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PARTE UM
Quatorze Regras para Iniciação Grupal


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Parte Um
Quatorze Regras para Iniciação Grupal

REGRA SETE - A Palavra de Invocação

A Regra que é o tema de nossa consideração agora é de profundo significado e interesse esotérico; diz respeito à vida de Shamballa e aos propósitos do Grande Conselho. É também uma regra de rara beleza e extraordinárias implicações, e oferece-me a oportunidade de me estender sobre um assunto pouco conhecido ou compreendido por qualquer esoterista na maioria dos grupos esotéricos.

A razão para isto é que somente à medida que o novo ciclo se aproxima mais, como agora, é que o novo e pleno ensinamento, o horizonte grandemente alargado e a percepção tremendamente intensificada do observador e trabalhador espiritual se tornam possíveis e aparentes. Muito tem sido ensinado sobre os Mestres nos últimos cem anos, e como estamos considerando o assunto da iniciação e preparação para essa grande experiência de transição, é necessário conhecer-se alguma coisa da natureza Daqueles com Quem os discípulos têm de associar-se, e o tipo de mundo e de consciência em que Eles vivem, Se movem e têm Sua existência. A existência da Hierarquia é para alguns pensadores um fato estabelecido; a hipótese de que possa haver uma Hierarquia é largamente reconhecida. A informação a respeito de Seus graus, seus modos de trabalhar e seus objetivos é agora propriedade comum. Muita coisa já foi aceita e muita coisa provada por aqueles que acreditam neste ensinamento.

Antes de iniciar a discussão da Regra VII, porém, gostaria de passar alguns momentos estudando alguns dos efeitos deste crescente fundo de conhecimento, o qual se tornou possessão de muitos e não apenas de raros e discretos esoteristas e estudantes de ocultismo. Este ensinamento já penetrou na consciência das massas onde está provocando curiosidade, alívio e esperança, especulação e riso cínico, consciente esforço espiritual ou contínuo ridículo - de acordo com o tipo de mente, a sensibilidade à verdade ou a crassa credulidade de cada um. Porém, o conhecimento, a crença e esperança na existência de uma Hierarquia planetária hoje já fermentou toda a massa do pensamento humano de modo muito mais amplo e profundo do que talvez suspeitem mesmo os mais otimistas. Nisto reside a esperança do mundo, e aqui encontra-se um campo fértil para o trabalho espiritual durante as próximas décadas. Para isto os discípulos precisam preparar-se.

As regras por meio das quais a Hierarquia pode ser alcançada já são bem conhecidas pelos aspirantes mundiais; elas precisam tornar-se igualmente conhecidas pela pessoa comum. Os objetivos do trabalho hierárquico precisam ser enfatizados e revelada a natureza do plano divino de modo que o propósito e a meta possam ser apresentados à humanidade. A síntese da cadeia de Existências hierárquicas - desde o pequenino átomo da matéria até, inclusive o Próprio Senhor da Vida - precisa ser revelada; a essencial interdependência espiritual de tudo e todos e a inter-relação de cada unidade de vida divina precisam ser provadas. Isto levará, afinal, àquela estabelecida unidade de esforço que se expressará na fusão do quarto e do quinto reinos da natureza, e ao estabelecimento daquela fraternidade que constituirá o germe ou a semente da próxima manifestação da Hierarquia como o Coração de Deus (diretamente relacionado ao Coração do Sol) em expressão física. Esta é necessariamente uma frase ambígua, porém é a expressão mais próxima do propósito hierárquico que eu consigo empregar.

O campo todo do mundo - referindo-me com esta expressão a todos os reinos da natureza em unificado relacionamento interno e externo - será o meio de reconhecida experiência espiritual e também o campo de expressão de certas qualidades e aspectos divinos que até agora têm estado em latência. O quê essas qualidades são, quais aspectos divinos estão aguardando a precipitação, e quais os propósitos divinos ainda latentes nesse campo expectante, não posso ainda revelar ou sequer indicar. O tempo ainda não é chegado.

