não é uma forma de racionalização, ainda que este preceda o trabalho científico definitivo que estou delineando; não é o cultivo de novos interesses de tipo mental e espiritual, que gradualmente superpõem-se ao desejo, afastando a miragem. Tudo isto é de caráter preparatório, e leva a um desabrochar que prepara o aspirante para trabalhar cientificamente; não é um processo de "matar o desejo" como ensinam algumas escolas de pensamento, mas é um processo de erradicar gradualmente o desejo por uma disciplina severa e um duro treinamento no trabalho, sendo que isto, de forma incidental, redunda na dissipação da miragem. Tais foram as técnicas lentas do passado. Hoje o processo deve ser mudado porque um número suficiente de pessoas são agora produto da compreensão e podem trabalhar de forma sábia e também científica.

O processo que estou desenvolvendo para vocês promove uma dissipação rápida e efetiva, e é baseado na aceitação da hipótese da luz, no reconhecimento do fato que o plano astral não tem existência verdadeira, no treinamento do uso da imaginação criativa, e no seguimento estrito de instruções, individualmente e como um grupo.

É minha intenção apresentar duas fórmulas - uma para uso do indivíduo, e a outra que grupos possam usar como sua contribuição para o esforço unificado para a dissipação da miragem, seja da miragem de grupo ou em relação a algum aspecto da miragem mundial prevalente. Duas coisas se tornarão aparentes para vocês:

Primeiro: que os que participam da erradicação da miragem devem ser capazes de distinguir entre a miragem e a realidade. Estas frequentemente se parecem muito num exame superficial. Eles devem estar em posição de reconhecer que uma condição emocional ou astral constitui um véu sobre a verdade, e é uma distorção da apresentação ou da aparência da expressão de divindade do indivíduo ou do grupo. Portanto, eles devem ser capazes de visão, de pensamento claro, e de reconhecimento imediato com relação ao que está impedindo a materialização daquela visão, e a recepção acurada da verdade. Eles também devem ser capazes de distinguir entre uma miragem importante e uma secundária. Uma miragem secundária, um pensamento-forma passageiro e evanescente de natureza facilmente reconhecível, não requer o uso de qualquer das fórmulas. Essa miragem sem importância seria um sentimento de autopiedade num indivíduo, ou a glorificação de alguma pessoa notável, por um indivíduo, grupo ou nação. O tempo e o bom senso são suficientes para cuidar de tais situações. Uma miragem importante no, mundo (antes da guerra) foi a ênfase dada às posses, e a crença que a felicidade dependia das coisas, dos bens materiais e do conforto.

Segundo: que os três estágios de focalização, referidos anteriormente, constituem um processo preparatório. Estes três estágios devem ser desenvolvidos de alguma forma antes que o uso efetivo das fórmulas seja possível, e os que pretendem trabalhar na tarefa de livrar o mundo da miragem, devem se submeter constantemente a estas fases na arte da polarização, se posso assim chamá-la. Eles devem ter uma compreensão da aparelhagem do pensamento, da criação de pensamentos-forma, da natureza do pensador. Eles devem estar emocionalmente polarizados, porem, relativamente livres do controle astral no trabalho de grupo. Esta libertação do astral deve, até certo ponto, controlar a escolha daqueles que vão trabalhar nas principais dissipações. No caso do indivíduo que está procurando destruir a miragem na sua vida individual, ele deveria estar mentalmente polarizado por decisão e esforço, mesmo se a natureza emocional for para ele a linha de menor resistência em qualquer vida. Aqueles que trabalham em formação grupal devem ter conseguido uma medida de enfoque mental, mas para os propósitos do trabalho a ser feito eles deverão se focalizar consciente e deliberadamente no plano emocional, através do controle de suas naturezas. Os trabalhadores devem, portanto, ter praticado meditação, ter refletido sobre a natureza do pensamento e seus usos, e devem estar conscientes da luz interior.

Quando estes três estágios tiverem sido estabelecidos como atividades relacionadas, hábitos e reações automáticas, e quando a intenção tiver sido fixada, e a habilidade para focalizar se tiver tornado uma reação quase instintiva, então um trabalho sólido e efetivo poderá ser feito; a este trabalho devem ser acrescentadas a persistência e a paciência. Não é necessário, devo acrescentar, ter conseguido perfeição no processo antes de iniciar este trabalho e serviço. Os discípulos e aspirantes devem cultivar a consciência de cooperação, e a compreensão de que no serviço, tal como é proposto, eles estão definitivamente participando da atividade hierárquica e estão, portanto, em posição de prestar ajuda, mesmo que eles não possam - sozinhos e sem ajuda - alcançar os resultados desejados. Eles podem apressar o processo pela sua ajuda conjunta. O poder do esforço unido no plano físico está sendo realizado atualmente em larga escala, e o esforço de guerra em todos os países apressou enormemente esta compreensão. O poder da emoção unificada (frequentemente se expressando naquilo que é chamada psicologia de massa) é reconhecido em toda parte, sendo tanto temido como explorado. O poder do pensamento unificado é ainda pouco entendido, e o poder inerente na luz de muitas mentes, tornando-as instrumentos efetivos em assuntos mundiais, penetrando e dissipando a miragem, e provando-se criativo no plano físico, será comprovado como uma parte dos novos modos de trabalho que serão empregados na nova era. Para isto, a Hierarquia planejou e trabalhou, e agora está preparada para testar a eficácia daquele trabalho, organizando um grupo ou grupos que vão trabalhar no problema da miragem.

Vocês podem ver, consequentemente, que aquilo que estou delineando é relativamente novo. Uma leve impressão da futura técnica, no que concerne ao indivíduo, foi registrada. Homens e mulheres em toda parte estão tentando se livrar da miragem pelo poder do pensamento claro, da disciplina rígida e do bom senso, e pela lembrança consciente da sua relação com o todo - o que os leva a eliminar de suas vidas tudo o que poderia dificultar os outros ou aumentar a ilusão mundial através da miragem. A isto será acrescentada (talvez como um aspecto da nova religião mundial atualmente a caminho da exteriorização) a compreensão de que grupos podem ser bem sucedidos em acabar com as miragens que obscurecem o caminho da humanidade em direção ao seu objetivo, pelo poder do pensamento combinado e projetado.

A fim de dar o primeiro passo em direção a atividade unida de grupo nesta linha de serviço, apresento uma fórmula ou ritual de grupo que - se empregada por aqueles cujas vidas estão relativamente livres da miragem, que são realistas, e que são reconhecidos pelo grupo como sendo assim relativamente livres, e que são animados por boa intenção - fará muito para acabar com certos aspectos da miragem mundial. Seus esforços, combinados com o de grupos similares, irão enfraquecer de tal forma as antigas miragens que o "Dia do Esclarecimento" finalmente chegara.

Em primeiro lugar, no entanto, deixe-me oferecer rapidamente para uso do aspirante individual, uma fórmula pela qual ele pode ajudar na libertação da sua miragem ou miragens particulares. Vou tabular o processo, e o aspirante faria bem em segui-lo tal como dado, não tendo em mente nenhum sentido de tempo, e tendo disposição para fazer este trabalho regularmente por meses, e se necessário Por anos até se libertar e a luz entrar no plano astral, por meio do seu corpo astral. Sugiro que nenhum aspirante tente atacar o problema da miragem como um todo, nem procure dissipar todas as miragens às quais ele é susceptível. Ele está lidando com um mal muito antigo, e com hábitos de miragem firmemente estabelecidos. Eles estão relacionados com aspectos de sua vida diária, com sua vida sexual ou com suas ambições, com suas relações com outras pessoas, com seus ideais e ideias favoritos, seus sonhos e visões. Ele deveria escolher a miragem que e mais aparente, e a que mais atrapalha num dado momento (e sempre existe uma), e para a sua dissipação ele deveria trabalhar conscientemente, se quiser lançar as bases para um serviço efetivo na dissipação da miragem mundial.

Fórmula para a Dissipação da Miragem
(Para o Indivíduo)

I. Estágios Preparatórios.

1. Reconhecimento da miragem a ser dissipada. Isto envolve:

a. Vontade de cooperar com a alma, de forma física, astral e mental, para ajudar no trabalho mais técnico. Pondere sobre as implicações desta frase.

b. Um reconhecimento das formas pelas quais esta miragem afeta a vida diária em todos os relacionamentos.

2. Os três estágios de localização apresentados devem ser cumpridos.

a. O estágio de focalização da luz da mente e a luz da matéria no veículo mental. Isto é feito por um processo de elevação, combinação e fusão, e para fazer isto é empregada a atividade da imaginação criativa.

b. O estágio de meditação que, com o tempo, efetua a fusão da luz da matéria, da luz da mente e da luz da alma, no plano mental.

c. O estágio em que se compreende que estas três luzes são uma luz unificada - um farol, pronto para ser focalizado na direção necessária.

3. O reconhecimento de dois aspectos de preparação:

a. Alinhamento da personalidade, para que os três aspectos da natureza inferior sejam vistos como constituindo uma personalidade em funcionamento.

b. Um ato de integração no qual a personalidade e a alma também são vistas como uma unidade. Isto é feito através da dedicação da personalidade à alma e sua aceitação pela alma.

Estas duas linhas de pensamento produzem um campo de pensamento magnético e conscientização no qual todo o trabalho é feito.

4. Uma pausa na qual o homem integral se prepara para o trabalho a ser feito. Da profunda preocupação com o estágio de contato com a alma e preparação inicial ele agora focaliza a sua mente atenta na miragem a ser erradicada, Isto não envolve uma consciência da miragem e de seus porquês e portantos. Isto significa voltar a atenção da alma-personalidade integrada para o plano astral e a miragem particular; a atenção não está voltada para o corpo astral do aspirante, procurando fazer o trabalho. Esta é uma afirmação de grande importância porque, ao destruir o tipo peculiar de miragem que lhe diz respeito, o aspirante ou discípulo começa a destruir a sua parte nela - aquilo nele que provê o contato com a miragem - e ao mesmo tempo ele está se preparando para o trabalho de grupo na mesma linha. Isto não é uma tarefa fácil.

II. A Técnica ou Fórmula.

5. Por um ato da imaginação criativa o operador procura ver e ouvir a alma - a fonte de luz e poder nos três mundos - sussurrando o OM na mente da personalidade que está atenta, à espera. Aí a luz e o poder da alma são retidos e mantidos pela personalidade positiva, pois uma atitude negativa não é desejável.

6. A luz e poder retidos, combinados com a luz dual da personalidade (focalizada, como sabemos, no plano mental), são vistas gerando uma luz intensa que pode ser visualizada como um farol de grande brilho e força. Ela deve ser vista como uma esfera de luz vívida e brilhante, mas ainda não irradiando ou projetando para fora.

7. Quando este ato de visualização parece ter sido realizado satisfatoriamente, uma pausa ocorre então, na qual o aspirante focaliza toda a vontade que ele tem, por trás da luz criada pela fusão das três luzes. Isto se refere ao estágio mencionado por Patânjali como o da "mente mantida firme na luz". Este uso da vontade - vontade da alma-personalidade - é dinâmico, sendo porém neste estágio tranquilo e não magnético ou irradiador.