Uma grande transformação em todos os reinos da natureza tem caracterizado esta época e geração. Uma estupenda destruição de todas as formas da vida divina em todos os reinos tem sido a nota marcante desta transformação. Nossa moderna civilização sofreu um golpe mortal do qual jamais se recuperará, mas que será reconhecido algum dia como “o golpe de libertação” e como um sinal de algo melhor, novo e mais adequado para o aparecimento do espírito em evolução. Grandes e penetrantes energias e suas forças evocadas encontram-se num conflito que - falando figurativamente - elevou ao céu o reino mineral e do céu fez descer fogo. Estou falando de fato e não apenas simbolicamente. Os corpos de homens, mulheres e crianças, assim como os dos animais foram destruídos; as formas do reino vegetal e as potências do reino mineral foram desintegradas, distribuídas e devastadas. A coesão da vida de todas as formas planetárias foi temporariamente rompida. Segundo uma antiga profecia: “Nenhum verdadeiro Som unificado ressoa de uma forma a outra, de uma vida a outra. Somente um grito de dor, um clamor pela restituição e uma invocação por alívio da agonia, desespero e esforço inútil ecoa daqui para Lá”.

Toda esta sublevação do “solo" do mundo - espiritual, psicológico e físico - toda esta ruptura das formas e dos contornos familiares de nossa vida planetária tinha que acontecer antes que fosse possível a emergência da Hierarquia na consciência pública; tudo isto tinha que realizar seu trabalho sobre as almas dos homens antes que a Nova Era pudesse entrar, trazendo consigo a Restauração dos Mistérios, e a reabilitação dos povos da terra. Os dois andam juntos. Este é um dos principais pontos que estou procurando esclarecer. A ruptura, desintegração e as condições completamente caóticas existentes durante os últimos quinhentos anos em todos os reinos da natureza finalmente encontraram um paralelo nas condições físicas. Isto é bom e desejável; marca o prelúdio da construção de um mundo melhor, a construção de formas de vida mais adequadas e de atitudes humanas mais corretas, além de uma mais equilibrada orientação para a realidade. O melhor ainda está por vir.

Tudo está sendo rapidamente trazido à superfície - o bom e o mau, o desejável e o indesejável, o passado e o futuro, pois os dois são um; o arado de Deus está prestes a terminar seu trabalho; a espada do espírito separou um malévolo passado de um futuro radiante e ambos são vistos como cooperadores ao Olho de Deus; ver-se-á nossa materialista civilização dar lugar rapidamente a uma cultura mais espiritual; nossas organizações religiosas, com suas limitadoras e confusas teologias, em breve darão lugar à Hierarquia, com seu emergente ensinamento - claro, factual, intuitivo e não-dogmático.

A Hierarquia foi invocada e seus Membros estão prontos para um grande “ato de evocação”, de resposta ao invocativo som da humanidade e de um definido, embora relativamente temporário, “ato de orientação”, isto forçará a Hierarquia, por sua livre vontade, a se voltar para um novo e mais íntimo tipo de relação com a humanidade. Este período de orientação terminará quando uma poderosa e terrena Hierarquia dominar a terra efetiva, externa e realmente em todos os reinos da natureza e assim produzindo (na verdade) a expressão do Plano divino. Este plano é implementado por meio dos Membros mais velhos da Hierarquia, os Quais invocam as “Luzes que executam a Vontade de Deus"; Eles Próprios são invocados pelos Portadores da Luz, os Mestres; Estes, por sua vez, são invocados pelos aspirantes e discípulos mundiais. Assim é a cadeia da Hierarquia - apenas uma linha de vida, ao longo da qual viajam o amor e a vida de Deus, de Deus para nós e de nós para Ele.

Este pensamento dual de relacionamento entre a Humanidade e a Hierarquia, e entre a Hierarquia e o Centro maior, Shamballa, está perfeitamente descrito na Regra VII, em suas duas formas - para solicitantes, e para discípulos e iniciados.

Regra VII.

Para solicitantes: Que o discípulo volte sua atenção para o enunciado daqueles sons que ecoam na Câmara onde caminha o Mestre. Que ele não entoe as notas menores que despertam vibrações dentro das Câmaras de Maya.

Para discípulos e iniciados: Que a vida grupal emita a Palavra de invocação e assim evoque resposta dentro daqueles distantes Ashrams onde se movem os Chohans da raça dos homens. Eles não mais são homens como os Mestres, mas tendo ultrapassado essa etapa menor, ligaram-Se com o Grande Conselho no mais elevado Sagrado Lugar. Que o grupo emita um acorde dual, reverberando nas câmaras onde se movem os Mestres mas encontrando pausa e prolongamento dentro daquelas radiantes câmaras onde se movem as “Luzes que executam a Vontade de Deus”.