8. A seguir vem o processo em que a miragem a ser dissipada e o farol da mente são levados ao relacionamento pelo poder do pensamento. A miragem e suas qualidades, e o farol e seu poder são reconhecidos como eles são, e o efeito ou efeitos a serem efetuados por este relacionamento são cuidadosamente avaliados. Isto não deve ser feito de tal forma que o processo da mente, a luz e o poder venham a fortalecer a já poderosa miragem. Deve ser feito de tal forma que no final do processo a miragem esteja consideravelmente enfraquecida e finalmente dissipada. Esta é uma importante realização.

9. Tendo conquistado a concentração necessária na medida do possível, o aspirante então (por um ato da vontade e da imaginação criativa) aciona o farol e vê um raio de luz vívido sendo emitido e atravessando a miragem. Ele deve visualizar um raio amplo e brilhante, fluindo da mente iluminada para o plano astral. Ele deve acreditar que assim é.

10. Vem então uma fase importante e difícil do trabalho em que o operador dá nomes à miragem e a vê no processo de dissipação. Ele ajuda o processo dizendo com tensão e inaudivelmente:

O poder da luz impede o aparecimento da miragem... (dá-lhe o nome).
O poder da luz nega a qualidade da miragem de me afetar.
O poder da luz destrói a vida por trás da miragem.

A enunciação destas três frases constitui uma afirmação de poder e de propósito, e deve ser feita num ponto de tensão, com a mente mantida alerta e com uma orientação positiva.

11. Outra vez a Palavra Sagrada é pronunciada com intenção, para produzir o que no linguajar oculto é chamado um "Ato de Penetração"; a luz é então vista realizando três coisas:

a. Provocando um impacto definido na miragem.

b. Penetrando a miragem e sendo absorvida por ela.

c. Dissipando-a lentamente; com o passar do tempo a miragem nunca mais será tão poderosa e finalmente desaparecerá completamente.

12. Segue-se um processo de retirada, no qual o aspirante consciente e deliberadamente retira o raio de luz e se reorienta para o plano mental.
Gostaria de lembrar que a miragem nunca é dissipada imediatamente. Sua origem é demasiadamente antiga. Mas um uso persistente desta fórmula enfraquecerá a miragem, e lenta e inevitavelmente ela desaparecerá, e o homem ficará livre daquele obstáculo particular. Isto pode parecer como uma fórmula muito longa, mas detalhei-a propositadamente da maneira mais completa possível, para que o aspirante possa compreender claramente o que se espera que ele faça. Com a devida prática e a observância estrita das condições requeridas, o aspirante a seguirá de maneira praticamente automática, e tudo do que então irá precisar será a fórmula reduzida ao seguinte esboço sumário:

Breve Esboço da Fórmula

1. Os Quatro Estágios Preparatórios:

a. Reconhecimento da miragem a ser dissipada.
b. O estágio de localização da luz da personalidade, a luz dual.
c. O estágio de meditação e o reconhecimento da luz maior.
d. Unificação da luz dual da matéria e da luz da alma, criando assim o farol da mente.

2. Um processo de alinhamento e de integração reconhecida.

3. Direcionamento deliberado do farol da mente para o plano astral.

A Fórmula

4. Atividade da alma e retenção da luz.

5. Geração e visualização do farol.

6. Evocação da vontade por trás do farol da mente.

7. A luz unificada gerada é voltada para a miragem pelo poder do pensamento.

8. Citação do nome da miragem e a afirmação tríplice.

9.O Ato de Penetração.

10. O Processo de Retirada.

Você verá, meu irmão, que na realidade o que estou fazendo é ensinar à futura geração como destruir aquelas formas de pensamento que mantêm a humanidade em servidão e que, no caso da miragem, são as formas que o desejo, a emoção, a sensibilidade ao ambiente, a crescente aspiração e velhos ideais tomaram, e que impedem a luz da alma de iluminar a consciência de vigília. As energias tomando forma no plano astral não são pura emoção e sentimento, envoltas em matéria astral pura, porque não existe tal coisa. Elas são os desejos instintivos, evocados pela substância em evolução do plano físico e esta, na sua totalidade, e pela atividade da família humana, está sendo redimida e elevada, até que um dia veremos a transfiguração daquela substância e a "Glorificação da Virgem Maria" - o Aspecto Materno relacionado com a divindade. Elas são também os pensamentos-forma descendentes que o ser humano em desenvolvimento está sempre criando e atraindo à manifestação no plano inferior, revestindo-as com a substância do desejo. Quando as formas descendentes de pensamento (um reflexo nos três mundos da vasta "nuvem de coisas cognoscíveis" no processo de percepção, como Patânjali a chama, e que paira sobre o plano búdico, aguardando precipitação) e a massa ascendente de demandas instintivas do aspecto inferior da unidade humana, e da humanidade como um todo, encontram-se num ponto de tensão, então temos o aparecimento do que é conhecido como o plano astral - uma esfera de atividade criada pelo homem. Os reinos subumanos da natureza não conhecem o plano astral; os reinos supraterrestres já o superaram e descobriram o segredo das suas ilusões e não mais o reconhecem, exceto como um campo temporário de experiência, onde vive o homem. Naquela esfera ele aprende o fato que a realidade não é "nenhuma destas mas somente Um e o Outro em relação mútua". Esta é uma das frases ocultistas que o discípulo tem que aprender a compreender, e que é descritiva da manifestação.

b. A Dissipação da Miragem de Grupo e da Miragem Mundial.

O trabalho grupal na dissipação da miragem mundial deve ser praticado (como será óbvio para vocês) por aqueles que estão trabalhando na dissipação da miragem em suas próprias vidas e que aprenderam a usar a fórmula que acabamos de apresentar. A maioria daqueles trabalhando nisto são aspirantes do sexto raio - aqueles que têm personalidades do sexto raio e cujo raio da alma é o sexto, além daqueles em todos os raios que têm veículos astrais poderosos do sexto raio. Estes são os trabalhadores mais efetivos em grupo, mas estão sujeitos a uma dificuldade importante. Apesar da aspiração e boa intenção, eles, raramente estão conscientes das miragens que os controlam. E extremamente difícil induzir um aspirante do sexto raio a admitir que ele está preso por uma miragem, especialmente quando ela é uma miragem de conotação espiritual, e de um caráter verdadeiramente superior. Nestes casos, a miragem é ampliada pela energia da devoção, que a enrijece e introduz uma qualidade que torna muito difícil de penetrá-la. Sua total confiança torna-se um sério obstáculo para trabalhar com uma visão clara, porque tudo isto tem que ser abandonado, antes que o trabalho de dissipação possa ser executado com sucesso. Pessoas do primeiro raio podem superar a miragem com relativa facilidade, quando elas se tornam conscientes dela como uma limitação da personalidade. As pessoas do terceiro raio são tão susceptíveis a ela como as do sexto raio, e suas mentes manhosas, deturpadoras e planejadoras, e a rapidez com que elas podem se iludir (e procuram iludir os outros com frequência), dificulta muito seu trabalho em acabar com a miragem. Sua tendência pronunciada para serem vítimas da miragem é evidenciada pela inabilidade do aspirante e discípulo do terceiro raio, em expressar claramente de forma verbal o que querem dizer. Ele se protegeu por muitas vidas por formulações de pensamento e de ideias tortuosas, e raramente consegue se expressar de forma clara. É por isto que pessoas do sexto e terceiro raios quase inevitavelmente são incapazes de lecionar. Estes dois grupos devem, portanto, aprender a usar esta fórmula, e eles iriam acelerar muito o processo de dissipação se si forçassem a falar e escrever seus pensamentos com clareza, se eles nunca fossem ambíguos, ou usassem de meias verdades ou sugestões. Eles deveriam enunciar claramente as ideias com que possam estar se ocupando.

A pessoa do sétimo raio se depara com a dificuldade de ser capaz de criar pensamentos-forma excessivamente claros, e portanto, as miragens que o controlam são precisas e definidas,e para ele, totalmente constrangedoras. No entanto, elas se cristalizam rapidamente e morrem facilmente por si mesmas. Os aspirantes do segundo raio geralmente estão totalmente conscientes de qualquer miragem que possa estar tentando retê-los, porque eles têm uma faculdade inata de clara percepção. Seu problema é liquidar em si mesmos, sua resposta rápida à atração magnética do plano astral, e de suas muitas e abrangentes miragens. Eles não respondem tão frequentemente a uma miragem, mas a todas as miragens, de uma forma relativamente temporária, mas a uma que, no entanto, retarda excessivamente seu progresso. Por causa de sua visão clara, eles acrescentam a essa sensibilidade à miragem, uma habilidade para sofrer por ela e para registrar a sua resposta como um pecado e um fracasso, e assim retardam sua libertação por uma atitude de inferioridade e sofrimento. Eles se beneficiariam enormemente pelo uso constante da fórmula, até chegar o momento em que estarão cientes da miragem ou miragens, mas não serão tocados por elas. As pessoas do quinto raio são as que sofrem menos com a miragem, mas são principalmente as vítimas da ilusão, e para elas a Técnica da Presença é sumamente importante, porque ela introduz um fator que a verdadeira pessoa do quinto raio está apta a negar e recusa-se a admitir, o fato do Eu Superior. Ela se sente autossuficiente. Elas respondem tão facilmente, e com tanta satisfação ao poder do pensamento; o orgulho em sua competência mental é o pecado que as aflige constantemente, e portanto, elas são determinadas em seus propósitos e preocupadas com o mundo do concreto e do intelectual. No momento em que o Anjo da Presença torna-se uma realidade para elas, sua reação à ilusão torna-se fraca e desaparece. Seu principal problema não é tanto a negação do corpo astral, porque elas tendem a desprezar o seu poder, mas elas têm uma grande dificuldade em reconhecer aquilo que a mente deveria revelar - o Self espiritual divino. Sua mente concreta interpõe-se entre elas e a visão.

As pessoas do quarto raio tendem particularmente a cair na miragem, e assim produzem uma condição que é de extrema dificuldade. Poderia definir seu problema dizendo que elas tendem a atrair sua ilusão para o plano mental, e aí revestirem-na com a miragem e têm consequentemente um problema duplo em suas mãos; elas são confrontadas com a unificação da miragem e da ilusão. No entanto, elas são o grupo de almas que finalmente revelarão a verdadeira natureza da intuição, e este será o resultado da sua luta ilusória e envolta em miragens do mundo das aparências.

Chegamos agora à consideração da fórmula a ser usada por aqueles que procuram servir à humanidade, através da deliberada destruição e dispersão das miragens que mantêm a humanidade em servidão e que sabem da necessidade de se fazer isto em formação grupal. Algumas características individuais são essenciais para os membros de tais grupos. Primeiramente deve haver a habilidade de trabalhar "sem apego" aos resultados e a usar a fórmula por certo período de tempo (por exemplo, uma vez por semana, por dois anos ou mais), sem esperar resultados; eles devem entender que nunca podem saber se estão sendo bem sucedidos ou não, porque as miragens que eles estão tentando dissipar são tão disseminadas e gerais, que os efeitos não podem ser apreendidos por suas mentes individuais. Eles estão muito próximos do quadro; sua perspectiva deve ser necessariamente a do campo imediato. Em segundo lugar, eles devem possuir uma avaliação inteligente do que constitui uma miragem mundial, para que eles possam ocultamente "dar um nome a ela" e, desta forma, contatá-la. Eles devem, em terceiro lugar, estar acostumados ao trabalho de dispersão da miragem em suas próprias vidas; a necessidade de fazer isto e seu êxito em fazê-lo, são fatores que indicam sua adequação à tarefa.

Devem, finalmente, amar seus semelhantes. Mas eles não devem fazer isto como a pessoa do sexto raio os ama, com uma devoção isolada, mas como a pessoa do segundo raio ama - com uma apreciação inclusiva da humanidade, um coração compreensivo e uma mente crítica, que ama com firmeza apesar de um erro percebido, com uma percepção clara das vantagens e desvantagens de um indivíduo ou de uma raça. A habilidade para fazer isto, é um dos fatores que possibilita o aspirante do sexto raio a transferir-se do sexto raio secundário, e encontrar o seu lugar no segundo raio principal, como devem fazer todos os iniciados do sexto e quarto raios.
Um dos requisitos para este trabalho de grupo é uma escolha muito cuidadosa daqueles que devem participar do trabalho. Eles devem ser selecionados porque eles podem trabalhar juntos. Devem, ou se conhecerem muito bem uns aos outros e estar livres de atritos de personalidade, ou serem relativamente desconhecidos uns dos outros como personalidades, mas serem atraídos uns aos outros como almas colaboradoras neste trabalho particular. Devem procurar trabalhar com regularidade, no limite de suas possibilidades, para que um ritmo possa ser estabelecido, o que irá redundar num firme impacto rítmico sobre a miragem. Devem também aderir fielmente à fórmula dada. Esta é uma das fórmulas iniciais, e é muito poderosa, porque foi uma das primeiras a serem usadas na dissipação grupal da miragem. Todo este procedimento é inteiramente novo com relação ao homem, e o trabalho a ser feito necessariamente apresentará dificuldades por envolver uma situação interessante. Os grupos que vão fazer este trabalho de romper as miragens que obscurecem a visão da humanidade e de dissipá-las, serão os primeiros grupos de não-iniciados a trabalharem desta forma no plano físico e a trabalharem conscientemente e com intenção fixa. Até então o trabalho vinha sendo realizado por membros da Hierarquia, e assim mesmo somente com a intenção de deter as miragens até o momento em que a humanidade estivesse pronta para destruir aquilo que ela mesma havia criado. Miragens também foram rompidas anteriormente, pelo esforço maciço efetuado por muito tempo, e geralmente sem nenhuma real compreensão consciente. Uma ilustração disto seria o trabalho feito pela Igreja, numa forma vaga e difusa, para romper a miragem do desejo material e do bem material, pela substituição da ideia de um paraíso alternativo. O trabalho planejado agora é dinâmico e claro, desenvolvido conscientemente e específico no seu impacto. É um método definido de manipular e projetar a energia da luz, com o objetivo de destruir os impedimentos de uma natureza emocional-mental no Caminho de Retorno a Deus.

Seria desejável, e ajudaria de uma forma mais fácil e concentrada, se o grupo pudesse se reunir para o uso da fórmula. No entanto, se isto não for possível, então os membros do grupo podem combinar de trabalharem separadamente, mas com o firme entendimento da ideia do trabalho ser trabalho grupal, e com um firme reconhecimento dos membros que formam o corpo do grupo. Isto é necessário, tanto para "a reunião da luz", como também para a proteção da miragem a ser focalizada. Esta "reunião da luz" é um requisito importante, e deve ser sempre mantida em vista. Sempre que possível, a regra deveria ser que o trabalho é feito em alguma reunião de grupo especialmente planejada, mesmo se isto redundar em sacrifício drástico por parte de alguns dos membros.

Aconselho que alguma miragem que todos os membros reconheçam como um obstáculo importante para o progresso da humanidade seja uma das primeiras a serem manipuladas pelo grupo. Sugiro também, que nos estágios iniciais do seu trabalho, lidem com uma miragem afetando aspirantes e que não tentem atacar as miragens mais amplamente espalhadas e profundamente enraizadas da humanidade como um todo. Desenvolvam a facilidade lidando com as miragens menores e mais facilmente visualizadas. Desta forma, com o passar do tempo, adquirindo experiência no trabalho, o grupo poderá passar para tarefas mais difíceis, e lidar com miragens mais distantes da sua própria órbita de dificuldades. Certamente torna-se desnecessário para mim, indicar que os membros do grupo devem ser somente aqueles que estão tentando manter suas próprias vidas livres da miragem. Devo acrescentar também que, se um membro do grupo estiver completamente envolvido pela miragem e estando ocupado em se livrar dela, ele deverá se abster do trabalho de grupo até que ele mesmo tenha se libertado com a ajuda da fórmula individual.

Aqueles que podem se confrontar conscientemente e ver a verdade como ela é, que podem enfrentar os mesmos fatos em relação à humanidade, e podem permanecer serenos e destemidos face às piores descobertas sobre si mesmos e o mundo dos homens, são aqueles que vão empregar esta técnica com mais sucesso. Quero também alertá-los que o grupo precisará se proteger da miragem ou miragens que ele está procurando dissipar. Suas tendências individuais para a miragem é o fator que lhes dá o direito de servir desta forma, mas também os expõem ao perigo, e por isto uma formula protetora será necessária.

A fórmula será, portanto, dividida em três partes:

1. Os Estágios Preparatórios.
2. O Uso da Fórmula Protetora.
3. A Fórmula Grupal para a Dissipação da Miragem.

O trabalho feito pelo indivíduo ao lidar com seus problemas pessoais de miragem facilitará grandemente o trabalho preparatório do grupo.

Notem que ao apresentar este trabalho para vocês, não fiz nenhuma referência ao tipo de aposento, à posição dos membros do grupo, à postura assumida, ao uso de incenso, ou a qualquer uma das parafernálias que tantos grupos ocultistas creem ser de importância. Os rituais físicos estabelecidos atualmente são (do ângulo da Hierarquia) inteiramente obsoletos e de nenhuma importância, no que concerne aos discípulos e aspirantes avançados. Eles são de utilidade para os pouco evoluídos, em quem o senso de drama tem que ser desenvolvido e que precisam de auxílios externos, provendo um ambiente que sirva para ajudar os principiantes a manterem em vista o tema e o objetivo do seu trabalho. O único ritual que ainda é tido como de utilidade para a família humana como um todo - especialmente para as pessoas avançadas - é o Ritual Maçônico. A razão para isto é que ele é uma representação pictórica do processo da Criação, da relação entre Deus e o homem, do Caminho de Retorno e também daquelas grandes Iniciações, por meio das quais o iniciado liberado entra na Câmara do Conselho do Altíssimo. Mas, com exceção disto, os pequenos rituais insignificantes de posição e de relações físicas com respeito à atitude e ordem de assentos, são considerados como desnecessários e usurpando frequentemente a atenção que deveria ser dada ao trabalho em andamento.

Presume-se que as pessoas que usarem estas fórmulas já adquiriram uma certa medida de polarização interior, e que são capazes de se retirarem para seu centro espiritual, em qualquer lugar e a qualquer hora. Este é o centro de pensamento tranquilo, de onde o trabalho é executado.

Tudo o que é necessário como prefácio a este trabalho de grupo são dez minutos de completo silêncio, nos quais os membros procuram estabelecer aquele campo magnético de atividade receptiva positiva (note aqui os paradoxos das ciências ocultas) que tornará possível o resto do trabalho.

O líder do grupo (escolhido em rodízio para que todos os membros do grupo ocupem tal posição) inicia o trabalho chamando o nome dos membros do grupo, e à medida que cada nome é proferido, os outros membros olham diretamente nos olhos da pessoa chamada, que se levanta por um minuto encarando-os. Desta forma um elo e um relacionamento são estabelecidos, porque a força magnética direcionada de cada alma é sempre alcançada "olho a olho". Este é o significado ocultista das palavras "Você pode me encarar nos olhos?", ou "Eles se olharam mutuamente", e outras frases semelhantes. Então, tendo estabelecido esta relação interligada, o grupo permanece em silêncio por dez minutos. Isto é feito para retirar a consciência de todos os assuntos pessoais e do mundo, e para centrá-la no trabalho a ser feito. Após este período, o líder nomeia a miragem com a qual o grupo vai se ocupar. Não haverá nenhuma dissensão com relação à miragem no momento da reunião, porque os membros do grupo - fora das reuniões, e com um mês de antecedência da realização da tarefa de dissipação da miragem - terão feito um estudo dela, de suas implicações, sua história e efeitos (psicológicos, individuais, grupais e nacionais), bem como de sua vasta influência sobre a humanidade como um todo. A experiência do grupo neste tipo de trabalho vai determinar a natureza da miragem a ser trabalhada.

Como indiquei anteriormente, o grupo de trabalhadores inexperientes vai começar cuidando de uma das miragens que atrapalham os aspirantes, passando destas para lidar com as miragens mais poderosas e mais amplamente disseminadas, que perturbam a humanidade como um todo. Este prefácio ao trabalho é frequentemente chamado o Ato de Nomear, porque tanto os membros do grupo como a miragem são denominados.

O estágio seguinte é semelhante aos estágios preparatórios na fórmula para a dissipação da miragem para o indivíduo. Temos, portanto o seguinte:

Os Estágios Preparatórios

1. O Ato de Nomear.

2. A Fórmula Protetora.

A Fórmula Protetora é muito simples. Os membros do grupo dirão em conjunto:

"Como alma eu trabalho na luz e a escuridão não pode me tocar.
Assumo minha posição dentro da luz.
Eu trabalho, e desta posição nunca me afasto."

Enquanto dizem isto, cada membro faz o sinal da Cruz, tocando o centro da testa, o centro do peito, e cada um dos olhos, formando assim a Cruz longa do Cristo ou da humanidade divina. A Cruz não é, como vocês bem sabem, somente um símbolo cristão. Ela é o grande símbolo da luz e da consciência, e significa a luz vertical e a luz horizontal, o poder de atração e o poder de irradiação, a vida da alma e o serviço. A Cruz como é atualmente feita nas Igrejas Católicas, tocando a testa, o coração e os dois ombros, é o sinal da matéria. Ela significa na realidade o terceiro Aspecto. O sinal da Cruz que o grupo fará é a Cruz de Cristo e da consciência do Cristo. Gradualmente a Cruz de Cristo (a Cruz do Cristo Elevado) vai se sobrepor à Cruz da matéria e do aspecto Materno. A semelhança desta com a suástica é óbvia, e será uma das razões de seu desaparecimento.

3. Os Estágios Preparatórios:

a. Focalização da luz dual da personalidade, da matéria e da mente.

b. Meditação sobre o contato com a alma e o reconhecimento da luz da alma.

c. A mistura e fusão das duas luzes menores com luz da alma. Isto é efetuado como grupo, cada membro efetuando sua contribuição, tentando conscientemente visualizar o processo de mistura da luz tríplice com que cada um contribui, numa esfera de luz.