De real importância, embora relativamente pequenos, são dois contrastes que emergem claramente, se compararmos as instruções dadas aos discípulos e as dadas aos iniciados. Fala-se ao solicitante individualmente e lhe é dito que emita “aqueles sons” que serão ouvidos pelo Mestre no Seu Ashram - este é o verdadeiro significado das palavras. O iniciado funciona sempre em grupo e já desenvolveu ou está rapidamente desenvolvendo a consciência grupal. Em uníssono com seu grupo e como sua integral parte consciente é que a Palavra tem de ser enunciada, a Qual não é uma mistura de sons, mas uma clara Palavra de invocação.

É preciso lembrar que o discípulo está ocupado em resolver na Palavra os muitos sons. Quando ele consegue isto, sua abordagem à realidade termina, e ele começa a agir com seu grupo onde toda atividade está envolvida. Este é um ponto de grande importância a ser compreendido pelo mais novo tipo de discípulo. No passado, a ênfase recaía sobre o quê o iniciado tinha de fazer para adequar-se para a iniciação e assim, tornar-se um Mestre de Sabedoria e um membro da Hierarquia planetária. No próximo novo ciclo, a ênfase será sobre o trabalho e atividade grupais, sobre iniciação grupal e abordagem grupal ao Centro da Vida. O modo de vida requerido e as necessárias eliminações e ajustamentos são agora tão bem conhecidos (pelo menos teoricamente) que já deverão ter descido abaixo do limiar da consciência e consequentemente se tornado automáticos em seus efeitos.

Isto deve servir também como um constante incentivo ao pensamento, o que fará do iniciado aquilo que ele deve ser porque sua mente consciente está livre para funcionar em sintonia grupal. Este é um conceito que precisa ser continuamente cultivado, pois “Como o homem pensa, assim ele é”. A mente inferior deve ser o órgão de expressão do coração e fica tão inconsciente em seu funcionamento quanto é o ritmo do próprio coração físico. A mente superior está destinada a tornar-se progressivamente o campo do esforço do iniciado, e por isso a constante necessidade de que ele construa o antahkarana.

Nesta Regra, portanto, nós estamos lidando com o trabalho a ser realizado por um grupo de discípulos aceitos e iniciados; eles estão aprendendo juntos a se aproximarem de Shamballa (envolvendo o elemento Vontade). Esta é tanto a meta da Hierarquia quanto a aproximação à Hierarquia é a meta da humanidade avançada. Isto diz respeito à inter-relação de grandes centros de força. Este é um ponto que os estudantes devem procurar assimilar porque ele completa a cadeia planetária da Hierarquia e lança uma luz sobre o Caminho da Evolução Superior.

Grandes movimentos e progressões sempre tiveram lugar no lado subjetivo da vida. São estas atividades subjetivas que tornam difícil aos discípulos assimilar a verdade e chegar a alguma verdadeira compreensão da situação subjetiva que sempre existe entre a Hierarquia e Shamballa. As energias em questão são tão sutis, e os Seres envolvidos são tão adiantados e tão altamente desenvolvidos - mesmo sob o ângulo do iniciado de terceiro grau - que é quase impossível enunciar os ensinamentos que estou procurando transmitir numa linguagem que os torne compreensíveis. Tudo que posso fazer é descrever certos fatos que, sob o ângulo daqueles a quem eu ensino, não são verificáveis. Eles têm de ser aceitos em confiança e com a reserva que o tempo e o ponto de vista do discípulo individual provarão sua verdade ou não.

O objetivo de todo treinamento dado ao discípulo é transferir sua percepção consciente do ponto onde ele está para níveis superiores aos dos três mundos da evolução definidamente humana. A intenção é ensiná-lo a funcionar naqueles planos de contato consciente que são ainda tão subjetivos que ele somente aceita sua existência em teoria. O iniciado treinado sabe que eles têm de tornar-se seu habitat natural, e que afinal têm de relegar a experiência humana normal aos três mundos de expressão diária. Estes, finalmente, tornam-se os mundos que existem abaixo do limiar da consciência; eles são relegados ao mundo do subconsciente - conscientemente recuperáveis, se necessário para o correto serviço da humanidade, mas tão abaixo do limiar da consciência quanto estão as reações emocionais corriqueiras do homem comum. Estas podem ser sempre recuperadas, como a psicanálise tem demonstrado, e podem tornar-se capazes de expressão e de formulação em conceitos condicionantes - assim acionando a percepção mental se julgadas de importância.