4. Então o grupo diz em uníssono, ao sinal do líder:

"A luz é una e nesta luz veremos a luz.
Esta é a luz que transforma escuridão em dia".

OM .... OM ....OM

O processo de alinhamento e integração individual e grupal pode agora ser considerado como completo, e quando é realmente corretamente realizado, em cada reunião daí em diante ocorrerá uma integração e fusão mais rápida, e um maior brilho na esfera de luz criada. O soar do OM indica tanto a fusão como a esfera de ação, porque o OM é primeiramente enunciado pela alma do grupo (a unidade alcançada pelas almas de todos os membros do grupo), e então pela alma no plano mental, e finalmente pela alma pronta para funcionar como portadora e distribuidora de luz no plano astral. Todas estas são formas simbólicas de registrar a realidade interna e são uma tentativa para exteriorizar força, porque isto é o que todos os símbolos e maneiras simbólicas de agir são capazes de fazer; elas servem, portanto, para manter os trabalhadores num ponto de tensão. Isto é um importante reconhecimento, e deve resguardar os trabalhadores de atribuírem demasiado poder ao aspecto forma do ritual simples, e ajudá-los a focalizar sua atenção no mundo do significado e da atividade espiritual subjetiva. Estes três estágios são chamados:

1. O Ato de Nomear.
2. O Ato de Proteger.
3. O Ato de Focalizar a Luz.

É óbvio que muito depende da habilidade dos membros de visualizarem e de pensarem claramente. A prática naturalmente tende a aperfeiçoar ambos os processos. Ao final destes três estágios, os membros estarão unidos como almas insuladas contra o poder atrativo da miragem, e unidos como almas com a mente e o cérebro mantidos firmes e positivos na luz. Sua luz misturada é tida por eles como um grande farol, cujos raios devem ser direcionados por um ato de vontade, do plano mental para baixo em direção à miragem existente no plano astral, e que foi posta em relação com o grupo pelo próprio ato de nomeá-la. Estou entrando em detalhe sobre este assunto, porque este trabalho é um novo empreendimento, e estou ansioso para que vocês o iniciem com uma clara compreensão de como a tarefa deve ser levada a cabo. No final desta instrução vocês encontrarão tanto a fórmula por extenso, como de forma abreviada, para que elas possam ser vistas e apreendidas independentemente do seu contexto explanatório. Este trabalho inicial deveria levar uns quinze minutos inicialmente, e mais tarde não mais do que cinco (excluindo os dez minutos de silêncio preparatório que precede o trabalho formal), porque os membros do grupo vão se acostumar a trabalhar juntos, e conseguirão atingir os objetivos do trabalho preparatório com grande rapidez.

A Técnica da Fórmula

5. Então juntos e em uníssono o grupo diz:

"Nós somos radiação e poder. Permanecemos juntos com nossas mãos estendidas, unindo os céus e a terra, o mundo interior do significado e o mundo sutil da miragem."

"Nós penetramos na Luz e a trazemos para baixo para atender à necessidade. Penetramos no Lugar de silêncio e trazemos dali a dádiva da compreensão. Assim trabalhamos com a luz e transformamos a escuridão em dia."

Ao dizerem isto, os membros do grupo visualizam o direcionamento do grande farol, que criaram em conjunto com sua luz unificada para a miragem a ser dissipada, mantendo a luz firme e se conscientizando mentalmente do trabalho de dissipação que deve ser feito. Isto é chamado o Ato da Direção.

6. Segue-se então uma pausa por alguns minutos, em que o grupo procura lançar para trás a luz do farol com sua vontade ou intenção unida, direcionada e dinâmica; isto transporta, pelo raio de luz projetado, a qualidade destrutiva da vontade espiritual-destrutiva para tudo o que impeça a manifestação da divindade. Isto é feito ao atingir-se um ponto unificado de tensão, e pela dedicação da vontade do indivíduo e do grupo à vontade de Deus. Isto é chamado o Ato de Vontade, e é efetuado por cada membro do grupo silenciosamente, e com uma profunda consciência de que todos são assim aceitos, e que é a vontade do grupo que está sendo silenciosamente focalizada. Então, pronunciam juntos:

"Com o poder em seu raio, a luz é focalizada em seu objetivo".

7. Chegamos então ao Ato de Projeção, e à enunciação das palavras de poder que - outra vez nomeando a miragem particular que é o objeto de atenção, e assim trazendo-a conscientemente em relação com a luz focalizada - começa a tarefa de dissipação.

"O poder de nossa luz unificada impede o aparecimento da miragem de... (indicar o nome). O poder de nossa luz unificada nega a qualidade da miragem de afetar o homem. O poder de nossa luz unificada destrói a vida por trás da miragem."

Estas palavras são quase as mesmas que na fórmula individual, e ganham força com a experiência do aspirante, e com a sua familiaridade no uso. Isto constitui o Ato de Afirmação, que é a segunda parte do Ato de Projeção.

8. Vem então um aspecto importante do trabalho, no qual os membros do grupo visualizam a gradual dissipação e dispersão da miragem, pela penetração da luz em sua escuridão. Eles procuram vê-la se desintegrando e a realidade emergindo, fazendo isto por um esforço da imaginação criativa. Cada um fará isto à sua maneira, e de acordo com sua compreensão e capacidade. Este é o Ato de Penetração.

9. Seguem-se agora cinco minutos de silêncio e intensidade de propósito, enquanto o grupo aguarda o prosseguimento do trabalho instituído. Segue-se então a retirada da consciência do grupo do plano astral e do mundo da miragem. Os membros do grupo refocalizam sua atenção, primeiramente no plano mental e em seguida na alma, abandonando todo pensamento sobre a miragem, sabendo que o trabalho foi realizado com sucesso. Eles se reorganizam como um grupo em relação ao reino das almas e a cada um. Falando ocultamente, o "farol da alma é apagado". Este é o Ato de Retirada.

10. Pronuncia-se o OM em formação grupal; e então, a fim de enfatizar que o trabalho do grupo terminou, cada membro pronuncia o OM sozinho, dizendo:

"Que assim seja, e ajude-me em minha própria vida a terminar toda miragem e inverdade."

Levará algum tempo para os aspirantes adquirirem facilidade neste trabalho, mas é óbvio que ao aprenderem o que é uma técnica inteiramente nova de serviço, cada passo deve ser aprendido e praticado por muito tempo. Todo novo campo de aprendizado leva algum tempo para se tornar familiar, e este não é uma exceção. Mas o esforço vale bem a pena, tanto do ângulo do indivíduo como um ato de serviço à humanidade.

Que todos os grupos possam aprender a funcionar na luz, e que a miragem possa desaparecer de suas vidas, para que vocês possam caminhar livremente naquela luz e usar aquela luz para os outros, é o desejo do meu coração para vocês.

Fórmula para a Dissipação da Miragem
(Para o Individuo)

Estágios Preparatórios.

1. Reconhecimento da miragem a ser dissipada. Isto envolve:

a. Uma disposição para cooperar com a alma.
b. Compreensão da natureza da miragem particular.

2. Os três estágios de focalização:

a. Focalização da luz dual da matéria e da mente no corpo mental.
b. Focalização, através da meditação, desta luz dual e da luz da alma.
c. Focalização destas três luzes, criando assim o farol para a dissipação da miragem.

3. Preparação através do alinhamento e integração. Esta é a produção de um campo de substância de pensamento magnético.

4. Voltar a atenção e o farol da mente para o plano astral.

A Fórmula.

5. A alma expira o OM sobre a personalidade que aguarda, e a luz e o poder assim gerados são retidos para uso.

6. Uma luz intensa é gerada lenta e conscientemente.

7. A vontade espiritual é invocada enquanto a mente é mantida firme na luz.

8. A miragem a ser dissipada e o farol da mente entram em relacionamento.

9. O farol é então aceso por um ato da vontade, e um forte raio de luz é projetado sobre a miragem.

10. A miragem é nomeada e o aspirante diz com tensão, de forma inaudível:

"O poder da luz impede o aparecimento da miragem... (indicar o nome). O poder da luz nega a qualidade da miragem, de me afetar. O poder da luz destrói a vida por trás da miragem."

11. O OM é pronunciado pelo aspirante, produzindo um Ato de Penetração. Isto produz impacto, penetração e dissipação.

12. O spirante, tendo realizado o seu trabalho, retira-se conscientemente para o plano mental, e o raio de luz apaga-se.

Apresentação abreviada da Fórmula Individual.

1. Os quatro estágios preparatórios:

a. Reconhecimento da miragem a ser dissipada.
b. Focalização da luz dual da personalidade.
c. Meditação e reconhecimento da luz da alma.
d. Unificação das três luzes.

2. O processo de alinhamento e de integração reconhecido.

3. A mudança de direção do farol, da mente para o plano astral.

A Fórmula

4. Atividade da alma e a retenção da luz tríplice.
5. A geração e visualização do farol.
6. A evocação da VONTADE por trás do farol da mente.
7. O farol da mente é voltado sobre a miragem, dirigido pelo pensamento.
8. Nomeação da miragem e a afirmação tríplice.
9. O Ato de Penetração.
10. O processo de Retirada.

Fórmula para a Dissipação da Miragem Mundial
(Técnica para um Grupo)

Os Estágios Preparatórios.

1. Nomeação dos membros do grupo, seguido de dez minutos de silêncio.

2. A Fórmula Protetora: Os membros do grupo dizem em uníssono:

"Como uma alma eu trabalho na luz e a escuridão não pode me tocar.
Assumo minha posição dentro da luz.
Eu trabalho, e desta posição nunca me afasto."

Enquanto estas palavras são proferidas, cada membro faz o sinal da Cruz da Divindade.

3. Os três estágios preparatórios:

a. Focalização da luz dual da matéria e da mente.
b. Meditação sobre o contato da alma, e reconhecimento da luz da alma.
c. Fusão das duas luzes menores com a luz da alma.

4. Ao sinal do líder, o grupo diz junto:

"A luz é una, e nesta luz veremos a luz.
Esta é a luz que transforma a escuridão em dia".

OM .... OM .... OM.

A Fórmula.

5. Então em conjunto o grupo diz:

"Nós somos radiação e poder. Permanecemos juntos com nossas mãos estendidas, unindo os céus e a terra, o mundo interior do significado e o mundo sutil da miragem.

Nós penetramos na luz e a trazemos para baixo para atender a necessidade. Penetramos no Lugar de silêncio e trazemos dali a dádiva da compreensão. Assim trabalhamos com a luz e transformamos a escuridão em dia."

Enquanto estas palavras são ditas, os membros do grupo visualizam o grande farol que eles criaram, voltando sua luz para o plano astral.

6. Segue-se uma pausa, e vem então a invocação da vontade espiritual. Quando isto tiver sido feito o grupo diz:

"Com poder sobre seu raio, a luz é focalizada em seu objetivo."

7. A miragem a ser dissipada é nomeada, e a luz é voltada sobre ela. As Palavras de Poder são proferidas:

"O poder de nossa luz unificada impede o aparecimento da miragem... (indicar o nome).

O poder de nossa luz unificada nega a qualidade da miragem de afetar o homem.

O poder de nossa luz unificada destrói a vida por trás da miragem."

8. Visualização da luz, penetrando na miragem e causando o seu enfraquecimento e dissipação.

9. Cinco minutos de silêncio e intensidade de propósito, enquanto visualizamos o trabalho em andamento. Então os membros do grupo se refocalizam sobre o plano mental, afastando a sua atenção do plano astral. O farol da alma é apagado.

10. A entoação do OM individualmente e em voz alta por cada membro.

Apresentação Abreviada da Fórmula Grupal.

1. O Ato de Nomeação.
2. O Ato de Proteção.
3. O Ato de Focalização das Luzes.
4. O Ato de Direcionamento.
5. O Ato de Invocação da Vontade.
6. O Ato de Projeção e Afirmação.
7. O Ato de Penetração.
8. O Ato de Retirada.

Nosso estudo da miragem está chegando ao fim. Desenvolvemos um tema consecutivo com firmeza e acompanhamos os três aspectos da ilusão mundial como ela aparece no plano mental e ali condiciona os intelectuais do mundo; como ela aparece no plano astral, onde constitui a miragem à qual a maioria dos homens sucumbe; vamos agora considerar o mundo de maya no qual nós fisicamente, vivemos, nos movemos e temos a nossa existência.

Gostaria de saber se aqueles que leem minhas palavras avaliam a importância de todo este assunto, ou se eles estão cientes do grande campo de serviço que ele abre, tornando prático - como de fato ocorre - todo o modo de viver humano, e indicando também os passos pelos quais a Realidade pode ser conhecida, e todas as formas de véus desaparecerem. Por trás destas palavras: ilusão, miragem e maya, encontra-se a VERDADE. Esta verdade é a clara consciência de Ser, da Existência e da Realidade essencial e inicial. Esta é a razão pela qual Cristo permaneceu mudo ante Pilatos, que simbolizava o intelecto humano: Ele sabia que nenhuma resposta podia transmitir significado àquela mente velada e inibida.

A Ilusão é o modo pelo qual a compreensão limitada e o conhecimento material interpretam a verdade, velando-a e escondendo-a por trás de uma nuvem de pensamentos-forma. Estes pensamentos-forma tornam-se então mais reais do que a verdade que eles velam, e consequentemente controlam o acesso do homem à realidade. Através da ilusão, ele se torna ciente do aparelho de pensamento, de sua atividade, expressa pela construção de pensamento-forma, e daquilo que ele consegue construir e que ele acha ser a criação do seu intelecto. Ele criou, no entanto, uma barreira entre si mesmo e aquilo que é, e até que ele tenha exaurido os recursos do seu intelecto, ou se tenha deliberadamente recusado a utilizá-lo, sua intuição divina não pode funcionar. E a intuição que revela o verdadeiro Ser, e que induz um estado de percepção espiritual. Então a técnica da PRESENÇA torna-se um hábito estabelecido.

A Miragem, por sua vez, vela e esconde a verdade por trás de nevoeiros e névoas de sentimento e reação emocional; ela tem um poder terrível e único, devido ao poder da natureza humana de se identificar com a natureza astral, e da natureza vital da própria resposta consciente e sentida. Como você sabe e foi ensinado, a miragem só pode ser dissipada pelo fluxo de luz clara e direcionada; isto é verdade na vida do indivíduo ou da humanidade como um todo. A Iluminação revela primeiramente a existência da miragem; ela indica os contrastes aflitivos com os quais todos os verdadeiros aspirantes se debatem, e então ela gradualmente inunda a vida de tal forma que finalmente a miragem desaparece completamente. Os homens veem então as coisas como elas são - uma fachada tapando o bom, o belo e o verdadeiro. Os opostos são então resolvidos, e a consciência é superimposta por uma condição de realização - uma realização da Existência para a qual não temos um termo adequado. A técnica da LUZ torna-se uma condição permanente.

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3. A Técnica da Indiferença

Passamos agora a um breve estudo do terceiro aspecto da ilusão, ao qual damos o nome de Maya, e da técnica que pode sobrepujá-la. A seguir trataremos da Técnica da Indiferença que, trata da distribuição da força da alma sobre o plano físico, via plano etérico, levando à inspiração. Isto está relacionado com a Ciência da Respiração.

O que então é maya? Isto, meu irmão não e fácil de definir porque está relacionada com a atividade de construção de formas do Próprio Logos planetário. No entanto, uma consideração da analogia existente entre o microcosmo e o Macrocosmo pode ajudar de alguma forma. A alma cria uma expressão tríplice nos três mundos da vida humana. Isto é um truísmo ocultista. A forma exterior, o corpo físico dual (denso, e vital ou etérico) é produzida, criada, motivada, energizada e condicionada por certas energias e forças, emanando daqueles níveis onde a alma - correta ou erroneamente - estabeleceu uma reação de identificação. Registre esta expressão, meu irmão. Estas tornam o homem o que ele e; elas lhe dão o seu temperamento, profissão e qualidade no plano físico; elas o tornam negativo ou positivo aos vários tipos de energias de impacto; elas lhe dão o seu caráter e o tornam aquilo que ele aparenta ser aos outros; elas produzem seu colorido, suas capacidades e sua personalidade. O homem comum se identifica com tudo isto; ele acredita ser a forma, o meio através do qual ele procura expressar seus desejos e suas ideias. Esta completa identificação com a criação transitória e com a aparência exterior e maya. Lembrem-se que a maya individual é uma fração do mundo de energias e forças que constituem a expressão de vida do Logos planetário, que condiciona nossa vida planetária exterior e torna o nosso planeta aquilo que ele parece ser aos outros planetas.

A diferença entre o homem, o microcosmo, e o Logos planetário, o Senhor do Mundo, o Macrocosmo, encontra-se no fato que o Senhor do Mundo não se identifica com a maya que Ele criou, e que tem seu propósito em afinal propiciar a libertação dos "prisioneiros do planeta". ELE é absolutamente indiferente àquela Maya, e é esta indiferença divina que redundou na grande ilusão teológica de uma Deidade antropomórfica e á crença (no Oriente) de que o nosso planeta é simplesmente o pano de fundo ou o brinquedo dos Deuses. É esta indiferença cósmica que gerou a miragem humana relativa à "inescrutável vontade de Deus", e à afirmação de que Deus está bem longe e não imanente em cada criatura, e em cada átomo de que as criaturas são feitas. Estes são alguns dos aspectos das miragens e ilusões que devem ser dispersados e dissipados e, no processo, será descoberto que a forma é somente maya podendo ser desconsiderada, que forças podem ser organizadas e dirigidas pela energia, e que o mundo do pensamento, o campo da consciência e o campo de ação das energias são algo separado do Pensador, d'Aquele que sente, e do Ator e protagonista dos muitos papéis que a Alma assume.

O discípulo finalmente aprende a conhecer que ele mesmo é, acima de tudo (enquanto encarnado), o diretor de forças: estas ele dirige da altitude do Observador divino ao atingir o desapego. Já disse estas coisas para vocês muitas vezes antes. Estas verdades são, para vocês, somente as superficialidades do ocultismo, e no entanto, se vocês realmente pudessem entender todo o significado do desapego, e permanecessem serenos como o Diretor observador, não haveria mais desperdício de movimentos nem falsas interpretações, não mais vaguear pelos meandros da vida cotidiana, não mais ver os outros através da visão distorcida e preconceituosa, e - acima de tudo - não mais o mal uso de força.

Muitas e muitas vezes, ao longo dos tempos, os Mestres disseram aos seus discípulos (como Eu tenho dito a vocês) que o ocultista trabalha no mundo das forças. Todos os seres humanos vivem, movimentam-se e se expressam dentro e através daquele mesmo mundo de energias sempre movendo, sempre impactando, entrando e saindo. O ocultista, no entanto, trabalha ali; ele se torna um agente diretor consciente; ele cria no plano físico aquilo que ele deseja e aquilo que ele deseja é o padrão das coisas e o desenho colocado na prancheta da consciência espiritual pelo grande Arquiteto divino. Porém, ele não se identifica com o modelo ou com as forças que ele emprega. Ele se movimenta no mundo de maya, livre de toda ilusão, sem os empecilhos da miragem, e sem ser controlado pelas forças mayávicas. Ele está rapidamente chegando, no que tange o seu pequeno mundo, à mesma "indiferença divina" que caracteriza Sanat Kumara, o Senhor do Mundo, portanto, ele se torna cada vez mais ciente do Plano como ele existe na Mente Universal e do Propósito que motiva a Vontade de Deus.

É esta indiferença divina que é responsável pelo fato que, na tentativa de descrever o "Puro Ser" ou Deus, e num esforço para alcançar alguma compreensão da natureza da divindade, a fórmula da negação foi desenvolvida. Deus não e isto; Deus não é aquilo: Deus não é uma coisa; Deus não é nem tempo nem espaço; Deus não é sentimento ou pensamento: Deus não e forma ou substância. Deus simplesmente É. Deus É - alem de toda expressão e manifestação como o Manipulador de energia, o Criador dos mundos tangível e intangível, o Impregnador da vida ou o morador interno em todas as formas. Deus é AQUELE QUE pode retirar-SE, e ao retirar-SE, dispersar; dissipar e desvitalizar tudo o que foi criado - usando estas palavras em seu mais amplo significado.

Torna-se óbvio para vocês, portanto, que nestas três atividades daquela Realidade que não é identificada com aparência, a vontade de Deus, o aspecto Destruidor da Deidade, está presente de forma beneficente. O ato de abstração produz a dispersão do mundo ilusório do pensamento; a retirada da atenção divina dissipa o universo sensível terminando com a miragem; a cessação da direção divina traz morte ao mundo físico. Todas estas atividades são evidências da vontade ou o primeiro aspecto - a vontade-para-o-bem que pode e deverá funcionar perfeitamente, somente quando a boa vontade estiver final e completamente desenvolvida na Terra, tendo como agente a humanidade.

A vontade e o alento, meu irmão, são termos ocultamente sinônimos. Nesta afirmação você tem a indicação de como acabar com maya.

As observações acima são preliminares para o nosso estudo da Técnica da Indiferença. É necessário indicar analogias e juntar os vários aspectos de ensinamentos relacionados, para que a verdadeira percepção seja desenvolvida. Vamos dividir a nossa apresentação do assunto da seguinte forma:

1. Atividade no plano etérico, isto é, no mundo das forças.

a. Sua distribuição
b. Sua manipulação.

2. A Ciência da Respiração.

a. A relação da vontade e da respiração.
b. A inspiração.

3. A Técnica da Indiferença.

a. Através da concentração
b. Através do desapego.