Porém, é preciso ter em mente que a maior parte da vida emocional do discípulo precisa tornar-se crescentemente mais subconsciente, assim como a vida do plano físico de um ser humano normal e saudável é inteiramente automática e, pois, subconsciente. Quando o discípulo tiver lutado para expandir a consciência, quando tiver aprendido a estabilizá-la na Tríade Espiritual, ele então torna-se parte de um grande e constante esforço hierárquico que luta para subir na direção do “Lugar de Clara Luz Elétrica", para o qual a clara luz fria da razão é a primeira chave que abre a primeira porta.

Figurativamente falando, há três portais para Shamballa:

1. Há o portal da razão, da pura percepção da verdade. Cristo deu a chave para este ensinamento quando disse. “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida". Nós conhecemos bastante desse Caminho, porque sobre o Caminho uma grande quantidade de ensinamento tem sido dada, ensinamento esse que, quando seguido, traz o homem para a Hierarquia. Ele torna-se então uma parte de fato dessa organização. Sobre aquela Verdade nós, como aspirantes, sabemos relativamente muito pouco. A Verdade - como nós a entendemos durante todo o percurso do Caminho do Discipulado - está relacionada com grandes verdades que são (sob a visão dos Iluminados) apenas o a, b, c da vida. Essas verdades são:

A manifestação da divindade no plano físico.
A doutrina dos Avatares, que a história das religiões revela.
A natureza da consciência, através do desenvolvimento da psicologia.
A doutrina da Trindade, expressando-se por meio de aspectos e atributos.

Ver-se-á que estas quatro expressões da verdade transmitem todo conhecimento com que o iniciado deve estar equipado quando ele escala o Monte da Transfiguração na terceira iniciação. Elas deram-lhe uma percepção espiritual do Plano.

A respeito daquela Vida nós nada sabemos. A contemplação de seu significado pertence Àqueles Que podem circular livremente dentro dos “precintos do Senhor da Vida” - a própria Shamballa. Tudo que sabemos sobre ela se encontra no seu nível inferior, o qual nos permite estudar o impulso ou instinto que habilita todas as formas de vida a funcionar, que incorpora os princípios da capacidade de resposta aos contatos e ao ambiente, e que incorpora a si mesma no sopro da vida. Está também de certa e misteriosa maneira relacionada ao ar e também ao fogo. Seria inútil dizer mais alguma sobre isto.

2. Há também o portal da vontade. Este é um penetrante poder que relaciona o Plano ao Propósito e que tem em si a faculdade de persistência coerente. A razão para esta persistência é que ela não é dependente do conteúdo da forma - seja ela a forma de um átomo, de um homem ou de um planeta - mas sim de um propósito vital, dinâmico e imutável, latente na consciência do Ser planetário Que, “tendo permeado todo o universo com um fragmento de Si Mesmo”, PERMANECE - maior, mais inescrutável e “mais firme em intento” do que qualquer uma de suas criações, mesmo a mais avançada e próxima a Ele. Somente aqueles que não pertencem à nossa humanidade terrena é que têm uma percepção clara do Seu propósito divino. Estas são as Vidas Que O acompanharam quando Ele veio para este planeta, e Que permanecem com Ele como “os prisioneiros de intenção amorosa” até que “o cansado peregrino tenha encontrado seu caminho para casa".

Esta vontade espiritual é algo totalmente desconhecido para a humanidade. Está escondida e velada pela própria vontade individual e pela vontade grupal da alma. O ser humano move-se através destas duas experiências até que sua vontade individual esteja desenvolvida e estabelecida, focalizada e reorientada, e sua vontade grupal esteja desenvolvida de modo que ela inclua e abarque a dedicada, consciente vontade individual. Quando esta fusão acontece (na terceira iniciação), uma grande revelação se desdobra, e pela primeira vez, o iniciado pressente e então contata a vontade universal; a partir deste momento, o iniciado diz, “Pai, faça-se a Tua vontade, e não a minha”. Alguma coisa do que esta vontade inclui talvez surja, à medida que estudemos esta sétima regra e algumas das seguintes.