Entramos agora no campo do ocultismo prático. Este não é o campo da aspiração, ou a esfera do movimento planejado na direção daquilo que é mais elevado ou desejável. É, em certo sentido, uma atividade inversa. Do ponto alcançado na escala da evolução, o discípulo "permanece no Ser espiritual (na medida em que lhe for possível), e conscientemente, deliberadamente, trabalha com as energias nos três mundos. Ele direciona-as para o corpo etérico de qualquer nível que ele escolher para trabalhar - mental, emocional ou do próprio plano vital. Ele faz isto de acordo com alguma ideia gerada pela visão, algum ideal acalentado, algum modelo divino sentido, alguma esperança espiritual, alguma ambição consagrada ou algum desejo dedicado.

O corpo etérico do indivíduo e, como vocês sabem, uma parte do corpo etérico da humanidade, e isto, por sua vez é um aspecto do corpo etérico do planeta, que por sua vez é uma parte intrínseca do corpo etérico do sistema solar. A propósito, neste relacionamento factual de longo, alcance, vocês encontram a base de todas influências astrológicas. O homem se movimenta, portanto, num turbilhão de forças de todos os tipos e qualidades. Ele é composto de energias em cada parte de sua expressão manifestada e não manifestada. Sua tarefa é de suprema dificuldade, e necessita da grande extensão do ciclo evolutivo. Não podemos tratar aqui das energias do mundo e das forças sistêmicas, e vamos nos limitar à consideração do problema Individuai, aconselhando o estudante a procurar estender a sua compreensão da situação microcósmica até a macrocósmica.

a. Distribuição e Manipulação da Força no Plano Etérico

Vamos admitir agora que o aspirante esteja consciente da necessidade de estabelecer um ritmo novo e mais alto em sua vida no plano físico, de organizar o seu tempo em obediência à injunção de seu eu superior, e de produzir, consciente e cientificamente, aqueles efeitos que - em seus momentos mais elevados - lhe são apresentados como desejáveis. Agora ele tem um certo grau de conhecimento do equipamento disponível para sua tarefa, e aprendeu alguns fatos relacionados com o veículo etérico. Os pares de opostos são vistos claramente por ele, mesmo que ele ainda seja influenciado por um ou outro deles; ele está ciente da discordância básica entre a sua visão do bem e a sua expressão deste bem. Ele aprendeu que ele é o reflexo tríplice de uma Trindade superior, e que esta Trindade é - para ele - a Realidade. Ele compreende que a mente, as emoções e o ser físico devem finalmente manifestar esta Realidade. Em última análise, ele sabe que se aquele aspecto intermediário de si mesmo, o corpo etérico, puder ser controlado e direcionado corretamente aí então a visão e a expressão deverão finalmente coincidir:

Ele também está ciente que o corpo físico denso (a aparência exterior tangível) é somente um autômato, obedecendo a quaisquer forças e energias que são os fatores controladores no subjetivo, condicionando o homem. Deve aquele corpo físico ser controlado por uma força emocional, jorrando através do centro sacro e produzindo desejo para a satisfação dos apetites físicos, ou através do plexo solar levando à satisfação emocional de algum tipo? Deve responder à mente e trabalhar principalmente sob o impulso do pensamento projetado? Será que talvez deva ser dirigido por uma energia superior a qualquer destas, mas até então aparentemente impotente, a energia da alma como uma expressão do puro Ser? Deve ser levado à ação sob o impulso de reações, ideias e pensamentos sentidos, emanados de outros seres humanos, ou deve ser motivado e estimulado à atividade sob a direção da Hierarquia espiritual? Estas são algumas das perguntas para as quais devemos encontrar respostas. O estágio de aspirar, sonhar e fantasiar deve ser agora superado pela ação direta, e pelo uso cuidadosamente planejado das forças disponíveis, trazidas à atividade pela respiração, sob a direção da visão interior, e controlada pelo homem espiritual. Que energias podem e devem ser usadas então? Que forças devem ser direcionadas? De que forma elas podem ser controladas? Deveriam ser ignoradas e assim tornadas inócuas por aquele descaso, ou são forças necessárias no grande trabalho criativo?

Torna-se aparente que o primeiro passo que o investigador espiritual deve dar é certificar-se - verdadeiramente e à luz de sua alma - exatamente onde está o seu foco de identificação. Com isso quero dizer: O seu principal uso de energia ocorre no plano mental? Ele é predominantemente emocional e utiliza força do plano astral na maior parte do tempo? Ele pode contatar a alma e utilizar a energia da alma de tal forma que ele renegue ou neutralize a força de sua personalidade? Pode ele desta forma viver como alma no plano físico, através do corpo etérico? Se estudar com dedicação este problema, ele irá afinal descobrir que forças são dominantes no corpo etérico, e irá tornar-se conscientemente ciente das ocasiões e experiências que requerem o dispêndio da energia da alma. Isto, meu irmão, levará tempo e será o resultado de muita observação e de uma análise intensa dos atos e de reações sentidas, de palavras e pensamentos. Estamos interessados aqui, como você pode ver, com um problema intensamente prático que é ao mesmo tempo uma parte intrínseca do nosso estudo, e que será evocativo de mudanças básicas na vida do discípulo.

Ele irá acrescentar a esta observação e análise do poder da força ou forças engajadas, as condições que vão colocá-las em atividade, a frequência do seu aparecimento, indicando para ele novidade ou hábito, bem como a natureza da sua expressão. Desta forma, ele vai alcançar uma nova compreensão dos fatores condicionantes que trabalham através do seu corpo vital, tornando-o - no plano físico - aquilo que ele essencialmente é. Isto será para ele de uma ajuda espiritual profunda e significativa.

Este período de observação é, no entanto, confinado à observação mental e inteligente. Ele forma o pano de fundo do trabalho a ser feito, dando segurança e conhecimento, mas deixando a situação como ela era. Seu próximo passo é tornar-se ciente da qualidade das forças aplicadas; para assegurar-se disso, ele verificará a necessidade de descobrir não só os raios de sua alma e de sua personalidade, mas conhecer também os raios de seu aparelho mental, e sua natureza emocional. Isto levará necessariamente a outro período de investigação e cuidadosa observação, caso ainda não esteja ciente deles. Quando eu lhes disser que a este conjunto de informações ele deve acrescentar a intensa consideração do poder das forças e energias alcançando-o astrologicamente, vocês verão em que tarefa difícil ele se engajou. Não só ele tem que isolar as energias de seus cinco raios, mas ele tem que levar em conta a energia de seu signo solar, pois ele condiciona a sua personalidade e do seu signo ascendente, pois ele procura estimular a personalidade para responder à alma, portanto realizando o propósito da alma através da cooperação da personalidade.

Existem, portanto, sete fatores que condicionam a qualidade das forças que procuram expressão através do corpo etérico;

1. O raio da alma.
2. O raio da personalidade.
3. O raio da mente.
4. O raio da natureza emocional.
5. O raio do veículo físico.
6. A energia do signo solar.
7. A influência do signo ascendente.

No entanto, uma vez que estes sejam conhecidos, e que exista alguma segurança quanto à sua verdade factual, todo o problema começa a se esclarecer, e o discípulo pode trabalhar com conhecimento e compreensão. Ele se torna um trabalhador científico no campo das forças ocultas. Ele sabe então o que está fazendo, com que energias deve trabalhar, e começa a sentir estas energias à medida que elas se expressam no seu veículo etérico.

Chegamos agora ao estágio em que ele está em posição de descobrir a realidade, e a operação dos sete centros que oferecem entrada e saída para as forças e energias em atividade com que ele está envolvido de perto nesta encarnação particular. Ele se engaja num período prolongado de observação, de experimentação e experiência, e institui uma campanha de acertos e erros, de sucessos e fracassos, que vai requerer toda a força, coragem e determinação de que ele é capaz.

Falando de forma geral, a energia da alma funciona através do mais alto centro na cabeça, que é ativado através da meditação e da aptidão aplicadas no contato. A energia da personalidade é focalizada pelo centro ajna, entre os olhos; e quando o discípulo pode identificar-se com ela, estando também ciente da natureza e da vibração da energia de sua alma, ele pode então começar a trabalhar com o poder de direção, usando os olhos como agentes direcionadores. Existem, como vocês aprenderam em seus estudos, três olhos de visão e direcionamento à disposição do discípulo.

1. O olho interno, o olho único do homem espiritual. Este é o verdadeiro olho da visão, e envolve a ideia de dualidade (do vidente e daquilo que é visto). É o olho divino. E aquilo através do qual a alma observa o mundo dos homens, e através do qual ocorre o direcionamento da personalidade.

2. O olho direito, o olho de budi, o olho que está em relação de resposta direta com o olho interior. Através deste olho, a mais alta atividade da personalidade pode ser direcionada para o plano físico. Neste particular, temos, portanto um triângulo de forças espirituais, que podem ser especialmente impulsionadas para uma atividade única pelo discípulo avançado e pelo iniciado.

É através desta triplicidade que, por exemplo, o iniciado treinado trabalha ao lidar com um grupo de pessoas ou com um indivíduo.

3. O olho esquerdo, o olho de manas, o distribuidor da energia mental sob controle correto - correto na medida em que diga respeito aos propósitos da personalidade. Este olho é também parte de um triângulo de forças, disponível para uso do aspirante e do discípulo probatório.

O olho interior ou divino está quieto e relativamente inativo, sendo somente o órgão de observação, no que concerne à alma, e ainda não é - na maioria dos casos - um distribuidor da energia direcionada da alma. No entanto, o aspirante disciplinado e reorientado, integrado e focalizado em sua personalidade purificada, está usando tanto a força búdica como a manásica; ele começa a ser intuitivo e predominantemente mental. É quando estes dois triângulos estão sob controle e começando a funcionar corretamente, que os sete centros no corpo etérico ficam claramente direcionados, tornam-se os recipientes do ritmo estabelecido do ser humano desenvolvido e apresentam-se consequentemente como um instrumento para a alma através do qual as energias apropriadas podem fluir e a organização e propósito completo de um filho de Deus em operação podem manifestar-se na Terra.

A seguir vem o que chamamos de estágio de direcionamento. A alma ou a personalidade integrada está em comando, ou - numa volta mais alta da espiral - a Mônada está no comando, e a personalidade é simplesmente o agente do espírito. Através dos dois triângulos, ou através de ambos trabalhando sincronizadamente, os centros ao longo da espinha (cinco ao todo) são trazidos ao controle rítmico. A energia é direcionada para eles ou através deles; eles são firmemente levados a uma beleza de organização que foi descrita como uma "vida ardente com Deus"; é uma vida de aplicação espiritual e serviço, onde o triângulo superior é mais potente.

As três afirmações seguintes resumem a história da libertação final do discípulo da Grande Ilusão:

Primeiro: Quando a alma, trabalhando através do triângulo superior, torna-se o agente direcionador, a ilusão é dispersada. A mente torna-se iluminada.

Segundo: Quando a personalidade (sob a influência crescente da alma) trabalha através do segundo triângulo, a miragem é dissipada. Quebra-se o controle da natureza astral.

Terceiro: Quando o discípulo, trabalhando como alma e como uma personalidade integrada, assume a direção da expressão de sua vida, maya, ou o mundo das energias etéricas, torna-se desvitalizada e somente são empregadas aquelas forças e energias que atendem à necessidade do discípulo ou do iniciado, à medida que ele realiza a intenção divina.

Notem que isto está inteiramente incorporado e levado em consideração no trabalho sétuplo descrito anteriormente. Isto pode ser resumido como segue:

1.O discípulo descobre o foco de sua identificação.

2.Ele determina a natureza das forças que ele tem o hábito de usar, e que parecem perpetuamente colocá-lo em ação.

3. Ele torna-se ciente do poder e frequência desta expressão de força.

Tudo isto é efetuado pelo observador mental.

4. Ele se torna consciente da qualidade das forças empregadas, suas relações com os raios ou seu significado astrológico.

Esta é uma atividade sentida, e não tão basicamente mental como os três estágios anteriores.

5. Ele identifica os centros no corpo etérico, e torna-se ciente de sua existência individual como agentes de força.

6. Os dois "triângulos de visão e direção" na cabeça alcançam um estágio de organização e tornam-se:

a. Mecanismos ativos e em funcionamento.

b. Relacionados e em funcionamento, como um instrumento expressivo. Esta é uma atividade objetiva e subjetiva.

7. A galvanização do corpo físico em atividade por meio das agências direcionadoras na cabeça, e pelos centros ao longo da coluna.

Surge então a questão de como isto deve ser realizado. E isto nos leva ao nosso segundo ponto.

b. O uso da Ciência da Respiração

Tem havido muita tolice falada e ensinada a respeito da ciência da respiração. Muitos grupos dão extensas instruções perigosas com respeito à respiração - perigosas porque são baseadas em conhecimento livresco, e seus expoentes nunca a praticaram extensamente pessoalmente, e perigosas porque muitos grupos simplesmente exploram os despreparados, geralmente com fins de lucro. Felizmente, para a maioria dos aspirantes, a informação e instrução dada é fraca, não acurada e frequentemente inócua, embora haja muitos casos de significativa má reação; felizmente, também, o propósito do aspirante comum é tão fraco, que ele é incapaz da obediência persistente, diária, invariável para com os requisitos, falhando em dedicar-se com aquela aplicação que seria a garantia de um sucesso dúbio; portanto, nestes casos, não existe perigo. Muitos grupos ocultistas exploram o assunto a fim de criar mistério e oferecer incentivo aos descuidados, ou dar aos seus seguidores algo para fazer, e assim criar o status para si, de ocultistas informados e bem treinados. Qualquer um pode ensinar exercícios respiratórios. É essencialmente uma questão de inalação e exalação periódica, espaçada de acordo com o desejo do instrutor. Quando ocorre persistência no esforço, resultados serão conseguidos, e estes serão geralmente indesejáveis, porque o instrutor comum enfatiza a técnica da respiração, e não as ideias que - com a energia gerada pela respiração - deveriam tomar forma na vida do discípulo.

Toda a ciência da respiração é construída em torno do uso da Palavra Sagrada, o OM. O uso da Palavra deveria ser confinado àqueles aspirantes que estão inteiramente comprometidos a trilhar o Caminho, mas ele foi espalhado e seu uso estimulado por muitos instrutores inescrupulosos, especialmente aqueles swamis que vêm da Índia, apresentando-se como Homens Sagrados, e conseguem enredar mulheres tolas ocidentais em suas malhas. A Palavra é então usada sem nenhuma intenção espiritual, mas simplesmente como um som que, levado pela respiração, produz resultados psíquicos que indicam para os ingênuos sua profunda espiritualidade. O problema é que a respiração está inevitavelmente relacionada com o OM mas os efeitos dependem do motivo e da intenção fixa interior. A menos que o oriental tenha atingido a quarta ou quinta iniciação, ele não tem uma verdadeira compreensão do ocidental, ou do seu mecanismo e equipamento que, sendo o resultado de uma civilização e um modo de vida, difere grandemente daquele do oriental. No Oriente, o problema do instrutor ou Guru é tomar pessoas negativamente polarizadas e torná-las positivas. No Ocidente, as raças são como um todo positivas em atitude, e não precisam do treinamento que é corretamente ministrado ao oriental. O que quero dizer exatamente ao fazer tal declaração? Quero dizer que no Oriente, o fator da vontade (a qualidade do primeiro aspecto) está ausente. O oriental, especialmente o habitante da Índia, carece de vontade, o incentivo dinâmico e a habilidade de exercer aquela pressão interior em si mesmo, que produzirá resultados definitivos. E por isto que aquela civilização particular é tão inadaptável à civilização moderna, e é por isto que os povos da Índia fazem tão pouco progresso com relação à vida municipal e nacional regulamentada, e porque eles estão tão atrasados no que concerne à vida civilizada moderna. Generalizando, o ocidental é positivo e precisa da força direcionadora da alma, e pode produzir isto com muito pouca instrução. Na raça Ariana, uma fusão está ocorrendo entre o aspecto da vontade, a mente e o cérebro. Isto não ocorre no Oriente. Será assim, mais tarde.

O único fator que torna a respiração eficaz é o pensamento, a intenção e o propósito que estão por trás dela. Nesta afirmação vocês têm a indicação para os exercícios de respiração dinâmicos e úteis. A menos que exista uma clara apreciação do propósito, a menos que o discípulo saiba exatamente o que ele está fazendo enquanto pratica a respiração esotérica, e a menos que o significado das palavras "a energia segue o pensamento" seja compreendido, os exercícios de respiração constituem uma total perda de tempo, e podem ser perigosos. Disto pode-se concluir que, somente quando existe uma aliança entre respiração e pensamento, os resultados serão possíveis.

Por trás disto existe um terceiro e até mais importante fator - a VONTADE. Portanto, a única pessoa que pode praticar exercícios de respiração com segurança e de forma útil, é o homem cuja vontade é ativa - sua vontade espiritual, e portanto, a vontade da Tríade Espiritual. Qualquer discípulo que estiver no processo de construir o antahkarana pode começar a usar, com cuidado, exercícios de respiração orientados. Mas, considerando todos os fatores, somente os iniciados do terceiro grau que estão sujeitos à influência monádica, podem de forma correta e bem sucedida empregar esta forma de direção da vida, alcançando resultados eficazes. Isto é fundamentalmente verdadeiro. No entanto, tem que haver um começo, e todos os verdadeiros discípulos estão convidados a fazer este esforço.

Se todas as implicações do parágrafo acima forem consideradas, torna-se óbvio que o discípulo tem que estabelecer - como um passo preliminar - uma relação direta entre seu cérebro, sua mente e o aspecto da vontade da Tríade Espiritual; em outras palavras, o receptor negativo do pensamento (o cérebro), o agente da vontade (a mente), e a própria Tríade, devem estar em contato, através do antahkarana. Quando uma tal relação existe, ou está começando a ser estabelecida, então os exercícios de respiração podem ser tentados com segurança e de forma útil. Veja, meu irmão, que somente a vontade dirigida, usando a respiração rítmica organizada como seu agente, pode controlar os centros e produzir um propósito ordenado na vida. Portanto, aquilo com que o discípulo deve se preocupar quando executa um exercício de respiração é a ideia dominante ou linha de atividade mental. Esta ideia deve incorporar algum propósito, alguma atividade planejada e algum objetivo reconhecido, antes que a respiração que ele vai encetar ou implementar seja gerada, reunida e enviada, tornando-se assim o condutor do poder. Isto deve ser feito nas asas da intenção consciente, se posso falar simbolicamente aqui. Recomendo que vocês leiam estas últimas frases com frequência, porque elas explicam a Ciência da Respiração e dão a indicação do trabalho necessário. Esta ciência está primordial e fundamentalmente voltada para as ideias formuladas em claros pensamentos-forma, condicionando desta maneira a vida do discípulo nos níveis etéricos. Dali, elas finalmente condicionam sua vida no plano físico.

Não tenho a intenção de oferecer, neste ensejo, nenhum exercício de respiração que os discípulos ou aspirantes poderiam usar - ou, o que é mais provável, abusar. Sua primeira responsabilidade é tornarem-se cientes dos impulsos dentro de si mesmos, que poderiam galvanizar os centros em atividade, e produzir assim condições e eventos no plano físico. Quando estes estiverem firme e claramente estabelecidos na consciência da mente do discípulo, nada poderá impedir a sua eventual emergência à luz do dia. Mas eles devem seguir um processo ordenado de gestação e de aparecimento sequenciado.

Quando existem, verdadeiro idealismo, pensamento correto, acrescidos de uma compreensão do veículo de expressão e do mundo de forças no qual a ideia deve ser lançada, então o estudante pode seguir com segurança certos exercícios respiratórios planejados, e a segunda fase ou o resultado da correta respiração rítmica vai aparecer. Isto é Inspiração.

Os exercícios de respiração, meu irmão, têm um efeito puramente fisiológico quando não impelidos ou motivados pelo pensamento direcionado, e quando eles não resultam da conquista e manutenção de um ponto de tensão, pelo aspirante. Firmemente, enquanto o processo de inalação e exalação está sendo executado, uma clara linha de pensamento deve ser preservada, para que a respiração (quando for exalada) seja qualificada e condicionada por alguma ideia. É neste ponto que o aspirante comum falha com tanta frequência. Ele geralmente está tão intensamente preocupado com o processo de dirigir a respiração, e tão esperançoso de algum resultado fenomênico, que o propósito vivo da respiração é esquecido: isto é, de energizar e acrescentar qualidade à vida dos centros por meio de algum pensamento explicitado e projetado, expressando alguma ideia sentida e determinada. Onde esta fundamentação de pensamento idealístico faltar, os resultados da respiração serão praticamente nulos ou - quando houver qualquer tipo de resultado nestas circunstâncias - eles não serão absolutamente relacionados ao pensamento, mas serão de natureza psíquica. Eles poderão então produzir problemas psíquicos permanentes, porque a fonte de emanação da atividade é astral, e a energia projetada vai para os centros abaixo do diafragma, alimentando, portanto, a natureza inferior, enriquecendo e fortalecendo seu conteúdo astral, e desta forma aumentando e aprofundando a miragem. Os resultados também podem ser fisiológicos, produzindo a estimulação do corpo etérico, levando ao fortalecimento da natureza física; isto seguidamente ocasiona sérios resultados, porque a respiração é levada para centros que deveriam estar em "processo de elevação" como é chamado esotericamente; isto aumenta sua potência física, alimenta os apetites físicos, e torna a tarefa do aspirante muito mais difícil, à medida que ele procura sublimar a natureza inferior, e ancorar ou focalizar a vida nos centros acima do diafragma ou na cabeça.