3. Não encontro palavras para expressar a natureza do terceiro portal. Na falta de um termo melhor, chamemo-lo o portal do sentido monádico de dualidade essencial. Corpo e vida, alma e personalidade, a Tríade Espiritual e sua expressão, o Cristo em encarnação - todas estas dualidades fizeram a sua parte. O homem passou de uma expansão de consciência a outra. Agora, ele chega à dualidade final de espírito e matéria antes da sua resolução em algo que de modo vago e pouco adequado chamamos “unidade isolada” e “síntese universal”. Para o desenvolvimento deste sistema de identificação é que estão focalizando todos os Seus esforços o iniciado do grau de Mestre de Sabedoria e também - numa volta mais alta da espiral - do grau do Cristo. Até a quarta iniciação, o termo “sistema de expansões” pareceria iluminador; depois dessa grande iniciação, o termo “sistema de identificação” pareceria mais apropriado.

Quando o iniciado passou por estas três portas, falando simbolicamente, ele então se depara com toda vida, todos os acontecimentos, todas as predeterminações, toda sabedoria, toda atividade e tudo que o futuro possa conter de serviço e progresso sob o ângulo da razão pura (infalível e imutável), da verdadeira vontade espiritual, completamente identificada com o propósito do Logos planetário, e da relação mais altamente focalizada possível. O mistério do relacionamento lhe é revelado. Então, todo o esquema da evolução e da intenção Daquele em Quem vivemos, nos movemos e temos o nosso ser torna-se-lhe claro. Ele nada mais tem a aprender dentro deste esquema planetário. Ele torna-se universal em sua atitude diante de todas as formas de vida, e está também identificado com a “unidade isolada” de Sanat Kumara. Poucas das grandes Vidas Que formam o grupo interno da Câmara do Conselho de Shamballa são agora de desenvolvimento maior do que o dele. “Os Três Celestiais”, os “Sete Radiantes”, as “Vidas que incorporam os quarenta e nove Fogos”, os “Budas de Atividade”, e certos “Espíritos Eternos” de centros de vida espiritual dinâmica como Sirius ou de constelações que em dado momento formam um triângulo com o nosso Sol e Sirius, e um Representante de Vênus são muitíssimo mais avançados. Por outro lado, todos os iniciados do sexto grau, e alguns Mestres Que se submeteram a um treinamento especializado porque são do primeiro Raio da Vontade ou poder (o raio que condiciona a própria Shamballa), formam parte do Grande Conselho. Muitos Mestres e Chohans, porém, depois de servir no planeta de muitos modos, trabalhando com a Lei da Evolução, passam para além da nossa vida planetária.

Toda esta informação a respeito de Vidas tão mais à frente dos discípulos mundiais tem pouca importância para vocês, a não ser pelo fato de que ela cai num modelo diagramático de nossa vida planetária e propósito e permite que vocês tenham um vislumbre de um sintético tema e propósito a que todas as vidas em evolução devem eventualmente adaptar-se.

É preciso ter em mente que o grande tema da LUZ subjaz a todo o propósito planetário. A plena expressão da perfeita LUZ, compreendida de modo ocultista, é o oniabarcante propósito de vida de nosso Logos planetário. Luz é a grande e obsedante empreendimento nos três mundos da evolução humana; em toda parte a luz do sol é essencial para uma vida sadia. Podemos fazer uma ideia do anseio humano por luz se considerarmos a claridade da luz fisicamente criada em que vivemos quando chega a noite, comparado com o modo de iluminar as ruas e casas antes da descoberta do gás e mais tarde da eletricidade. A luz do conhecimento, como recompensa dos processos educacionais, é o incentivo por trás de nossas grandes escolas em todo mundo e é a meta de grande parte de nossa organização mundial; a terminologia da luz controla até mesmo nossa medição de tempo. O mistério da eletricidade está revelando-se gradualmente diante de nossos olhos extasiados e a natureza elétrica do homem está sendo lentamente comprovada e, mais tarde, será demonstrado que toda a estrutura e forma humanas são primariamente compostas de átomos de luz, e que a luz na cabeça, tão familiar aos esoteristas, não é ficção ou criação de uma imaginação alucinada, mas sim definidamente provocada pela junção ou fusão da luz inerente à substância e a luz da alma.