A miragem e maya são ampliadas e, durante a vida em que estes exercícios são mal aplicados, o aspirante permanece numa condição estática e sem progresso. À medida que ele inspira ou inala, ele retira a respiração de dentro de sua própria aura, seu áurico círculo-não-passa; ele alimenta a natureza inferior, e estabelece um círculo vicioso dentro de si mesmo, que se fortalece dia a dia, até ele estar completamente emaranhado pela miragem e maya que ele está constantemente estabelecendo e restabelecendo. Os centros inferiores são firmemente vitalizados e se tornam extremamente ativos, e o ponto de tensão do qual o aspirante então trabalha encontra-se na personalidade e não está focalizado em relação à alma; a consciência de que a respiração especial é algo único, e a expectativa de resultados fenomênicos bloqueiam todo pensamento, exceto as reações inferiores de natureza kama-manásica; a emoção é promovida, e o poder do corpo astral aumenta tremendamente; com muita frequência os resultados fisiológicos também são poderosos e notáveis, tais como um grande desenvolvimento do tórax e o fortalecimento muscular do diafragma. Algo disto pode ser visto no caso dos cantores de ópera. O canto, como atualmente ensinado, é uma expressão de alguns dos aspectos inferiores da respiração, e a respiração, no caso dos cantores acima, produz muito desenvolvimento do tórax, intensificando a emoção, produzindo instabilidade na expressão de vida (que é frequentemente referida como temperamento), e mantém o aspecto do canto inteiramente na natureza astral.

Existe um modo de cantar superior e melhor, ativado por uma diferença no ponto de tensão, e envolvendo um processo de respiração que retira a energia necessária da respiração de fontes superiores e muito mais extensas do que aquelas normalmente usadas; isto vai produzir a inspiração que envolverá o homem integral, e não simplesmente sua reação emocional aos temas de sua canção e sua audiência. Isto vai criar um novo modo e tipo de canto e de respiração, baseados numa forma de respiração mental, que levará energia e consequentemente inspiração de fontes sem a aura da personalidade. Mas ainda não chegou o momento para isto. Minhas palavras serão pouco compreendidas atualmente, mas o canto no próximo século vai ser efetuado por aqueles que saberão como utilizar-se dos reservatórios da inspiração por um novo método e técnica de respiração. Estas técnicas e exercícios serão ensinados, inicialmente, nas novas escolas de esoterismo que vão aparecer.

A inspiração é um processo de qualificar, vitalizar e estimular a reação da personalidade - através dos centros - àquele ponto de tensão em que o controle da alma torna-se presente e aparente. É o modo pelo qual a energia da alma pode inundar a vida da personalidade, pode varrer os centros, expelindo aquilo que obstaculiza, livrando o aspirante de todas as miragens e maya ainda presentes, e aperfeiçoando um instrumento pelo qual a música da alma, e mais tarde, a qualidade musical da Hierarquia podem ser ouvidas. Não se esqueça que o som permeia todas as formas; o próprio planeta tem sua nota ou som; cada minúsculo átomo também tem o seu som; cada forma pode ser evocada pela música, e cada ser humano tem seu acorde peculiar, e todos contribuem para a grande sinfonia que a Hierarquia e a Humanidade estão tocando, e tocando agora. Cada grupo espiritual tem seu próprio tom (se posso empregar uma palavra tão imprópria), e os grupos que estão em processo de colaborar com a Hierarquia fazem música sem parar. Este ritmo de som e esta miríade de acordes e notas misturam-se com a música da própria Hierarquia, que é uma sinfonia constantemente enriquecedora; com o passar dos séculos, todos estes sons unificam-se lentamente, sendo resolvidos uns nos outros até que um dia, a sinfonia planetária que Sanat Kumara está compondo seja terminada, e nossa Terra fará então uma notável contribuição ao grande acorde do sistema solar - e isto é uma parte, intrínseca e real, da música das esferas. Então, como a Bíblia diz, os Filhos de Deus, os Logos planetários, cantarão juntos. Isto, meu irmão, será o resultado da respiração correta, do ritmo controlado e organizado, do verdadeiro pensamento puro e da relação correta entre todas as partes do coro.

Pense neste tema como um exercício de meditação, e ganhe inspiração com isto.

c. A Técnica da Indiferença

Em meus outros livros, dei muitas informações com relação ao corpo etérico e aos centros - principais e secundários - que se encontram dentro do seu raio. Há uma tendência entre os estudantes para identificar os centros com o corpo físico em seu pensamento, e não claramente com o corpo etérico. Isto tem a ver com a localização na maior parte dos casos, e é um erro. Os aspirantes devem evitar toda e qualquer concentração sobre o corpo físico, e aprender a mudar gradualmente o seu foco de atenção para o corpo etérico. O corpo físico é necessariamente ativo e poderoso, mas deve ser encarado progressivamente como um autômato, influenciado e dirigido:

1. Pelo corpo vital e as forças de maya; ou pela inspiração, emanando dos pontos de tensão espiritual.

2. Pelo veículo astral e as forças da miragem; ou pelo amor sentido e consciente, emanando da alma.

3. Pela mente e as forças da ilusão; ou pela iluminação, originando-se de fontes superiores à vida nos três mundos.

4. Pela alma, como o veículo da impressão monádica, até que o antahkarana seja construído - aquela ponte na matéria mental que vai eventualmente ligar a Mônada e a personalidade.

Um dos problemas que os discípulos têm que resolver, é a fonte de incentivos, impulsos, impressões ou inspiração que - via corpo etérico - impelem o corpo físico à atividade no plano físico, dando assim uma demonstração da qualidade, propósito e ponto de tensão do homem encarnado, e manifestando a natureza do homem como ele é em cada ponto da escala da evolução. A atividade dos centros depende das tensões e impulsos indicados. Vocês podem ver, portanto, como muito daquilo que ensino é o reverso dos procedimentos ocultistas usuais. Não ensino nenhum modo de despertar os centros porque o impulso correto, a reação persistente aos impulsos superiores, e o reconhecimento prático das fontes de inspiração vão levar os centros, de forma automática e segura, à atividade necessária e apropriada. Este é o método seguro de desenvolvimento. É mais lento, mas não redunda em um desenvolvimento prematuro, e produz um desabrochar equilibrado; ele capacita o aspirante a tornar-se realmente o Observador, e a saber com certeza o que ele está fazendo; ele traz os centros, um a um, a um ponto de capacidade de resposta espiritual, estabelecendo então o ciclo rítmico e ordenado de uma natureza inferior controlada. É bem verdade e possível que os exercícios de respiração acabem por encontrar o seu lugar no treinamento do discípulo, mas eles serão iniciados por conta própria, como resultado do viver rítmico, e um constante uso correto da Palavra Sagrada, o OM. Por exemplo, quando um discípulo em meditação pronuncia o OM sete vezes, isto é equivalente a um exercício de respiração; quando ele pode enviar a energia gerada desta forma nas asas de um pensamento planejado e consciente para um ou outro dos centros, ele está efetuando mudanças e reajustes dentro do mecanismo que lida com a força, e quando isto pode ser efetuado com facilidade e com a mente mantida num ponto de "tensão de pensamento-pleno", então o discípulo está bem encaminhado para mudar todo o seu foco de atenção do mundo da ilusão, miragem e maya, para o reino da alma, no mundo da “clara luz fria” e para o reino de Deus.

Quando ele também acrescenta a isto uma compreensão, e a prática da Técnica da Indiferença, ele fica livre, liberado, e é essencialmente, em todos os momentos, o Observador e o Utilizador do aparelho de manifestação.

O que é esta técnica? O que é indiferença? Será, meu irmão, que você entende o significado desta palavra "indiferença"? Quer dizer, em realidade, atingir uma atitude neutra com relação a tudo aquilo que é tido como o Não-eu; envolve o repúdio da similaridade; marca o reconhecimento de uma distinção básica; significa a recusa de ser identificado com qualquer coisa a não ser a realidade espiritual, na medida em que ela é sentida e conhecida em qualquer ponto no espaço e no tempo. É, portanto, uma coisa muito mais forte e vital do que geralmente se refere quando a palavra é usada. É um repúdio ativo sem nenhuma concentração naquilo que é repudiado. Esta é uma afirmação importante e merece a sua consideração cuidadosa. Está relacionada com o ponto de tensão a partir do qual o discípulo ou aspirante observador está trabalhando. O ponto de tensão torna-se a fonte de emanação de algum tipo de energia, e esta derrama-se no eu através do corpo etérico, sem ser afetada de forma alguma por maya, ou pela concentração de forças diversificadas das quais o corpo etérico é composto. A indiferença, tecnicamente compreendida, significa a descida direta de lá para cá, sem desvio ou distorção. A entidade manifestante, o discípulo, permanece firme e constante neste ponto de tensão, e seu primeiro passo é, portanto, certificar-se onde está, em que plano se encontra, e qual é a força da tensão da qual ele tem que depender. O próximo passo é descobrir se aquilo que ele procura transmitir ao corpo físico, e assim produzir efeitos no mundo exterior da experimentação e experiência, está distorcido por qualquer tipo de ilusão, impedido de se expressar pela miragem, ou possível de ser desviado por forças descontroladas e pela maya que estas produzem. Ele verifica isto, não pela sua identificação, em cada estágio da descida, com os empecilhos e possíveis obstruções, mas pela intensificação do seu ponto de tensão, pela constante lembrança da verdade que ele é o Self e não o não-eu, e por um processo de projeção; esta projeção é definida como o envio de energia, qualificada e reconhecida, do ponto de tensão, diretamente e sem desvio ao corpo vital, de onde ela pode achar seu caminho para os sete centros de controle.

É nesta altura que ele aplica a técnica da indiferença, porque se ele não o fizer, aquilo que ele está procurando expressar poderá ser retido e mantido pela força etérica ou pelos véus de maya. Ele opera consequentemente de um ponto de intensa concentração; ele recusa qualquer "apego" a qualquer forma ou plano, à medida que ele projeta a energia nos três mundos. Quando ele descobre qualquer impedimento ou desvio do progresso através da ilusão ativa, ou da miragem, ele se "desapega" conscientemente de tais contatos e se prepara para o estágio final de indiferença ou repúdio de todas as forças, exceto aquelas que ele - consciente e deliberadamente - está procurando usar no plano físico.

Em última análise, meu irmão, o ponto de tensão para o discípulo comum encontra-se nos níveis mentais, envolvendo a mente iluminada e um crescente contato com a alma:

a. Ele será capaz de "ver" então claramente à luz da alma, e com um sentido de valores desenvolvido; ele pode consequentemente dispersar a ilusão.

b. Ele será capaz de projetar luz, conscientemente, no plano astral e assim dissipar a miragem.

c. Ele será capaz de derramar a energia da luz através do corpo etérico, e ancorar a luz ou energia nos centros apropriados, porque haverá completa indiferença ou não identificação com maya.

No que tange ao iniciado, o processo é efetuado inicialmente de um ponto de tensão dentro da alma, e depois de um ponto de tensão na Tríade Espiritual. Em todos os casos, no entanto, uma vez dentro do círculo-não-se-passa dos três mundos, a energia condutora produz resultados como indicados neste livro,ocasionando:

1. A dispersão da ilusão.
2. A dissipação da miragem.
3. A superação de maya.

Tudo isto parece muito simples e fácil de realizar, à medida que o aspirante lê estas elucidações bastante simples de um processo difícil, mas isto é uma ilusão em si mesma. A muito antiga identificação com o lado forma da vida não é facilmente superada, e a tarefa diante do discípulo é longa e árdua, mas ela promete um sucesso final, contanto que haja pensamento claro, propósito firme e um trabalho científico planejado.

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