Veremos que isto poderá vir a ser comprovado cientificamente. Veremos também que a própria alma é luz e que a Hierarquia é um grande centro de luz, levando a simbologia da luz a governar nosso pensamento, nossa aproximação a Deus e permitindo-nos compreender um pouco o significado das palavras do Cristo, “Eu sou a Luz do mundo”. Estas palavras fazem sentido para todos os verdadeiros discípulos e lhes oferecem um objetivo análogo que eles definem para si mesmos como encontrar a luz, apropriar-se da luz e tornarem-se eles mesmos os portadores da luz. O tema da luz percorre todas as escrituras mundiais; a ideia da iluminação condiciona todo treinamento dado aos jovens do mundo (não importa quão limitada seja esta ideia), e o pensamento de mais luz governa os mais primitivos anelos do espírito humano.

Nós ainda não levamos o conceito até o Centro de Vida, onde habita o Ancião dos Dias, o Senhor do Mundo, Sanat Kumara, Melquizedeque - Deus. Contudo, desse Centro jorra o que pode ser chamado a Luz da Vida, a Luz Supernal. Estas são palavras vazias por enquanto até que saibamos, como iniciados treinados, que luz é um sintoma e uma expressão de Vida, e que essencialmente, ocultamente e do modo mais misterioso os termos Luz e Vida são intercambiáveis dentro dos limites do círculo-não-se-passa planetário. Além desses limites - quem sabe - a Luz pode ser vista como um sintoma, uma reação ao encontro e consequentemente fusão de espírito e matéria.

Portanto, onde esse grande ponto de fusão e de crise solar - pois isto é o que ele é, mesmo quando produzindo uma crise planetária - aparece no tempo e espaço, também a luz aparece imediatamente e com tal intensidade que somente aqueles que conhecem a luz da alma, e que são capazes de suportar a luz hierárquica podem ser treinados para penetrar e formar parte da luz de Shamballa e caminhar naqueles “radiantes vestíbulos onde se movem as Luzes que executam a Vontade de Deus”.

Para tornar este conceito um pouco mais claro podemos dizer que, somente quando a vontade da personalidade e a vontade da alma se juntam evocadas pelo amor, é que a luz da alma domina a luz material da personalidade. Esta é uma afirmação importante. Somente quando a vontade da Mônada e a vontade da Hierarquia de almas se encontram e fundem nos níveis superiores pode a radiante luz da Vida dominar as luzes mescladas da Humanidade e da Hierarquia. Essa fusão e junção grupais já pode ser vista tenuemente tendo lugar.

É também o primeiro toque do esplendor de Shamballa que está trazendo a revelação universal do mal, um esplendor que está agora produzindo a inquietação mundial e que provocou o enfileiramento do bem e do mal. Este toque de esplendor é o fator condicionante por trás daquilo que é chamado o planejamento pós-guerra e as ideias de reconstrução mundial que estão dominando o melhor do pensamento humano nesta época.

Deveria ser levado cuidadosamente em conta que o mal cósmico ou a fonte do mal planetário está muito mais próximo de Shamballa que da Humanidade. Lá as Grandes Vidas movem-se inteiramente livres da miragem; Sua visão é de extrema simplicidade; Elas preocupam-se somente com a grande e simples dualidade de espírito e matéria, e não com as muitas formas que os dois trazem à vida. A dominação do espírito e de seu reflexo, a alma, pela matéria é que constitui o mal, e isto é verdadeiro seja a afirmação aplicada ao desenvolvimento do indivíduo ou do grupo. As “Luzes que executam a vontade de Deus” movem-se livres da fascinação do mal. A Luz em que Elas se movem protege-As, e Seu Próprio inerente brilho repele o mal. Elas “movem-se lado a lado com o mal ao qual todas as formas menores estão sujeitas”. Elas são parte de um grande Grupo que “avança no tempo e espaço”, seus membros observam a grande guerra e conflito que prossegue na Terra entre as Forças da Luz e as Forças do Mal. Eles soltaram sobre a Terra as Forças da Luz, enquanto que as Forças do Mal são inerentes à própria matéria da qual todas as múltiplas formas de vida são construídas.

Atualmente, o trabalho do Grande Conselho em Shamballa - que até agora trabalhou através da Hierarquia - é com a vida dentro da forma. Eles têm de agir com a máxima cautela nesse trabalho, porque essas Luzes sabem que o perigo de contato direto com a humanidade e a consequente superestimulação é grande. Uma das causas do atual cataclismo é o fato de que a humanidade foi considerada capaz de receber um “toque de Shamballa” sem que ele passasse através da Hierarquia, como fora o costume até então.

A determinação de aplicar este toque de natureza experimental foi tomada em 1825 quando o Grande Conselho se reuniu no encontro que se realiza a cada século. Os resultados são conhecidos, pois eles estão acontecendo diante dos nossos olhos. O movimento industrial começou a tomar forma há cem anos e recebeu um grande impulso com este toque. O mal nas nações - agressão, cobiça, intolerância e ódio - foi despertado como nunca o fora antes e duas guerras mundiais ocorreram, uma das quais ainda continua (escrito em outubro de 1943). Paralelamente a isto, houve o crescimento do bem, também em resposta ao “toque” divino, resultando no crescimento da compreensão, na expansão do idealismo, na purificação de nossos sistemas educacionais e na inauguração de reformas em todos os departamentos da vida humana. Tudo tem sido acelerado e pouco crescimento assim foi visto em escala mundial antes de 1825. O conhecimento da existência da Hierarquia também se espalhou pela terra; os fatos sobre o discipulado e a iniciação estão-se tornando propriedade comum; consequentemente avançaram para uma medida maior de luz. O bem e o mal revelam-se mais claramente; a luz e a escuridão estão mais brilhantemente justapostas; aspectos do bem e do mal estão aparecendo claramente definidos, e a humanidade como um todo vê os grandes problemas de justiça e amor, de pecado e separatividade numa escala mundial.

A velha era e a entrante nova era, velhos ritmos de pensamento e novas abordagens à verdade e consequentes novos e melhores modos de vida são apresentados com clareza às mentes dos homens. A garantia do sucesso do experimento iniciado há mais de um século é o fato de que, apesar de muita coisa indesejável, tantas nações cerraram fileiras ao lado do bem, e apenas duas definida e completamente ao lado do mal. O mal está mais concentrado, e portanto, temporariamente mais potente no plano físico. O bem está mais difuso e não tão puro na sua concentrada essência, uma vez que está colorido por muitos aspectos indesejáveis; contudo, o bem está concentrando-se rapidamente e triunfará. As “Luzes que realizam o trabalho de Deus” aguardaram agora para dar um outro “toque” que permitirá que o trabalho de reconstrução avance segundo linhas corretas, mas Eles aguardam pelo clamor invocativo da humanidade e que a poeira da batalha e do conflito se desvaneça.

As duas regras seguintes revelarão as coisas ainda mais claramente e descreverão para vocês - quando melhor entendidos, explicados e desenvolvidos - os processos e métodos do trabalho hierárquico levado avante em conjunção com o Grande Conselho de Shamballa. A isto é preciso somar-se a corporação - tanto quanto possível - de todos os homens iluminados, trabalhando sob os Portadores da Luz, os Mestres, e sob a inspiração das Luzes que realizam a vontade de Deus.

Em tudo que disse tentei dar-lhes uma pálida ideia da relação existente entre a Hierarquia e Shamballa. Fiz isto para que vocês captassem um pouco da síntese que subjaz a toda vida planetária; também para que esta regra para iniciados pudesse ser interpretada, tanto quanto possível, pela consciência do não-iniciado; e finalmente, para que todo o conceito de Shamballa e seu imenso reservatório de energia a que nós chamamos a vontade ou a vida de Deus, possa ocupar seu devido lugar na apresentação ocultista da verdade. A vontade de Deus e a vida de Deus são, esotericamente, termos sinônimos, e quando o aspecto vida de um indivíduo e sua inegoísta vontade espiritual estão completamente sincronizados, então temos - em um ser humano - a plena expressão da divindade ou o que tem sido chamado esotericamente, “Shamballa está consumada nele”.

Isto, é claro, é apenas relativo, mas a expressão desta relação pode elucidar um pouco o problema, e o aspirante ou discípulo precisam lembrar-se que é somente através de analogias existentes entre o microcosmo e o Macrocosmo que o esclarecimento pode chegar. E como, pergunto eu, compreenderá ele a relação existente entre os três grandes centros planetários (Shamballa, a Hierarquia e Humanidade) quando por enquanto ele mal se conhece a si mesmo como ser humano? Como pode ele compreender estas avançadas verdades fundamentais quando ele está apenas começando a aprender a natureza da qualidade hierárquica do amor e quando sua vontade espiritual (que o vincula a Shamballa) está ainda totalmente adormecida? E quero dizer totalmente. Porém, o indistinto contorno do quadro geral precisa ser apreendido, e cada década no futuro verá o aspirante e o discípulo cada vez mais aptos a apreendê-lo.

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